Fed: tarefa de conter inflação ‘não está nem perto de concluída’; alta de 0,50 ou 0,75pb seria razoável em setembro
Juros devem se manter em níveis elevados por um longo período
A presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de São Francisco, Mary Daly, afirmou nesta terça-feira, 2, que o trabalho do BC dos Estados Unidos para conter a inflação "não está nem perto de concluído". Em entrevista virtual à CNBC, a dirigente afirmou que, em sua perspectiva, "nós elevaremos os juros e os manteremos lá por um tempo".
Além disso, ela argumentou que é "terrivelmente duro" para a economia, caso o Fed eleve e corte os juros rapidamente.
Sem direito a voto nas decisões de política monetária neste ano, Daly afirmou estar "intrigada" com o fato de que os mercados esperam um Fed mais relaxado em relação à inflação adiante, privilegiando apoiar a atividade. Ela reafirmou o compromisso do Fed de conter a inflação, destacando que seus números estão "muito elevados". E disse que o BC precisa levar adiante seu compromisso já sinalizado de elevar as taxas de juros.
Daly afirmou que esperará para avaliar os próximos dados, como os de inflação e do mercado de trabalho, para determinar se será possível desacelerar o ritmo das altas de juros, ou se o nível recente do aperto será mantido. De qualquer modo, ela ressaltou o compromisso para atingir a estabilidade de preços, com a inflação retornando à meta de 2% do Fed. Ainda segundo ela, a queda recente nos preços de gasolina é bem-vinda, podendo inclusive ajudar americanos de mais baixa renda que dependem de seus veículos para chegar ao trabalho.
A dirigente previu que a economia americana desacelerará, o que é esperado, diante do aperto monetário do Fed. Ela disse que a perda de fôlego atual no mercado imobiliário atual é bem-vinda, projetando que o mercado de trabalho também deve perder impulso. Segundo ela, o Fed tenta desacelerar a força do mercado de trabalho, mas não sem provocar grande alta na taxa de desemprego. Daly projetou uma "modesta alta" na taxa de desemprego, mas disse não ver um quadro de recessão no mercado de trabalho atual, ao analisar os indicadores.
Reajuste em setembro
Presidente do Federal Reserve (Fed) de Chicago, Charles Evans disse nesta terça-feira, 2, acreditar que "há tempo suficiente para entender que 50 pontos-básicos é uma avaliação razoável, mas 75 também pode ser 'ok'" para a elevação de juros básicos na próxima decisão monetária, em setembro. A afirmação foi feita durante sessão híbrida com repórteres nesta manhã.
Nas reuniões de novembro e dezembro, além do início de 2023, Evans espera que o banco central americano esteja apto a retornar às tradicionais altas de 25 pontos-base. Na trajetória delineada pelo dirigente, que não tem poder de voto nas decisões monetárias este ano, as taxas subiriam para uma faixa entre 3,25% e 3,5% até dezembro. "Se não virmos melhorias em pouco tempo, talvez tenhamos que repensar o caminho um pouco mais alto", disse.
Evans diz esperar que dois ou três aumentos de 25 pontos-base sejam apropriados no começo do próximo ano. Ele afirmou preferir que as taxas subam até uma "inclinação suave" para evitar uma situação em que o Fed as eleve mais rapidamente e depois tenha que cortá-las após alguns meses./Agência Estado