Mercado Financeiro

Bolsa cai 0,32% com queda do petróleo e medo de recessão; dólar sobe 1,18%

Ações do varejo reagiram com alta superior a 10%

Data de publicação:05/07/2022 às 06:22 - Atualizado 2 anos atrás
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A Bolsa de Valores, a B3, fechou mais um dia em queda, de 0,32% aos 98.294 pontos, que poderia até ter sido maior em função das várias pressões negativas que atuaram sobre o mercado. Já o dólar encontrou fôlego para encerrar o dia com alta de 1,18%, cotado a R$ 5,39, após ter avançado mais, até os R$ 5,40.

Houve um aprofundamento dos temores em relação à recessão global e o preço do petróleo chegou a cair mais de 11%, além de outras commodities. As bolsas internacionais reagiram mal a esse cenário e também fecharam em queda.

Foto: Reprodução

Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed, empresa de tecnologia e educação para investidores, explica que a queda de hoje do Ibovespa está diretamente ligada à desvalorização de Petrobras (-3,81%) e outras petroleiras, como PetroRio (-7,11%), 3R Petroleum (- 7,44%), PetroRecôncavo (-5,66%) e Enauta (- 4,39%). "Em contexto de risco de recessão em que estamos, temos o mercado com medo de queda da atividade global".

O analista também ressalta que commodities agrícolas também caíram, como milho, trigo, soja, algodão café e açúcar, além dos setores de mineração e siderurgia, diante da perspectiva de retração econômica. Movimento que, para ele, afetou empresas produtoras e exportadoras desses produtos, mas que beneficiou as companhias que têm seus custos atrelados aos preços das commodities, como Ambev, BRF, M. Dias e Camil.

Os ventos vindos da China também preocupam, destaca Eduardo Telles, especialista em renda variável da Blue3. Segundo ele, as novas restrições da covid-19 no país trazem impactos no preço das commodities diante das perspectivas de redução da demanda, além da China ser uma dos principais parceiros comerciais do País.

Na Europa, de acordo com Telles, números da economia alemã em queda, indicando que a atividade vem diminuindo, e o relatório do Banco Central Europeu alertando para a alta da inflação e seus impactos levaram a uma forte queda do euro, e a uma queda superior a 2% nas bolsas europeias.

Ambos especialistas acrescentaram, a essas questões internacionais, o risco fiscal como fator negativo à Bolsa, a ser amplificado pela PEC dos auxílios que prevê aumento de criação de bônus sociais sem a previsão de fonte de recursos.

Varejo reage

O diretor da Quantzed destaca resultados positivos no pregão de hoje, embora o clima estivesse pesado. Papeis como o de Magazine Luiza (+11,74%), VIA (+11,48%) e Marisa (+9,58%), que estavam descontados passaram por um processo de repique e fecharam com forte valorização.

"Na minha visão, o mercado entende que, com queda abrupta do petróleo e commodities, é de se esperar por uma queda da inflação e, consequentemente, um alívio em relação às expectativas de o BC não precisar continuar subindo juros", afirma o direitor. "E com mais renda disponível, isso favorece o setor de varejo", complementa.

Outro destaque lá fora foi a reação positiva da Nasdaq, que subiu 1,75%. S&P que passou o dia no vermelho reverteu o mocimento fechou com alta de 0,16%. O mercado entende, na opinião de Petrokas, "que juros no mundo afora talvez não subam tanto por conta da alta das commodities trazendo a inflação para baixo. Isso favorece quem tem fluxos de caixa lá na frente. Por isso, vemos Nasdaq com desempenho melhor que S&P". Dow Jones fechou com queda de 0,42%.

Sobre o autor
Regina PitosciaEditora do Portal Mais Retorno.