Fala de Powell do Fed, que fez bolsas dos EUA caírem, pode respingar na B3 nesta quinta-feira; cenário político doméstico também no radar
Dirigente do Fed sinalizou próximos ajustes de calibre menor, mas afirmou que juros terão de subir mais que o esperado inicialmente
O aumento de 0,75 ponto porcentual da taxa de juro americana, já esperado e precificado nos ativos aqui no País, anunciado nesta quarta-feira, 2, não deve provocar instabilidade do mercado financeiro doméstico nos negócios de hoje. No entanto, o pronunciamento do presidente do Federal Reserve (banco central americano), Jerome Powell, após o anúncio da nova taxa, fez as bolsas americanas caírem no final do pregão e isso sim poderá respingar na B3, pelo menos no início dos negócios.
Powell, embora tenha sinalizado a possibilidade de ajustes de calibre menor nas próximas reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc na sigla em inglês), afirmou que talvez o juro tenha de ser levado a níveis mais altos, do que o estimado inicialmente, para reconduzir a inflação americana para a meta de 2% ao ano. Mais ainda, disse também que ainda é cedo para pensar em fim do ciclo de alta da taxa dos Fed Funds (a taxa básica da economia dos EUA).
Com o aumento de 0,75 ponto porcentual, o juro americano está agora entre 3,75% e 4,00% ao ano. O Comitê avalia que a inflação nos Estados Unidos segue elevada, com desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia. Além disso, há alta de alimentos, energia e pressões de preços mais amplas. No documento, o Fomc se diz "altamente atento aos riscos inflacionários".
Para o Fed, "a guerra da Rússia contra a Ucrânia está causando enormes dificuldades humanas e econômicas", e os eventos relacionados estão criando uma pressão ascendente adicional sobre a inflação, e estão pesando sobre atividade econômica mundial.
Ao determinar o ritmo de aumentos futuros na faixa-alvo de juros, o Comitê levará em conta o aperto da política monetária, os atrasos com que a política monetária afeta a atividade econômica, a inflação e a evolução econômica e financeira, diz o documento. Além disso, o Fed continuará reduzindo suas participações em Treasuries e MBS (títulos atrelados à hipotecas), que compõe seu balanço patrimonial.
Para a Pantheon Economics, o Fed está sinalizando que adotará um ritmo de elevação de juros menor e um aumento de 50 pontos-base é provável em dezembro. Um destaque no comunicado do Fed foi a indicação de que nas futuras altas de juros a autoridade levará em conta "o aperto acumulado da política monetária, as defasagens com que a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação e os desenvolvimentos econômicos e financeiros".
Powell afirmou ainda que não quer "cometer o erro" de afrouxar a política monetária cedo demais. As declarações pesaram nas bolsas, que tiveram quedas em empresas de tecnologia como destaque.
O Fomc avalia que a inflação nos Estados Unidos segue elevada, com desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia. Além disso, há alta de alimentos, energia e pressões de preços mais amplas. No documento, o Comitê se diz "altamente atento aos riscos inflacionários".
No radar do mercado
Além de digerir o aumento dos juros americanos, o mercado vai continuar atento aos nomes da equipe econômica de Lula da Silva e ao processo de transição do governo, que deve começar nesta quinta-feira, além dos ruídos políticos, ainda como rescaldo das eleições presidenciais. /Com Agência Estado