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Finanças Pessoais

Especialistas orientam quando começar a ensinar a criança a lidar com o dinheiro

Especialistas explicam como inserir a educação financeira e os investimentos na vida da criança desde cedo

Data de publicação:20/08/2021 às 05:00 -
Atualizado um ano atrás
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Já tem algum tempo que o universo das redes sociais foi tomado por temas relacionados a finanças e investimentos. Só entre novembro de 2020 e fevereiro de 2021, um levantamento da Anbima mapeou 266 influenciadores com perfis ativos entre Intagram, Facebook, Twitter e YouTube. Na esteira do aumento de quem fala sobre o assunto, cresce também o número de pessoas interessadas em educação financeira.

Neste contexto, ganha força um questionamento que é comum não só nas páginas da internet, mas no mundo fora delas: em que fase da vida a educação financeira deveria começar? Especialista consideram que, quanto antes, melhor. Nas escolas, o tema começa a aparecer e faz parte da grade curricular de algumas delas, mas a estrutura para falar sobre finanças ainda é incipiente. Nada impede que o assunto comece dentro de casa, no dia a dia dos pais e filhos, com lições e investimentos simples.

educação financeira
Especialistas acreditam que a educação financeira e os investimentos devem caminhar juntos desde a infância

Experiência desde casa

Cissa Grilli, que trabalha como coach e já está no mercado financeiro há anos, é mãe do Bruno, de 22, e da Luiza, de 9. A educação financeira está presente na rotina da família desde quando o filho mais velho ainda era criança e, para a mãe, ensinar a como cuidar do dinheiro tem ajudado os filhos a terem uma consciência mais ampla sobre os gastos e conquistas.

"Fiz pro meu filho mais velho uma conta-poupança quando ele era pequenininho. Eu e o meu marido alimentamos essa conta até os 16 anos e deixamos lá rendendo até que ele pudesse assumir o controle e dar continuidade", conta. A coach ainda comenta que o Bruno usou uma parte do dinheiro para comprar o primeiro carro e, o que sobrou, ele passou a investir em outros produtos disponíveis no mercado financeiro.

Ao mesmo passo em que alimentava a poupança do filho, Cissa trabalhava os conceitos de educação financeira em casa, ensinando a poupar, economizar e investir. O que ela percebeu com isso, enquanto o filho crescia, foi que o mais importante para o bom relacionamento com as finanças vinha muito mais do que ele aprendia do que pela poupança em si.

Por isso, a estratégia mudou com a filha mais nova. Os pais não abriram uma conta-poupança para ela, até para reforçar a ideia de que "o que é conquistado é mais gostoso que o que é dado", explica Cissa. No entanto, a educação financeira também está presente na rotina da Luiza, em que foi somada, inclusive, a experiência que a coach e o marido adquiriram com o filho mais velho.

A mãe finaliza contando que pensa em abrir uma conta no nome da menina, em breve, numa corretora para ensiná-la, na prática, a como mexer com o mundo dos investimentos e o mercado financeiro.

Cissa Grilli e sua filha mais nova, Luiza | Foto: Arquivo Pessoal

Início da educação financeira

Thiago Godoy também acredita na importância de ensinar sobre finanças e investimentos desde a infância. Ele é Head de Educação Financeira da Xpeed School, pai da Angelina, bebê recém-nascida de quase dois meses, e influenciador na página Papai Financeiro, no Instagram.

"É interessante os pais trazerem essa visão de letramento financeiro para o filho, educar financeiramente até a vida adulta". Godoy considera interessante os pais fazerem o investimento ao longo do tempo com a criança acompanhando para aprender e tomar decisões sozinhos quando adultos.

De acordo com o especialista, o momento ideal para começar a tratar sobre o assunto é quando a criança começa a falar, incluindo os conceitos de uma vida financeira saudável no dia a dia. Para ele, independente da renda da família, é importante desenvolver o hábito de ter responsabilidade com o próprio dinheiro, com pequenas atitudes como olhar e comparar os preços antes de comprar, economizar e administrar os gastos, por exemplo.

A chave para esses bons hábitos da criança é ver o exemplo nos pais, alerta o especialista. A educação financeira deve ser algo presente na estrutura familiar, e não apenas na vida da criança.

Godoy ressalta também que, para criar uma relação consciente com o dinheiro, os pais podem incluir as crianças nas decisões familiares, explicando e orientando a relação entre poupar para alcançar algum objetivo maior. "Se a família vai fazer uma viagem, por exemplo, a criança precisa saber que o programa envolve um gasto, e para conseguir o dinheiro todos terão de economizar", explica.

Nesse sentido, a criança consegue ampliar a sua visão de longo prazo. O especialista considera que a mesada é outra forma de mostrar à ela que se "esperar pelo amanhã e poupar o hoje", ela vai conseguir atingir seu objetivo. Assim, com o tempo, é criada uma relação saudável não só com o dinheiro, mas também com a ideia de esforço e resultado.

Quando começar a investir para a criança?

Paralelamente ao desenvolvimento da educação financeira para a criança, os especialistas consideram que, o quanto antes a família puder começar a investir para os filhos, melhor. "Obviamente vai depender do que cada um pode fazer, mas quanto mais aporte e tempo esse investimento tem, melhor será o resultado", afirma Robsney Gonçalves, coordenador e professor no curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário Newton Paiva.

Thiago Godoy compartilha da mesma opinião. Ele ressalta que hoje existe a possibilidade de iniciar um investimento usando o CPF da criança para abertura de uma conta em corretora, de forma bem simples, o que facilita a "passagem de bastão da carteira de investimentos" quando atingida a maioridade.

Outro ponto levantado pelos dois especialistas é a importância das crianças participarem das decisões na rotina de investimentos, assim que tiverem uma idade que permita a maior compreensão do mercado.

"Se ela (a criança) quer um videogame, por exemplo, sabendo como funcionam os investimentos, ela pode optar por investir sua mesada, ou o dinheiro que tiver economizado, num CDB com um prazo mais curto para conseguir o que quer", comenta o Head de Educação Financeira da Xpeed School.

Para Gonçalves, além de explicar sobre os investimentos em si, a família também deve orientar os filhos no sentido do que cada decisão pode representar. "Com as minhas filhas, eu sempre perguntava o porquê de comprar cada ação, o que aquela empresa significa, qual o valor dela no mercado, se ela paga dividendos. Quando se investe numa empresa, por exemplo, você se torna sócio. É importante levar toda essa consciência para a criança", afirma.

Como montar a carteira de investimentos da criança?

Assim como os analistas recomendam para qualquer portfólio, na hora de começar a montar uma carteira de investimentos para a criança, também tem de haver diversificação.

"Cada tipo de ativo tem a sua importância dentro de uma carteira de investimentos. Enquanto um está lá para manter a segurança, outro está para promover proteção de patrimônio em uma moeda forte, o pagamento de dividendo ou a valorização do dinheiro pelo preço das ações de uma empresa", ressalta o professor do Centro Universitário Newton Paiva.

Segundo o especialista, os pais podem começar a investir para os filhos sozinhos, com uma quantia que se adeque à possibilidade de cada família. Para montar essa carteira, ele considera que mensalmente o adulto deve escolher um produto financeiro diferente. "Num mês é legal investir num título de renda fixa, no outro comprar uma ação, uma cota num fundo imobiliário e por aí vai".

No portfólio, é importante que uma parte da composição ofereça segurança e certa estabilidade, pensando, principalmente, em momentos de emergência que podem surgir. Para esse objetivo, Gonçalves observa que os produtos de renda fixa são boas opções e destaca o Tesouro Selic e o Tesouro IPCA.

Partindo para a ideia de maximização dos resultados, no entanto, a renda variável também tem seu papel na carteira. Em investimentos de longo prazo, os riscos de grandes perdas com esse tipo de investimento são minimizados e a possibilidade de lucrar com dividendos e a valorização de empresas deve ser levada em conta.

"É importante lembrar que as ações proporcionam a assimetria, ou seja, perdas limitadas ao investimento, mas ganhos ilimitados com a valorização das ações de uma empresa. Além disso, muitas organizações pagam dividendos e juros sobre o capital próprio, que podem ser reinvestidos posteriormente", afirma Gonçalves.

O professor também destaca os fundos imobiliários para a composição do portfólio, já que muitos pagam dividendos mensais isentos do imposto de renda, além da própria possibilidade de valorização do fundo.

Por fim, ele fala sobre os investimentos em produtos estrangeiros e afirma que hoje já é possível inclusive ao investidor pessoa física brasileiro ter suas ações e outros produtos vinculados diretamente no mercado internacional por intermediação de corretoras que oferecem esse tipo de serviço. Contar com esses investimentos na carteira garante proteção contra a variação cambial em períodos conturbados do mercado numa moeda forte, como o dólar, por exemplo.

Thiago Godoy também considera que, para o longo prazo, o ideal é montar a carteira de investimentos. Assim, o jovem pode usar o dinheiro ocasionalmente para alguns objetivos maiores, como pagar a faculdade, e depois continuar com esses investimentos para poder viver a vida até se aposentar.

Educação financeira, juventude e tecnologia

Muitas questões culturais mudam de geração em geração. E o jeito de lidar com o dinheiro também.

Uma pesquisa do banco Barclays publicada em junho deste ano mostra que a geração Z americana, que contempla os nascidos entre 1995 e 2010, se arrisca mais no mercado financeiro e tem hábitos considerados ruins, quando comparada às gerações anteriores.

Esses jovens querem enriquecer mais rápido, enquanto os millennials, a geração imediatamente anterior, é mais consciente na hora de fazer investimentos de longo prazo, buscando estabilidade financeira, aponta o estudo.

No entanto, para Robsney Gonçalves, se o jovem de hoje decide que quer ter uma vida financeira mais saudável, ele tem facilidade de economizar para investir. Segundo o especialista, as gerações mais jovens têm uma ideia de consumo diferente de quem veio antes. Para ele, a tecnologia ajuda muito nisso.

O professor usa como exemplo o desejo de ter um primeiro carro. Atualmente, com a diversidade de aplicativos de motorista, muitas pessoas acabam tendo outras prioridades e, dessa forma, economizam dinheiro. As oportunidades que os avanços tecnológicos trazem estão em diversas áreas do dia a dia e mudaram a percepção de status de quem é mais jovem. Mão na roda na hora de poupar.

Criança jogando Roblox

A tecnologia pode ser útil, também, para ajudar na própria educação financeira. Além das centenas de influenciadores que falam sobre finanças e investimentos que o estudo da Anbima mapeou aqui no Brasil, outras possibilidades se apresentam no dia a dia dos pais para trabalhar com as crianças.

Cissa Grilli conta que encontrou uma forma de abordar o tema com a filha Luiza por meio de um jogo eletrônico que ela gosta. O Roblox, bastante popular entre crianças e adolescentes, é um jogo que incorpora vários outros jogos, criados pelos próprios jogadores. Dentro do aplicativo, os usuários podem criar algumas coisas própria do universo Roblox.

Para desbloquear roupas específicas dos avatares, acesso à áreas restritas de cada um dos jogos e uma série de outras vantagens, o jogador precisa ter Robux, a moeda utilizada no universo Roblox. Por sua vez, para ter essas moedas o usuário pode pagar em dinheiro real ou desenvolver algumas atividade dentro do jogo, como vender acessórios e roupas para avatar, por exemplo.

A mãe da Luiza diz que gosta da lógica do jogo e considera que ajuda a reforçar a ideia de esforço e resultado, além de também ser possível trabalhar conceitos como economizar, ensinando a criança a guardar os seus Robux até conseguir o valor necessário para ter o que ela quer dentro do jogo.

Sobre o autor
Bruna Miato
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