Conheça os cinco melhores e os cinco piores fundos multimercado em 12 meses e no ano
Boa performance dos campeões está ligada ao desempenho dos ativos internacionais
Em ano recheado de incertezas, geopolíticas e econômicas, e elevada volatilidade nos mercados, os fundos multimercado têm apresentado uma ampla diversidade de resultados. Alguns robustos, outros frustrantes.
Pedro Augusto de Campos Iavorenti, especialista em investimentos na SVN, fez uma radiografia, em rápidas pinceladas, das carteiras, tanto dos fundos campeões quanto dos que entregam pesadas perdas aos cotistas.
O fundo campeão no ano é o Vista Multiestratégia FIC FIM, com rentabilidade de 47,94%, até julho. Posição que sustenta também em julho, com rendimento de 10,59%, e em 12 meses, com 65,53%.
A lista dos cinco fundos multimercado com as piores performances no ano tem na liderança o Versa Tracker FIM, com rentabilidade negativa de 12,68%. Posição que ocupa também em 12 meses, com rendimento negativo de 27,57%.
Os fundos mais bem sucedidos nessa classe de ativos têm presença maior da carteira em ativos no mercado internacional. Outro ponto que chama a atenção está no índice de Sharpe: os que entregam resultados tingidos de vermelho têm esse indicador negativo, abaixo de zero.
Confira os melhores e os piores fundos por dentro, pela análise de Pedro Augusto de Campos Iavorenti, especialista em investimentos na SVN.
Os fundos multimercado vitoriosos no ano
Fundo | Rend. 12 meses | Rend. 2022 | Rend. julho |
---|---|---|---|
Vista Multiestrategia | 65,53% | 47,94% | 10,59% |
SPX Raptor Feeder IE | 53,63% | 36,04% | -3,40% |
Itaú Optimus | 49,85% | 26,92% | 2,03% |
XP Macro Plus | 41,06% | 30,47% | -1,72% |
Asa Hedge | 39,03% | 28,49% | -1,36% |
Vista Multiestratégia FIC FIM – Grande parte dos ganhos do multimercado campeão no ano foi colhida de ativos diversificados pelo mundo, sobretudo de juros internacionais. A boa performance foi complementada com resultados positivos em operações com moedas, como iene e euro.
No plano doméstico, o fundo está com a carteira posicionada em algumas ações de empresas brasileiras, que têm ganhado espaço no portfólio ao longo do ano. Os gestores acreditam que, independentemente do resultado da eleição presidencial, as empresas expostas ao ciclo brasileiro tendem a se beneficiar ao longo do tempo.
Os gestores de fundos multimercado observam também que a ponta longa da curva de juros, nos contratos DI futuro de vencimentos mais distantes, pode ser um instrumento interessante de proteção do portfólio. Índice de Sharpe: 2,91%, volatilidade, 26,31%.
SPX Raptor Feeder IE FIC FIM CP - Fundo multimercado macro em que o gestor está posicionado em uma aposta na alta das taxas de juro nos países desenvolvidos. Sustenta essa estratégia a percepção de forte desequilíbrio entre as condições econômicas e os preços de mercado. Há posições ainda em ativos de risco de países emergentes, incluído o Brasil.
Nos mercados de moeda, o fundo mantém posições compradas (aposta em valorização) no dólar americano. Em ações, segue vendido (aposta em queda) em bolsas nos Estados Unidos, na Europa e no Brasil e zerou a alocação comprada na China. Sem posição relevante em commodities. Índice de Sharpe: 2,31%, volatilidade, 33%.
XP Macro Plus FIC FIM – É um fundo que vem performando bem no ano, segundo Iavorenti, pelo acerto das estratégias da equipe de gestão. A principais apostas bem-sucedidas foram as relevantes posições vendidas (aposta na baixa) nas bolsas americanas (Standard & Poor’s – S&P e Nasdaq) e tomadas (aposta na alta) em juros americanos.
O fundo foca atenção ao desempenho dos ativos de risco globais, na esteira da forte retirada dos estímulos monetários em 2022, e proteção dos riscos geopolíticos, derivados sobretudo da guerra na Ucrânia.
Nos mercados globais, o fundo zerou a posição vendida em bolsa americana, após a forte queda em julho, e voltou a aumentar as posições tomadas em juros americanos de médio prazo. No Brasil, montou uma pequena posição vendida em USDBRL (aposta em dólar contra o real) e outra tomada em inflação implícita de médio prazo. Índice de Sharpe: 3,68%, volatilidade, 8,10%.
ASA Hedge FIC FIM – A estratégia de investimento combina operações com juros, câmbio, ações e commodities, no Brasil e no exterior, valendo-se de instrumentos nos mercados à vista e de derivativos. Uma delas é a aposta em posições vendidas em bolsa e tomadas em juros nos EUA. Índice de Sharpe: 4,20%, volatilidade, 9,13%.
Itaú Optimus Extreme FIM – Um dos fundos com melhor desempenho na classe dos multimercados, os gestores enfrentam um cenário desafiador em relação às NTN-Bs no curto prazo, relacionado ao IPCA e às recentes quedas das commodities, aponta o especialista da SVN. “O fundo está esperando uma definição sobre o cenário prospectivo para o fiscal e para a inflação para definir as próximas exposições do fundo em renda fixa.”
O fundo segue tomado em juros, com bons ganhos, nos países emergentes e desenvolvidos, principalmente nos Estados Unidos. Em renda variável, o fundo segue comprado em Brasil, com posições em empresas de setores de utilities, locação de veículos e consumo discricionário. Índice de Sharpe: 4,87%, volatilidade, 7,08%.
Piores fundos em rentabilidade no ano
Fundos | Rend. 12 meses | Rend. 2022 | Rend. julho |
---|---|---|---|
Versa Tracker | -27,57% | -12,68% | 2,07% |
Opportunity Midi | -11,27% | -1,15% | 7,36% |
Etrend RPM | -11,16% | -9,81% | 1,70% |
Adam Advanced II IE | -5,40% | -5,73% | 3,29% |
Venturestar FIM | 3,76% | -10,31% | 11,05% |
Versa Tracker FIM – Com posições vendidas em S&P 500 desde dezembro de 2021, o fundo tem acumulado perdas significativas em seus ativos brasileiros do setor de varejo, como Lojas Marisa, Grupo Soma e Multilaser, analisa Iavorenti.
Outra fonte de perdas relevantes, aponta o especialista em investimentos na SVN, tem sido as posições prefixadas do portfólio. O motivo são as incertezas com o fim do aperto monetário brasileiro e a proximidade das eleições presidenciais, evento que aumenta a volatilidade dos mercados. Índice de Sharpe: - 0,66%, volatilidade, 52,68%.
Venturestar FIM – Com dinâmica pouco diferente dos demais fundos, o Venturestar tem bom track record (histórico de desempenho ao longo do tempo) no mercado desde 2003, com ganhos acima do CDI, seu benchmark, mas 2022 tem sido atípico para o fundo, avalia Iavorent.
A maior posição da carteira está alocada em títulos públicos brasileiros e opções compradas nos mercados futuros de ouro e dólar. Índice de Sharpe: - 1,18%, volatilidade, 24,44%.
Etrend RPM FIC FIM – O fundo faz parte da família de fundos Trend, da XP, que oferece acesso rápido e sem dificuldade a qualquer investidor aos diferentes mercados. Seu objetivo é proporcionar retornos acima do CDI, mas tem acumulado resultados negativos desde sua criação, em 2021. O baixo número de cotistas e PL parece dificultar ainda mais sua recuperação, assinala o especialista da SVN.
Os recursos da carteira do Etrend estão alocados em ativos como títulos do Tesouro americano, moedas, commodities, juros, renda fixa e ações. As perdas recentes são atribuídas a classes de moedas e exportadoras de commodities. Índice de Sharpe: - 4,48%, volatilidade, 6,06%.
Adam Advanced II IE FIC FIM CP: O fundo tem atravessado uma fase de desempenho declinante desde 2021, com retornos negativos e perda de cotistas. Especialistas atribuem a má jornada do fundo não apenas às incertezas do mercado, mas também ao conjunto de decisões do time de gestão. Tanto em posições domésticas quanto internacionais. Índice de Sharpe: - 0,91%, volatilidade, 23,03%.
Opportunity Midi FIC FIM – O fundo investe no mínimo 95% de seus recursos em cotas do Opportunity Thesis Master FIM (fundo master). Esse fundo investe em uma carteira diversificada nos mercados de renda fixa, de títulos públicos e privados, juros, ações, câmbio, dívida externa e commodities – mercados à vista e de derivativos, no Brasil e no exterior.
O fundo master tem perfil agressivo e investe majoritariamente em ativos brasileiros, por meio de bolsa de valores. Índice de Sharpe: - 0,64%, volatilidade, 20,63%.