Economia

Copom mantém a Selic em 13,75% ao ano e interrompe ciclo de alta dos juros

Autoridade monetária não fez referência ao fim do ciclo de alta dos juros

Data de publicação:21/09/2022 às 06:54 - Atualizado 2 anos atrás
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Sem nenhuma surpresa, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a Selic em 13,75% ao ano na reunião desta Superquarta, após 12 ajustes consecutivos da taxa, iniciado em março de 2021, quando estava em 2% ao ano. "Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% a.a" diz o BC em comunicado.

As expectativas estavam mais ligadas às sinalizações da autoridade monetária sobre os próximos passos do Banco Central em relação aos juros e se teria sido encerrado o ciclo de alta, tendo em vista que os juros vão continuar subindo nos EUA, como deixou claro o presidente do banco central americano, Jerome Powell, na tarde desta quarta-feira. Mas o comunicado emitido logo após a reunião não trouxe pistas mais claras sobre isso.

Edifício-sede do Banco Central no Setor Bancário Norte, em lote doado pela Prefeitura de Brasília, em outubro de 1967

Embora não tenha indicado nenhum novo aumento dos juros para a próxima reunião, o principal recado do Copom foi o de que haverá agora um monitoramento do atual nível da Selic para saber se ele será capaz de trazer a inflação para as metas estabelecidas para a inflação em 2023 e 2024. Caso contrário, novos ajustes para cima serão aplicados à Selic.

O Comitê se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.

Copom, em comunicado

Cenários interno e externo permanecem desafiadores

Para os diretores do Copom, os cenários de inflação continuam como fontes de preocupação, tanto as pressões inflacionárias globais, como as incertezas domésticas em relação ao risco fiscal e estímulos fiscais que resultem em aquecimento indesejado da economia.

Ao mesmo tempo, a análise é de que uma reversão, ainda que parcial, do aumento no preço das commodites, ou uma desaceleração da economia mundial maior do que a projetada possam contribuir para frear a inflação. No entanto, é o comportamento da inflação, neste e nos próximos dois anos, que mais tem pesado nas decisões sobre os juros.

Sem deixar de observar os indicadores de atividade e emprego no País, o Comitê vai avaliar a necessidade um ajuste residual, de menor magnitude em sua reunião de setembro.

Taxa vale até outubro

Essa tax de 13,75% vai vigorar até dia 27 de outubro quando haverá a a próxima reunião do Copom, equivale a uma taxa mensal de 1,08% e será a base para a remuneração das aplicações em renda fixa e referência para as operações de crédito.

Os investimentos de renda fixa devem ficar mais atraente, em contrapartida os empréstimos para quem precisa de recursos para produzir ou consumir seguem em níveis pesados, travando a atividade econômica.

Como a Selic afeta a economia do País

O governo utiliza a taxa Selic como ferramenta de controle da inflação: quando busca incentivar a oferta de empréstimos interbancários, ele provoca uma queda nas taxas de juros dos bancos em resposta à redução da taxa Selic.

Desse modo, ele estimula o consumo e acelera a economia, pois com mais dinheiro circulando no mercado em função da queda nos custos dos empréstimos e financiamentos oferecidos por essas instituições, maior o poder de compra das pessoas que acabam consumindo mais, o que leva ao aumento do índice geral dos preços.

O crescimento do consumo requer um maior nível de produção e emprego para atender o aumento da demanda por produtos e serviços, gerando maior desenvolvimento econômico para o País.

No entanto, como consequência da economia aquecida e de um maior poder de compra da população, os preços começam a crescer excessivamente e a inflação volta, então, a subir. E como o governo age nesse caso?

Ele aumenta a Selic para frear a inflação. Com isso, os empréstimos e financiamentos voltam a ficar mais caros e as pessoas diminuem o consumo, desacelerando o aumento dos preços. Ou seja, provocando uma queda dos índices inflacionários.

Podemos perceber, através de toda essa dinâmica, que o governo usa a taxa Selic como instrumento de controle da inflação.

De forma resumida, quando essa taxa está alta, existe uma menor quantidade de dinheiro disponível no mercado e as pessoas diminuem, assim, o consumo. Logo, a demanda por produtos e serviços é menor gerando uma queda nos preços e a redução da atividade econômica. O mesmo acontece no sentido oposto.

Podemos concluir, com isso, que essa política monetária impacta fortemente no aumento ou redução do crescimento econômico do País

Sobre o autor
Regina PitosciaEditora do Portal Mais Retorno.