Economia

Crise hídrica pode prejudicar votação da MP da Eletrobras

Texto precisa ser aprovado até o próximo dia 22. Caso contrário, perderá a validade.

Data de publicação:15/06/2021 às 09:19 - Atualizado 3 anos atrás
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A possibilidade de um racionamento de energia, com o agravamento da crise hídrica, pode prejudicar as votações da proposta que permite privatizar a Eletrobras.

Possibilidade de racionamento de energia pode colocar em jogo a aprovação da MP de privatização da Eletrobras - Foto: Arquivo

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, tem manifestado incômodo com a intenção do governo de restringir o reservatório da hidrelétrica de Furnas, no sul de Minas Gerais, e priorizar o uso da água para energia.

Pacheco decidiu pautar para a próxima quarta-feira, 16, a MP que abre caminho para a privatização da Eletrobras, mesmo sem acordo para aprovação.

Na semana passada, líderes do Senado aumentaram a reação à MP e ameaçaram derrubar a proposta, pedindo até que o texto não fosse pautado. Na avaliação da Consultoria Legislativa do Senado, a MP é inconstitucional.

O texto precisa do aval do Congresso até o próximo dia 22, ou perderá validade. A aposta do governo federal é que a MP seja aprovada no Senado com alterações para que a Câmara faça nova votação na próxima semana.

O governo prepara uma MP para instituir um comitê que pode prever "programa de racionalização compulsória do consumo de energia elétrica", o estabelecimento de programa prioritário de termeletricidade e a criação da Câmara de Regras Operacionais Excepcionais para Usinas Hidrelétricas (CARE).

A câmara poderá determinar mudanças na vazão das hidrelétricas sem aval de agentes, Estados, municípios e de órgãos como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Agência Nacional de Águas (ANA).

Racionalização de energia

Dada a repercussão no setor elétrico, o governo avalia se vai manter ou retirar o termo "racionalização compulsória do consumo de energia elétrica". A previsão é que o texto seja enviado ao Congresso ainda hoje.

Pacheco já fez críticas públicas à atuação do Ministério de Minas e Energia e ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Para o senador, além de faltar planejamento ao setor, o governo ignora a realidade de uso múltiplo de águas em Minas Gerais.

Cerca de 30 municípios no entorno de Furnas vivem de negócios como hotéis, pousadas e gastronomia, passeios de barco, pesca, criação de tilápia e irrigação para pequenas propriedades.

O senador foi articulador de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) aprovada no âmbito da Assembleia Legislativa de Minas Gerais que fixou a cota da usina em 762 metros.

Com o apoio do governo à eleição de Pacheco no Senado, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, ignorou o fato de que a PEC era inconstitucional, pois o rio atravessa outros Estados e, por isso, a competência é federal. Ele foi à usina, onde se comprometeu a manter o nível do reservatório imposto pela proposta.

Pacheco quer agora aprovar o mesmo comando a respeito da cota do reservatório também no Congresso Nacional. Para isso, quer convencer o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes, e o relator da MP da Eletrobras no Senado, Marcos Rogério, a acatarem uma emenda com esse teor.

A interlocutores, o presidente do Senado tem cobrado ainda o cumprimento de uma promessa nesse sentido feita pelo presidente Jair Bolsonaro há dois anos, gravada em vídeo.

Procurada, a assessoria do senador disse que ele está conversando com integrantes do governo e que não iria se pronunciar neste momento. / com Agência Estado

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