Navio Ever Given é desencalhado no Canal de Suez na manhã desta segunda-feira
Após seis dias obstruindo a passagem do Canal de Suez, o meganavio Ever Given foi desencalhado pela equipe que está trabalhando no local desde o acidente….
Após seis dias obstruindo a passagem do Canal de Suez, o meganavio Ever Given foi desencalhado pela equipe que está trabalhando no local desde o acidente. O anúncio foi feito na manhã desta segunda-feira, 29, pela Leth Agencies.
Segundo a empresa, o navio foi retirado do banco de areia e desobstruiu a passagem do canal, após intensos trabalhos com equipamentos de dragagem, rebocadores e também com a ajuda da maré alta de primavera.
"O almirante Osama Rabie, presidente da Autoridade do Canal de Suez, proclamou a retomada do tráfego de navegação no canal", anunciou a instituição responsável pela via marítima em um comunicado.
A partir de agora, os rebocadores puxarão a embarcação em direção a um grande lago, no meio da hidrovia, que passará por inspeções no local.
Mais cedo, os engenheiros afirmaram que tinham conseguido fazer o navio flutuar parcialmente, sem fornecer mais informações sobre a liberação total da embarcação.
Os trabalhadores conseguiram tirar a proa do tamanho de um arranha-céu da parte arenosa do canal, onde a embarcação estava presa, causando um prejuízo diário de US$ 9,6 bilhões e deixando centenas de navios na fila.
Apesar do grande avanço obtido com a embarcação, a tripulação de resgate pediu cautela, pois ainda há obstáculos. “Não comemore tão cedo”, disse Peter Berdowski, CEO da Boskalis, a firma de resgate contratada para extrair o Ever Given, a uma rádio da Holanda.
Navios deram meia-volta e acumulam prejuízos
Os navios carregados à espera do desbloqueio transportam desde carros, petróleo iraniano para a Síria, 130 mil ovelhas e laptops. Eles abastecem grande parte do globo enquanto percorrem o caminho mais rápido da Ásia e Oriente Médio para a Europa e a Costa Leste dos Estados Unidos.
Alguns navios decidiram não esperar, dando meia-volta para fazer o caminho mais longo ao redor do extremo sul da África, uma viagem que pode adicionar pelo menos duas semanas ao trajeto e custar mais de US$ 26 mil por dia em combustível.
“Cerca de 90% do comércio varejista global se move em contêineres”, disse Alan Murphy, fundador da Sea-Intelligence, empresa de dados e análises marítimas. “Então tudo é impactado. Diga o nome de qualquer marca e ela ficará presa em uma dessas embarcações.” / NYT, AP, WP e AFP
Impacto do acidente no mercado
Para a analista Kristine Petrosyan, da Agência Internacional de Energia (AIE), o bloqueio do Canal de Suez teve impacto limitado no mercado de petróleo, até o momento, porque os estoques da commodity estão em níveis elevados, em meio à pandemia de coronavírus.
De acordo com Petrosyan, o setor petroleiro, ainda em recuperação da crise provocada pelo coronavírus, tem níveis de estoques confortáveis, o que atenua os efeitos.
A analista acrescenta que o episódio evidência transformações estruturais nos mercados. Uma delas, de acordo com ela, é o fato de que a maior parte do petróleo que passa pela região vai em direção à Ásia, e não mais o contrário.
"A situação se inverteu há cerca de uma década, quando o estouro do fornecimento de petróleo dos Estados Unidos, Canadá e Brasil se combinou com o rápido crescimento econômico da Ásia para mudar o equilíbrio do petróleo bruto de ambos os hemisférios", explica.
Petrosyan salienta também que uma parcela considerável dos navios petrolíferos é grande demais para passar pelo canal. Embarcações com até cerca de 200 mil toneladas da commodity conseguem atravessar a rota, enquanto, nos últimos anos, cresceu a quantidade de veículos marítimos com capacidade superior a 300 mil toneladas.
O Canal de Suez enfrenta a concorrência de dois oleodutos que conectam o mediterrâneo ao Mar Vermelho e levam até 2,5 milhões de barris por dia (bpd). Ainda assim, cerca de 5% do petróleo bruto do mundo passa pelo canal, segundo a analista da AIE.
O preço do petróleo iniciou com desvalorização nesta segunda-feira, mas segue oscilando. Após avanço, por volta das 9h, o o preço do petróleo WTI apontava às 11h35 queda de 0,62%, sendo o barril vendido a US$ 60,59. Já o Brent também segue na mesma linha, com recuo de 0,54%, a US$ 64,08 o barril. / com Agência Estado