Fundos Imobiliários

Crise de varejistas castiga fundos imobiliários; especialistas dizem se é hora de investir no setor

O cenário de juros altos por tempo prolongado não muda a tese de longo prazo dos fundos imobiliários, segundo analistas

Data de publicação:23/02/2023 às 03:05 - Atualizado 2 anos atrás
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O mercado de fundos imobiliários já viveu dias bem melhores. Os juros que seguem em níveis elevados e, mais recentemente, o imbróglio envolvendo a Americanas e a crise anunciada em outras varejistas, como Marisa e Tok Stok, que estão deixando de pagar aluguel e aumentaram o risco de crédito, castigam os FIIs. 

Com esse cenário complicado e nebuloso, os fundos imobiliários que viveram seu auge em 2020, quando a taxa de juros estava em 2%, agora estão no vermelho. Apesar disso, analistas do setor apontam que a tese dos FIIs não mudou e que eles continuam sendo indicados para a estratégia de longo prazo.

Fundos imobiliários que se desvalorizaram tem cotas em torno de até R$ 8 - FOTO: Reprodução

Quando há uma desvalorização no FII, automaticamente, o valor da cota cai. Ao mesmo tempo, o dividend yield, que é o preço a ser pago sobre aquela cota, se torna maior. Considerando essa condição, esse pode ser um bom momento para aproveitar algumas oportunidades de entrada. 

Um dinheiro mais picado, que sobra no final do mês, pode ser um estímulo e o começo de um investimento que vai te assegurar uma reserva financeira e até mesmo uma aposentadoria, se houver disciplina e em prazos mais longos. Para exemplificar, fundos como GALG11, GAME11, BIME11, VGHF11 e VGIR11 têm cotas abaixo de R$ 10. Além disso, cada um deles paga entre R$ 0,08 e R$ 0,15 de dividendo mensal.

Pode parecer pouco, mas o retorno acaba sendo encorpado com os dividendos. Um investidor que tenha 100 cotas de um fundo imobiliário na faixa de R$ 10 investiu cerca de R$ 1.000 no total. Nesse caso, seu dividendo mensal será entre R$ 10 e R$ 15 por mês. Em um ano, o valor total do ganho extra ficará em algo entre R$ 97 e R$ 180. Esse tipo de investimento paga mais do que os tradicionais, como Poupança ou CDB.

Para ser bem-sucedido, convém dar uma espiada no potencial do investimento, do setor em que está inserido.

Dentre as vantagens de se investir em Fundos Imobiliários, está a isenção do IR nos dividendos e a questão da liquidez que é diferente da renda fixa, porque são listados em bolsa com liquidez D+2. Outra vantagem é a exposição ao mercado imobiliário, que acaba sendo a melhor forma do investidor pessoa física se expor a esse setor de forma simples e prática, sem necessariamente ter um imóvel.

Confira alguns destes fundos:

São fundos acessíveis a qualquer investidor, porque exigem valor para aplicação inicial relativamente baixos, a partir de R$ 10. Todos sofrem com o aumento no risco de crédito para os fundos imobiliários. O pagamento de dividendos e a perspectiva de retorno em prazos mais elásticos são ainda atrativos nesses fundos.

Fundo imobiliárioTickerProvento por cota em 12 mesesCota até 17/02Último dividendo pagoRend.12 meses
Guardian Logística FII GALG1110,56% R$ 8,61R$ 0,08-91,15%
Guardian Multiestrategia Imobiliaria FIIGAME1116,34%R$ 8,75R$ 0,10-92,38%
Brio Multiestratégia FIIBIME1117,17%R$ 7,57R$ 0,08-19,89%
Valora CRI CDI FII VGIR1115,45%R$ 9,70R$ 0,13-17,03%
Valora Hedge Fund FIIVGHF1115,55%R$ 9,70R$ 0,10-10,99%

Liquidez e volatilidade na avaliação

De acordo com Anna Clara Tenan, CFA e analista da Órama Investimentos, é importante o investidor fazer uma análise quantitativa, olhando para liquidez, volatilidade do papel, como tem sido o retorno e os dividendos, e qual o tamanho do PL.

De acordo com a analista da Órama, outro fator que conta é a qualidade da carteira, para fundos de tijolo, verificar onde os imóveis estão localizados e quais são os inquilinos. Já no caso de fundos de papel, é necessário analisar quais são os tipos, onde estão localizadas as garantias e os projetos que estão sendo financiados.

Por fim, ela pontua que a gestora também conta nessas horas. Saber o histórico da gestora, quem são as pessoas por trás do fundo também é importante na hora de escolher esse ativo. A CFA da Órama ressalta que dividendo não é o único indicador importante na hora da decisão, é preciso olhar para todas as métricas e colocar na balança. Como exemplo, ela utiliza os fundos de papel ligados à inflação.

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Sobre o autor
Mari GalvãoRepórter de economia na Mais Retorno