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Finanças Pessoais

Japoneses e as finanças: como o país sede dos jogos olímpicos lida com o dinheiro

Eles são culturalmente poupadores e têm métodos próprios para economizar

Data de publicação:02/08/2021 às 05:00 -
Atualizado um ano atrás
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Os olhos do mundo estão voltados para o Japão, sede das Olímpiadas de 2020 que, por conta da pandemia de covid-19, está sendo realizada agora, em 2021. A organização e o desempenho dos japoneses nas diferentes modalidades dos jogos têm ganhado os holofotes.

Mas, não é só com os esportes que o país asiático se destaca. Há outros traços culturais que chamam a atenção. Os japoneses são um dos povos que mais poupa dinheiro no mundo, além de serem organizados com as finanças pessoais. Especialista explica que o Japão se diferencia bastante do Brasil e, inclusive, de nações reconhecidas pelo exuberância de seus mercados financeiros, como os Estados Unidos, quanto às lidas com o dinheiro.

japoneses
Centro comercial no Japão

"Enquanto o Japão tem o hábito de poupar, a maior referência do mercado financeiro no mundo, os Estados Unidos, tem a população mais consumista do mundo, com índices altíssimos de endividamento. Já o Brasil está começando agora a aprender a investir para se proteger da inflação", considera Rogério Mauad, professor de Mercados Financeiros e Finanças Corporativas do Ibmec São Paulo.

Por ter passado por períodos de guerra, crises e muitos desastres ambientais com forte escassez de dinheiro e recursos básicos, os japoneses mais velhos desenvolveram esse hábito de poupar. Há até um termo que reflete a aversão do país ao desperdício. "Mottainai" é uma expressão popular japonesa que apresenta duas ideias principais: economizar no que diz respeito ao uso dos recursos e minimizar o desperdício.

O professor explica que, historicamente, os japoneses economizam boa parte do salário para garantir uma velhice mais tranquila. Reflexo dos períodos difíceis.

Considerando, ainda, que o Japão é o país com a maior população idosa do planeta - segundo dados do governo japonês, em 2019, 28,4% das pessoas lá tinham mais de 65 anos -, a filosofia poupadora ainda se faz muito presente.

Como os japoneses cuidam do dinheiro

Desde os anos 2000, a taxa de juros no Japão não sobe além do zero. Menos que isso. Hoje, o juro dos títulos públicos no país é de -0,1%. Ou seja, na prática, é como se o investidor tivesse de pagar para deixar o dinheiro parado. No entanto, essa ainda é a escolha de muitas pessoas.

De acordo com Mauad, o dinheiro que os japoneses poupam praticamente não rende. A ideia é, realmente, apenas manter guardado.

Essa foi a realidade, inclusive, de muitas empresas japonesas até 2018. Neste período, a economia japonesa, que é a terceira maior do mundo, crescia cerca de 1,7% ao ano, com base em dados do banco Merrill Lynch. Esse foi o maior crescimento desde o período pós-guerra.

O valor poupado em caixa pelas companhias era tão alto, na época, que estas foram incentivadas a investir em salários maiores e outras questões para aumentar, ainda mais, a produtividade e, assim, estimular a economia do país.

Mas se engana quem pensa que o destino de todo o dinheiro que sobra no orçamento dos japoneses fica guardado. O Japão tem uma das maiores bolsas do mundo (a bolsa de valores de Tóquio), com um hábito forte entre a população de investir certa parte de sua receita em renda variável.

"O Japão é um país de grandes corporações e elas estão na bolsa. O mercado de ações lá é bastante movimentado", afirma o professor do Ibmec.

Assim, a forma que os japoneses lidam com suas finanças pessoais apresenta um certo equilíbrio entre poupar para emergências ou a própria velhice, ao mesmo tempo em que há uma tolerância a riscos para os investimentos buscando um rendimento maior pela cultura das grandes companhias do país, que oferecem confiabilidade.

Método Kakebo

Os japoneses não só são historicamente poupadores como também desenvolveram métodos para economizar dinheiro ao longo dos anos. O Kakebo foi desenvolvido no século 19 por Hani Motoko, considerada a primeira mulher jornalista do Japão, como forma de auxiliar as donas de casa japonesas a terem controle sobre o dinheiro da casa.

Na tradução literal, Kakebo significa livro de contas domésticas. Entretanto, o método se expandiu e, até hoje, milhares de pessoas o utilizam para conseguir guardar boa parte do salário. O objetivo com essa fórmula é focar no quanto cada pessoa quer economizar no mês e não a quantia que sobra depois de todas as contas já estarem pagas.

O método consiste basicamente em agrupar algumas informações financeiras em tabelas num caderno - seja ele físico ou virtual - para analisar receitas e gastos. Essas informações se dividem em alguns passos.

Como usar o Kakebo

  • Categorizar as despesas

No Kakebo, o registro das despesas é feito, diária ou semanalmente, em categorias. A ideia é fornecer uma visualização ampla sobre todos os gastos, promovendo um controle financeiro simples. Para manter os registros simplificados, inclusive, a recomendação de Hani é usar poucas categorias.

Geralmente, quem utiliza o método adota quatro categorias principais: sobrevivência, cultura e lazer, extras e imprevistos.

  • Definir as prioridades

Quando a categorização das despesas é feita, se torna mais fácil analisar tudo aquilo que é prioridade para cada um dentro do orçamento e o que pode ser cortado dos gastos mensais.

  • Analisar o destino do dinheiro

Enquanto se analisa as prioridades com o orçamento disponível, também fica mais fácil observar o destino do dinheiro mês a mês. O método diz que quatro perguntas devem ser respondidas no momento da análise: quanto dinheiro foi economizado, que quantia a pessoa está almejando economizar, quanto dinheiro foi gasto e o que pode ser mudado no mês seguinte para melhorar.

  • Criar metas de economia

O último passo do Kakebo é, depois de ter analisado todos as despesas, criar metas de economia para o mês seguinte, seja um valor específico ou uma porcentagem da renda. Assim, no período seguinte, os gastos se orientarão por essas metas.

O processo deve estar presente na vida financeira de forma a se repetir mês a mês.

Sobre o autor
Bruna Miato
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