Economia

Fed interrompe ciclo de altas e mantém juros nos EUA na faixa entre 5,00% e 5,25%

Pausa na alta dos juros foi feita de forma dura pelo banco central americano, ao indicar novas altas até o fim do ano por meio de projeções, segundo economista

Data de publicação:14/06/2023 às 07:00 - Atualizado um ano atrás
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Após dez altas consecutivas, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) interrompeu o ciclo de altas de juros nos Estados Unidos e decidiu manter a taxa dos Fed Funds na faixa entre 5,00% e 5,25% ao ano, em comunicado pós reunião de política monetária divulgado nesta quarta-feira, 14. A decisão foi unânime.

O Fed ainda manteve a taxa de juros paga sobre saldo de reserva em 5,15%, decisão que entra em vigor a partir da quinta-feira, 15, e a taxa de desconto, para 5,25% ao ano.

Fed sinaliza que pode haver outras altas de 25 pontos-base até o fim do ano - Foto: Reprodução

Dura sinalização

Ainda que tenha havido manutenção dos juros, especialistas consideram que a decisão foi dura, principalmente pelas sinalizações do que pode ocorrer com os juros americanos até o fim do ano ao afastar cenários de cortes precoces.

O economista da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, explica que “faltando 4 reuniões para encerrar o ano, a mediana das projeções da Fed Funds Rate saltou de 5,00%-5,25% para 5,50%-5,75%, o que sinaliza outras duas elevações de 25bps até o fim do ano, sendo que o mais dovish dos agentes avalia que o intervalo deve ser no mínimo mantido”.

Para ele, a autoridade monetária dos EUA faz de fato um interrupção do ciclo de alta da taxa básica de juros, que pode ser monetânea ou não. Um movimento realizado de modo mais firme, ainda que não se comprometa com altas adicionais textualmente, mas por meio de projeções apresentadas.

O Fed “comprou tempo” para avaliar o andamento da economia, e o fez afastando cenários de cortes precoces, para no mínimo o início do ano que vem. Étore Sanchez - Ativa Investimentos

Na opinião do economista, a conjuntura econômica nos Estados Unidos deverá “mostrar convergência mínima da inflação para a atribuição, ao passo que o mercado de trabalho deverá enfraquecer marginalmente, a ponto de que em 45 dias o banco central americano sinta-se confortável para interromper o ciclo de altas, podendo adicionar os argumentos sobre a defasagem do impacto da política monetária e renovar o ‘wait and see’”. 

Recado das projeções

Em relação ao comunicado, emitido após término da reunião do Fomc “não houve surpresas, mas o conjunto das projeções de atividade, inflação e juros foi mais duro do que esperávamos” afirma Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital.

Ela esclarece que a mediana de projeção para a taxa de juros de final de ano foi revisada para cima mais do que o previsto, indicando dois aumentos adicionais, ressaltando que apenas dois participantes mantiveram a taxa inalterada para o final do ano. A mediana para o próximo ano e 25 foi revisada para cima em uma alta e o ponto de longo prazo permaneceu inalterado.

Já na entrevista coletiva, Powell destacou que dada a velocidade do ajuste dos juros até aqui, o comitê optou por uma moderação adicional do ajuste em relação ao ritmo de 0,25%. E sobre atividade, a avaliação segue de que o mercado de trabalho ainda está muito apertado, mas o reconhecimento de que os dados de inflação estão mais moderados e o processo de desinflação está em curso.

“Como não houve um agravamento das condições monetárias pelos eventos bancários, esperávamos a sinalização de uma alta adicional após a pausa de hoje” afirma Débora. Mas “a indicação do Fed foi mais dura do que nossa expectativa ao colocar a taxa final de ano em 5,6%”.

Em sua avaliação, a economista diz que “como o padrão novo é de altas alternadas, o segundo aumento da taxa de juros se daria em novembro. Até lá, esperamos que a desaceleração da atividade esteja mais espalhada, inclusive no mercado de trabalho e, assim, seguimos com a expectativa de taxa final de 5,5%”. 

Apenas surpresas relevantes no ambiente macro, inclusive com relação aos bancos, tiraria o Fed do plano de apertar novamente em julho, na opinião da economista da Tenax./ Com Agência Estado

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