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Economia

Entenda a alta de preços de gás natural no Brasil e na Europa e os impactos em seus investimentos

O aumento dos preços do gás deve provocar alta da inflação no mundo e, por tabela, nas taxas de juro

Data de publicação:11/10/2021 às 05:00 -
Atualizado 2 anos atrás
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Em meio à preocupação nacional em relação à crise da energia elétrica, que poderia provocar um apagão no Brasil ainda em 2021, o restante do mundo volta os olhos para a escassez de outra fonte energética: o gás natural.

É a chamada “Crise do Gás”.

Entenda a alta de preços de gás natural no Brasil e na Europa e os impactos em seus investimentos
Baixa oferta e demanda crescente no continente europeu são alguns dos motivos para a alta dos preços do gás natural.

Muito utilizado nos sistemas de aquecimento residenciais do hemisfério norte e substituto conhecido da gasolina, o gás natural também tem um papel importante na indústria global, servindo como combustível e muitas vezes de matéria-prima também.

Portanto, é esperado que o seu preço represente um custo relevante tanto para as pessoas quanto para as empresas, certo?

É justamente o avanço desse preço que tanto preocupa hoje a Europa. Por lá, os contratos futuros do gás holandês, por exemplo, amargam um crescimento de 6x no último ano, conforme o gráfico. E algo semelhante se repete nas demais bolsas europeias.

O motivo, como se é de esperar de toda crise energética, não é simples.

Baixa oferta de gás natural não acompanha demanda crescente

A relação entre oferta e demanda do gás natural atingiu um desequilíbrio crítico no último ano.

Por um lado, a procura sofreu um brusco golpe em 2020 com as medidas de combate à Covid-19, devido ao fechamento de indústrias por longos períodos e à redução do uso de automóveis, para citar dois exemplos.

Coincidentemente, o último inverno europeu também contou com uma diminuição na oferta de gás natural. Por razões políticas e climáticas, incluindo um inverno mais frio e longo do que o esperado, os estoques ficaram abaixo da média em comparação aos últimos anos.

Além disso, a Europa passa por um movimento intenso de transição energética. O objetivo é diminuir os investimentos em combustíveis fósseis (como o gás natural) e focar em energia limpa (como as energias solar e eólica).

Falando nela, você sabia que as reservas de energia eólica também obtiveram resultados abaixo do esperado? Em especial na região do Mar do Norte (Dinamarca), grande aposta da região para este século.

Essa combinação de menor oferta e menor demanda permaneceu sob controle até 2021.

O que, então, alterou a “balança” a ponto de justificar uma escalada tão alta dos preços?

Ironicamente, algo que todos esperamos por meses: a retomada econômica. Com o avanço da vacinação e a flexibilização das atividades sociais (incluindo as laborais), a demanda pelo gás natural se restabeleceu. Mas sua oferta, não.

Rússia segura estoques e culpa europeus por crise

Para entender a crise do gás natural, é essencial entender de onde ele vem.

Considerando apenas os países que compõem a União Europeia, quase metade das fontes internacionais são russas – seguida de longe por Noruega, Argélia, Qatar, Nigéria, Reino Unido e Estados Unidos.

Sim, a Rússia sozinha é responsável por quase metade do fornecimento importado de gás natural do bloco. O segundo maior produtor, a Noruega, não chega à metade do volume russo. Logo, a dependência é significativa.

Não à toa, a Rússia foi muito citada nas últimas semanas como uma das grandes responsáveis pelo desabastecimento europeu.

Em outubro, a Gazprom reservou somente cerca de um terço de sua capacidade total para o fornecimento de gás à Europa. Para se ter ideia, do dia 30 de setembro para o dia 1 de outubro deste ano, o volume caiu quase 77%.

Caso não a conheça, saiba que a Gazprom é não só a maior empresa de energia da Rússia, como também a maior exportadora de gás natural do mundo. Entre as empresas mundiais, ela vigora na 15ª posição entre as maiores organizações do planeta, com uma receita de US$ 87,4 bilhões.

E embora tenha parte das suas ações privatizadas, a Gazprom é hoje controlada pelo governo russo. Não à toa, muitos se referem a ela como a “Petrobras russa”.

Consequentemente, todas as críticas à Gazprom (como a de diminuição maliciosa da oferta de gás natural aos europeus), são dirigidas ao Kremlin e respondidas por ele.

Acusado de segurar os estoques e pressionar os preços, Putin reagiu no último dia 6 de outubro. Em um pronunciamento a líderes do setor em seu país, o presidente culpou a Europa por não assinar contratos de longo prazo suficientes com o governo.

Como essa crise impacta o Brasil? E os seus investimentos?

A crise do gás natural não traz consequências apenas aos habitantes da Europa ou nos que investem em empresas por lá, como se pode, em princípio, pensar.

Primeiramente, é necessário considerar que o Brasil tem aumentado o seu consumo de gás natural na última década. A pandemia, inclusive, acentuou a tendência.

Segundo a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), a demanda por gás natural no país cresceu 33,7% no primeiro semestre de 2021, em comparação com o mesmo período de 2020.

Além de alternativa cobiçada à gasolina, o mesmo tem forte presença nas indústrias, em especial nas paulistas.

Portanto, a primeira consequência da crise do gás natural é o aumento dos custos na cadeia produtiva, tanto aqui no Brasil quanto na Europa, claro.

Além de lidar com os prejuízos acumulados na pandemia, as empresas precisam manejar o peso desses insumos indispensáveis, que não podem ser cortados. E repassar esses aumentos ao consumidor, em um momento de desemprego alto e consumo apático, se apresenta como uma estratégia comercial difícil de engolir.

O temor geral é que isso freie o avanço econômico conquistado nos últimos meses, dificultando que as maiores economias do mundo se recuperem da pandemia rapidamente.

Se levar em consideração que o aumento da inflação costuma ser seguido por medidas contracionistas por parte dos bancos centrais, a expectativa é que haja um aumento nas taxas básicas de juros.

Para empresas endividadas (e seus investidores) essa é uma péssima notícia. Isso porque o crédito fica ainda mais caro, pesando nos passivos da companhia.

Por outro, àqueles que investem em empresas que se beneficiam da alta de juros, como é o caso dos bancos, é uma boa notícia. Afinal, a previsão é que a alta se reflita em aumento dos faturamentos.

Sobre o autor
Sabrina Santiago
Com formação em Gestão Comercial, se especializou em Comunicação Digital em instituições como a London Business School e a ESPM-SP. Atualmente, gerencia as produções do glossário financeiro mais legal dessa internet - o Glossário de Finanças e Investimentos aqui da Mais Retorno.

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