Mercado Financeiro

Bolsa sobe 2,20% e retoma os 110 mil pontos; no mês, avança 0,47%

Aproximação de Meirelles à candidatura Lula foi bem recebida pelos investidores

Data de publicação:30/09/2022 às 07:21 - Atualizado 2 anos atrás
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Mesmo com o sinal negativo em Nova York acentuado ao longo da tarde, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, buscou, recuperou e reteve a linha dos 110 mil pontos no fechamento desta última sessão da semana, do mês e do trimestre, auferindo leve ganho de 0,47% em setembro.

Nesta sexta-feira, saindo de abertura aos 107.664,35 pontos, o Ibovespa subiu 2,20%, aos 110.036,79 pontos, chegando na máxima da sessão a 110.502,20 - na mínima, pela manhã, tocou os 107.315,15 pontos. Em porcentual, foi o melhor desempenho para o Ibovespa desde a sessão de 19 de setembro (+2,33%).

Imagem: Shutterstock

Com o leve avanço de 0,47% reconquistado nesta última sessão de setembro, a série positiva chega ao terceiro mês, vindo o Ibovespa de ganho de 6,16% em agosto e de 4,69% em julho, após tombo de 11,50% em junho. Na semana, a perda de 1,50% sucede recuperação parcial, de 2,23%, no período anterior, quando o Ibovespa vinha de ajuste negativo de 2,69% no intervalo precedente. O giro financeiro nesta última sessão do mês foi a R$ 33,0 bilhões.

No terceiro trimestre, o Ibovespa recuperou cerca de 11,5 mil pontos após ter fechado junho aos 98.541,95 pontos. Em porcentual, avançou 11,66% no intervalo, após o pior mês de junho desde 2002, que contribuiu decisivamente para a retração de quase 18% no segundo trimestre, a maior desde o tombo de cerca de 37% entre janeiro e março de 2020, no começo da pandemia.

Se a típica volatilidade que costuma preceder eleições presidenciais não compareceu até aqui neste ano, o quadro externo tem mantido o apetite por risco na defensiva, em meio às incertezas globais sobre a inflação e o grau de elevação dos juros para contê-la. Uma combinação que afeta diretamente o ritmo de atividade em contexto já fragilizado pela desaceleração chinesa e a guerra na Ucrânia, a qual tem afetado o para a Europa e recoloca, agora, o risco de escalada militar, após anexação "formal" de regiões ao leste do país pela Rússia.

Ao mesmo tempo, os ativos brasileiros têm mostrado alguma resiliência e, em certos momentos, até descolamento da perspectiva desafiadora para a economia global, favorecidos pelo fim do ciclo de elevação de juros no País, que havia sido iniciado bem antes da correção ora vista nos custos de crédito nos principais mercados. A percepção é de que os múltiplos, os preços com descontos na B3, ainda atraem interesse, inclusive externo, para as ações brasileiras.

Efeito Meirelles na Bolsa

No quadro doméstico, a aproximação de Henrique Meirelles à candidatura Lula na reta final da campanha foi recebida com bons olhos pelos investidores - um complemento ao vice, Geraldo Alckmin, como possíveis esteios fiscalistas em eventual terceiro governo Lula. Nesta sexta, contudo, Meirelles negou haver convite para assumir a Economia caso o petista vença a eleição.

Pesquisa realizada entre 28 e 29 de setembro pela BGC Liquidez com 212 players institucionais, sobre o que esperam no pós-eleição, aponta que na eventualidade de Lula vencer, seja em primeiro ou segundo turno, tende a escolher para o comando das finanças alguém com inclinação à esquerda mas que tenha, a seu lado, "nomes que sejam amigáveis ao mercado". Tal convicção foi expressa por 78% dos que participaram da pesquisa, enquanto 12% esperam um nome totalmente identificado ao mercado, em sentido puro, e outros 10%, alguém da esquerda, sem conexões.

Entre as idas e vindas do noticiário, esta última sessão do mês e do trimestre foi de ajuste nas carteiras, com salto em ações de elevada liquidez, como Vale ON, que fechou o dia em alta de 5,28%, passando a leve ganho no ano (+0,60%) com a recuperação de 11,69% ao longo deste setembro. Em situação distinta, Petrobras ON e PN subiram nesta sexta, respectivamente, 1,25% e 1,67%, ao fim de um mês de correção em que cederam, pela ordem, 11,00% e 10,32%, mas ainda acumulando forte desempenho no ano, em alta entre 55% e 56% em 2022.

Na ponta do Ibovespa nesta sexta-feira, destaque para Magazine Luiza (+10,62%) e Via (+8,50%): a primeira subiu 4,92% no mês, mas ainda cede quase 38% no ano, enquanto a segunda ainda fechou o mês no negativo (-0,93%), com perdas na casa de 39% no ano. Nesta sexta-feira, o índice de consumo (ICON) encerrou em alta de 1,68%, enquanto os ganhos no de materiais básicos (IMAT) chegaram a 3,59% no fechamento. Na ponta negativa do Ibovespa na sessão, destaque para Carrefour Brasil (-2,77%), Embraer (-2,51%) e Assaí (-2,23%).

Pela manhã, o mercado mostrava "compasso de espera para a eleição no domingo, um tanto leve, esperando mais informação para voltar a montar posição, mas aparentemente já começando a precificar com mais força uma vitória do Lula, nas últimas semanas", aponta Wagner Varejão, especialista da Valor Investimentos. Ao longo da tarde, contudo, o Ibovespa ganhou dinamismo, reconquistando e firmando-se acima dos 110 mil pontos na contramão dos índices externos, com o impulso proporcionado pelas ações de commodities, especialmente Vale, observa Letícia Sanches, especialista em renda variável da Blue3.

Em agosto, com o dólar em leve alta de 0,53% no mês, o Ibovespa foi aos 21.056,01 pontos, na moeda americana, e agora em setembro, com ganho de 3,71% para o dólar no mês, bem superior ao visto no Ibovespa, o índice de ações retrocedeu para 20.397,58 pontos - ainda assim, em patamar mais alto, na moeda americana, do que na virada do primeiro para o segundo semestre, vindo de 19.937,90 pontos em julho e de 18.824,39 pontos no encerramento de junho./Agência Estado

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