Ibovespa cai 2,55%, a 108,9 mil pontos, e tem leve alta de 0,10% na semana
Na ausência de fatos novos, mercado foi influenciado pela fala de Fernando Haddad na Febraban
O Ibovespa quase devolveu a alta de 2,75% de ontem ao fechar esta sexta-feira, 25, em queda de 2,55%, aos 108.976,70 pontos, colocando a recuperação ensaiada na semana a apenas 0,10%, após perdas de 3,01% e de 5,00%, respectivamente, nos dois períodos anteriores. Em sessão com fechamento antecipado das bolsas de Nova York como é de costume na Black Friday, o Ibovespa continuou a mostrar volume enfraquecido, como ontem, quando os mercados de lá ficaram fechados no feriado de Ação de Graças.
Hoje, assim como na sessão anterior, a referência da B3 voltou a tocar a máxima do dia na casa dos 112 mil pontos (112.025,47 pontos), oscilando para os 108.551,96 na mínima, uma variação de quase 3,5 mil pontos entre os polos da sessão, em que saiu de abertura aos 111.831,16 pontos. O giro financeiro ficou em R$ 20,2 bilhões nesta sexta-feira, pouco acima dos R$ 18,0 bilhões da sessão de ontem. No mês, o Ibovespa perde 6,08%, limitando os ganhos do ano a 3,96%.
Vale (ON -0,68%) e siderurgia (Gerdau PN -0,94%) devolveram alta que contribuía para moderar perda do Ibovespa na sessão, mais cedo. Ao se firmarem no negativo, tiraram sustentação do índice, pressionado pelo desempenho de Petrobras (ON -2,24%, PN -1,61%) e dos grandes bancos (Itaú PN -3,53%, Unit do Santander -2,77%, BB ON -2,31%, Bradesco PN -1,85%). Após uma quinta-feira em que todas as ações do Ibovespa fecharam em alta, hoje apenas CSN (ON +0,81%) conseguiu escapulir da correção. Na ponta perdedora, destaque nesta sexta-feira para Qualicorp (-8,39%), CVC (-6,85%), Via (-6,28%), Renner (-6,26%), Natura (-5,99%) e Sul América (-5,82%).
Até início da tarde, Ibovespa caía cerca de 1%
Até o começo da tarde, o Ibovespa mostrava baixa de cerca de 1% em sessão de variações modestas, sem sinal único, em Nova York. A piora do índice da B3 se impôs após a conclusão da participação de Fernando Haddad - nome que tem ganhado força nas bolsas de apostas para o comando da Economia a partir de 2023 - em almoço anual promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que havia convidado o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em recuperação de uma cirurgia na garganta, Lula designou Haddad para representá-lo no evento, a que esteve presente também o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
"Na falta de fatos novos (para direcionar os negócios), e com volume ainda muito fraco, o mercado se agarrou ao que Haddad disse - e também ao que ele não disse - na Febraban. Falou em reconfigurar o orçamento, em momento em que ainda não se tem definição sobre regra fiscal e em que a PEC da Transição segue como uma questão em aberto", diz Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, referindo-se aos sinais de que o próximo governo pretende ampliar despesas públicas.
Por sua vez, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) protocolou PEC que amplia em apenas R$ 80 bilhões o limite de gastos para 2023. Considerada uma alternativa à proposta que vem sendo discutida pelo governo eleito, a "PEC da Sustentabilidade Social" já recebeu 20 assinaturas, segundo apurou o Broadcast. A proposta precisa de 27 signatários para começar a tramitar.
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou hoje que o governo eleito irá insistir na política para aprovar a PEC da Transição, descartando um plano B. "Queremos insistir no caminho da política", disse Gleisi em conversa com jornalistas após reunião com o presidente eleito sobre a PEC. Ela afirmou também que Lula ficará a próxima semana em Brasília para encaminhar o texto. Segundo Gleisi, o presidente eleito irá conversar com bancadas, partidos políticos e os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Ontem, à espera do jogo do Brasil na Copa, a Bolsa havia surfado no relato de que Haddad teria interesse em que Pérsio Arida, economista de credenciais fiscalistas, venha a ocupar um cargo de peso no futuro governo, seja a secretaria-executiva da Fazenda ou o ministério do Planejamento, que devem ser recriados com o desmembramento da atual pasta da Economia. "As declarações evasivas de Haddad permitem a leitura de que Lula talvez continue procurando outro economista, com perfil um pouco mais heterodoxo, mas que também não assuste o mercado", diz Acilio Marinello, coordenador do MBA em Digital Banking da Trevisan Escola de Negócios.
"Ontem, além da vitória do Brasil, a Bolsa subiu bem e houve queda de 15 a 20 pontos-base em toda a curva de juros, uma bela redução na estrutura a termo de taxas de juros, e o real também se apreciou. A possibilidade de enxugamento, de números menores na PEC da Transição, ajuda. Assim como a ideia, que estaria ganhando força, sobre dupla Haddad-Arida na Fazenda e no Planejamento. Embora não se saiba ao certo até que ponto isso possa realmente acontecer, o mercado gostou dessa ideia", observa Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.
Hoje, Haddad referiu-se a Arida - que além de participar da formulação do Plano Real, presidiu o Banco Central em 1995, no início do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso - como um "grande economista brasileiro", com quem mantém relação "ótima desde sempre". Haddad observou também que quanto mais liberdade houver para o presidente eleito escolher a composição do governo, "melhor". "Não cabe a nós nos insinuarmos, nos colocarmos", acrescentou.
O quadro das expectativas para o desempenho das ações na próxima semana ficou mais equilibrado no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, 40,00% esperam ganho para o Ibovespa; 30%, perda e outros 30%, estabilidade. Na semana passada, para 50,00% dos que responderam o índice fecharia a atual semana em baixa e para 40,00%, em alta. Apenas 10,00% contavam com variação neutra. / Agência Estado