Confira 9 ETFs para enfrentar as incertezas de 2023, segundo especialistas da Itaú Asset
Receita é diversificar entre renda fixa e variável, entre diferentes países, moedas e prazos
Para um ano marcado por incertezas - internas e externas - o mantra da diversificação vai sendo entoado no Itaú Asset, inclusive para a carteira de ETFs, os fundos passivos, de índices, que no ano passado dispararam no interesse dos investidores.
A pedido da Mais Retorno, Caíque Cardoso, especialista de portfólio da Itaú Asset, e Renato Eid, superintendente de estratégia beta e integração ESG do banco, listaram nove produtos que fazem o investidor navegar por diferentes exposições de risco, entre mais conservadores e arriscados, e regiões do mundo.
Para a carteira indicada, os analistas levaram em conta um cenário com inflação e juros pressionados, com destaque para a renda fixa, classe que, na opinião de Caíque Cardoso, deverá dominar o espectro dos investimentos.
Confira as indicações abaixo:
ETF de renda fixa
Para capturar a boa maré dos juros, a sugestão recai sobre 4 ETFs de renda fixa. Uma mescla, de acordo com Cardoso, capaz de proteger a carteira da alta da inflação, e se beneficiar tanto dos juros elevados como em queda, no curto prazo ou em prazos mais elásticos.
IMA-B | IMAB11 |
IMA-B 5 P2 | B5P211 |
IMA-B 5+ | IB5M11 |
IRF-M P2 | IRFM11 |
O IMAB11 é um ETF negociado na B3, ele replica o índice IMA-B que é composto por títulos públicos pós-fixados do Tesouro Nacional. Além dos juros, os papeis pagam correção monetária equivalente à inflação medida pelo IPCA. Quanto maior o prazo do título, maior o prêmio de risco, o NTN-B.
O B5P211 reflete o desempenho de todos os títulos do Tesouro vinculados à inflação (IPCA), mas com prazo de até 5 anos. Ele segue o índice IMA-B 5 P-2, da Anbima, composto por NTN-B com prazo inferior a 5 anos.
Já o IB5M11 é atrelado ao índice IMA-B5+, que reflete o comportamento de todos os títulos públicos de inflação com prazo igual ou superior a 5 anos.
Para captar a evolução dos títulos prefixados, a indicação é do IRFM11, um ETF que segue o índice IRF-MP2, composto por títulos públicos federais prefixados.
Renato Eid, superintendente de estratégia beta e integração ESG da Itaú Asset, diz que em relação às aplicações diretamente em papeis ou fundos de renda fixa, os ETFs levam vantagem em termos tributários, porque, independentemente do prazo, o Imposto de Renda no ETF será de 15%. Nos ativos de renda fixa, o imposto varia de acordo com o prazo, quanto maior o prazo, menor a alíquota de IR.
Compare o retorno dos 4 ETFs de renda fixa com a evolução do seu benchmark, o CDI
ETF de renda variável
Ainda que os juros elevados sejam fortes concorrentes e as incertezas do cenário doméstico e internacional tragam volatilidade ao segmento de ações, os especialistas identificam oportunidades interessantes na renda variável e recomendam ETFs vinculados à bolsa brasileira.
IDIV | DIVO11 |
IMAT | MATB11 |
Os eleitos foram o DIVO11 e o MATB11. O primeiro espelha os resultados de empresas boas pagadoras de dividendos, e o segundo o desempenho das empresas ligadas às commodities. “No DIVO11 são empresas que apresentam bons resultados e conseguem pagar bons dividendos. No MATB11 são empresas de materias básicos, capturam as pressões inflacionárias e têm correlação com as commodities”, explica Cardoso.
O DIVO11 busca replicar o índice IDIV, formado por empresas que mais pagam dividendos da Bolsa. São, em tese, empresas mais saudáveis em termos financeiros, com menos dívidas, com boa geração de caixa.
O superintendente ressalta que o retorno dos dividendos podem ser reinvestidos dentro do própio ETF. “Quando se pensa no médio e no longo prazos, para quem não precisa sacar e pode deixar o dividendo, o efeito é relevante”.
O MATB11 segue a carteira teórica do IMAT, Índice de Materiais Básicos – papel, celulose, siderurgia e mineração – e tem entre as principais ações as da Klabin, Vale, Suzano e Gerdau.
Acompanhe a performance dos 2 ETFs vinculados a ações da bolsa barasileira em quase 11 anos, de fevereiro de 2012 a 2 de janeiro de 2023, e do Ibovespa nesse mesmo período.
Exposição internacional
“É importante ter acesso a outras geografias, com ativos que andam de forma diferente, de modo a buscar a correlação e ter parte da carteira dolarizada”, diz Cardoso. A diversificação por ativos internacionais é uma opção à compra da própria moeda, destaca Eid.
Três ativos foram eleitos pelos especialistas:
SPTR | SPXI11 |
KHEUP | YDRO11 |
REVE11 | REVE11 |
O SPXI11 é um ETF negociado na B3 que segue o índice S&P 500, portanto as 500 maiores empresas com papeis negociados na bolsa dos EUA. “É uma classe de ativos relevantes, um termômetro da economia americana, e além disso, os Estados Unidos são um celeiro do mercado, que atrai empresas de outros países”.
Representando empresas engajadas na economia verde, o REVE11 replica o desempenho do Russell 1000 Green Revenues 50, composto por empresas americanas bem capitalizadas e sustentáveis, comprometidas com a transição para uma economia verde. Para classificá-las, a bolsa americana considera receitas dessas empresas provenientes de produtos e serviços com impacto positivo ao meio ambientes ou, ao menos, não sejam prejudiciais a ele.
Também dentro dos ETFs temáticos, e de empresas preocupadas com a sustentabilidade, foi escolhido o YDRO11. O ativo segue o S&P Kensho Hydrogen Economy, formado por 19 empresas envolvidas com a produção, armazenamento ou transporte de hidrogênio, dos Estados Unidos, Reino Unido e Canadá.
“O tema tem atraído a atenção, se sobressaído, porque o hidrogênio não é achado puro na natureza, mas precisa ser processado. O hidrogênio verde passa por eletrólise da água, com emissão de oxigênio", relata o especialista. Por isso, o hidrogênio verde é considerado peça fundamental para a descarbonização mundial.
“São dois temas de longo prazo”, disse Cardoso, referindo-se ao YDRO11 e ao REVE11, “porque a mudança de matriz energética não vai acontecer de um dia para o outro".
Confira o desempenho dos três ativos com exposição internacional de 23 de setembro de 2021 a 3 de janeiro de 2023.
Agilidade
Além da diversificação, os ETFs conferem agilidade para o posicionamento diante de mudanças de cenário, destaca o superintendente. Ele exemplifica com a situação da economia chinesa , emperrada em decorrência dos casos de covid no país, “existe um debate não uma certeza sobre esse tema, sobre a valorização das commodities e se isso vai beneficiar as empresas daqui ao setor”.