Dirigentes do Fed: falas indicam aperto monetário mais rígido com pressão sobre os juros nos EUA
Dirigente admite aumento de até 0,75 ponto-base nos Fed Funds para conter a inflação
O presidente da distrital de Nova York do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), John Williams, disse que "faz sentido" o cenário de duas elevações de 50 pontos-base na taxa dos Fed Funds nas duas próximas reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), em junho e julho.
A repórteres, o dirigente rechaçou a ideia de aumento de 75 pontos-base do juro básico, uma vez que o Fed também está removendo acomodação por meio da redução do seu balanço patrimonial em "ritmo bem acelerado".
Williams estima que a taxa de juros neutra, que sustentará a economia dos EUA em pleno emprego enquanto mantém a inflação estável, está atualmente em torno de 2% a 2,5% ao ano.
Dependendo do estado da economia, o Fed pode precisar aumentar as taxas claramente desse nível, ou não muito acima dele, disse. "Se for necessário elevar as taxas reais acima do neutro para reduzir a inflação, não tenho absolutamente nenhuma relutância em fazê-lo", ressaltou Williams.
Juro acima de 2,5%
A presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em Cleveland, Loretta J. Mester, também estimou que a taxa neutra de juros nos Estados Unidos está em cerca de 2,5%.
Em entrevista ao Yahoo News, a dirigente afirmou que a taxa básica poderá ser elevada para além desse nível, com objetivo de combater efetivamente a inflação. Atualmente, as Fed Funds estão na faixa entre 0,75% e 1,00%.
Loretta J. Mester reconheceu que a taxa de desemprego pode ter alguns meses de alta e o que o Produto Interno Bruto (PIB) americano pode voltar a registrar nova contração, em meio ao aperto monetário. "Mas não acho que isso se será sustentado. O mercado de trabalho está em um posição em que há muito mais pessoas procurando emprego", explicou.
A dirigente acrescentou que a volatilidade nos mercados financeiros decorrentes do processo de aperto de juros é "desconfortável", mas "necessária" para conter a escalada inflacionária. De acordo com ela, a maior economia do planeta ainda dispõe de "impulso positivo".
Loretta J. Mester, que vota nas reuniões do Fed este ano, defendeu ainda que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) considere a venda de títulos atrelados a hipotecas (MBS, em inglês) como parte do aperto quantitativo (QT)
Aumento de 0,75 ponto nos juros
Loretta também afirmou que considera adequado o ritmo atual de aperto de juros, mas que "não descarta para sempre" um eventual aumento de 75 pontos-base em uma das reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês). "Não quero descartar nada", disse.
Em entrevista à Bloomberg TV, a dirigente ressaltou que não prevê a inflação nos Estados Unidos de volta à meta de 2% antes de 2024. Segundo ela, o arrocho monetário poderá ter que ser acelerado no segundo semestre se não houver sinais de arrefecimento dos preços. "Precisamos fazer o que for necessário para conter a inflação", disse.
Loretta J. Mester acrescentou que a escalada nas expectativas inflacionárias torna mais difícil o processo de controle dessa tendência. De acordo com ela, alguns empresários estão preocupados que, a partir de certo ponto, já não conseguirão repassar a alta dos custos aos consumidores.
A dirigente reiterou que a taxa de desemprego poderá subir e que o Produto Interno Bruto (PIB) poderá voltar a ter contração, mas pontuou que isso seria parte inerente do combate à inflação. "Estou otimista de que há cenários econômicos positivos, mas o caminho será acidentado", comentou, acrescentando que ainda vê "impulso positivo" na economia.
Loretta J. Mester, que vota nas reuniões do Fed este ano, também reforçou que a taxa básica de juros deverá subir além do nível neutro de cerca de 2,5%, embora ela não saiba o quanto. Atualmente, as Fed funds estão não faixa entre 0,75% e 1,00%.