Com inflação em 10,06%, Copom eleva a Selic para 10,75% ao ano e juros deverão ser positivos em 2022
Juros devem rodar em terreno positivo ao longo de 2022, sinaliza o BC
Sem nenhuma surpresa, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica da economia para 10,75% ao ano. Esse é o oitavo ajuste seguido da Selic, desde que o Banco Central iniciou o ciclo de alta, em março de 2021, e o terceiro seguido de 1,5 ponto porcentual. A taxa permanecerá nesse nível até dia 16 de março, quando o Comitê estará reunido para divulgar uma nova Selic.
Mais do que destacar o fato de os juros terem rompido a marca dos 10%, vale compará-los com a inflação, de 10,06% medida pelo IPCA. É essa a principal referência do mercado, e o recado das autoridades monetárias parecer ser o de que os juros serão positivos ao longo de 2022.
A escalada da Selic
Mês/2021 | Selic |
---|---|
janeiro | 2,00% |
março | 2,75% |
maio | 3,50% |
junho | 4,25% |
agosto | 5,25% |
setembro | 6,25% |
outubro | 7,75% |
dezembro | 9,25% |
janeiro/2022 | 10,75% |
A elevação dos juros é a principal ferramenta de política monetária para conter a inflação, na medida em que tornam o crédito mais caro e inibem o consumo, pressionando para baixo os preços de produtos e serviços da economia.
Ao mesmo tempo, taxas altas dificultam a vida da empresa que necessita de financiamento para expandir seus negócios. Nesse sentido, elas travam o desenvolvimento econômico do País.
Há quem entenda que a alta dos juros seja pouco eficaz para segurar a atual inflação que não está sendo provocada um aumento de demanda, mas por uma redução de oferta, decorrente de falta de componentes e matéria-prima para a produção de bens, provocada pela pandemia de covid-19.
De todo modo, todo o esforço de elevação dos juros está sendo feito para trazer a inflação para perto das metas estabelecidas pelo Banco Central. O centro da meta é de 3,5%, com variações de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo, trazendo o piso para 2%, e o teto, para 5%. Mas dado o cenário-base, o mercado já projeta uma inflação de 5,38%, portanto acima do teto.
A meta de inflação é fixada pelo Comitê de Política Monetária e cabe ao Banco Central manejar os juros de modo a ancorar as expectativas dos agentes econômicos sobre a inflação. É preciso haver credibilidade na política monetária, de que a meta será alcançada nos anos seguintes pela atuação do BC.
A principal questão está agora em saber como serão os próximos ajustes da Selic nos próximos meses. Em 10,75% ao ano, a taxa estaria a apenas a um ponto porcentual da projeção de economistas do mercado, estampada no boletim Focus do Banco Central, de 11,75% no fim do ano. Haveria aí, portanto, espaço para alta de mais 1 ponto porcentual na Selic até o fim do ano.