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Bitcoin sobe 66% em 2023 e deve se tornar ainda mais estável, aponta especialista

Especialista da Galaxy Asset Management afirma: Bitcoin deve valorizar mais e ter mais estabilidade ao longo do tempo

Data de publicação:27/03/2023 às 08:00 - Atualizado 2 anos atrás
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“O bitcoin está, mais uma vez, tendo seu momento.” É o que afirma o Paul Cappelli, portfolio manager da Galaxy Asset Management, em live da Itau Asset, com Caíque Cardoso, ETF especialist na Itaú Asset Management. A moeda valorizou 66% só em 2023 e deve se tornar cada vez mais estável. 

Ao comentar a ascensão do bitcoin tanto como moeda corrente quanto como hedge em portfólios de investidores, Cappelli relata que o contexto de seu surgimento explica também grande parte de seu apelo atual. A moeda foi criada em 2008, a partir da crise financeira “original” e traz, em sua formação, elementos como descentralização e quantidade limitada. 

O bitcoin passou a figurar em portfólios como forma de proteção, em razão da sua natureza descorrelacionada

Naquele momento, em que as grandes instituições bancárias tornavam-se alvo de desconfiança tanto quanto o governo, a moeda surge com a premissa de não ser controlada por ninguém. Não haveria, portanto, nenhuma instituição financeira, banco público ou governo por trás do bitcoin, como conta Cappeli. 

Assim, o bitcoin surge como um sistema monetário descentralizado, com quantidade limitada e caráter deflacionário. E, de acordo com o manager da Galaxy, com uma vantagem irresistível:  “Existe em todo país que a internet existe e vale o mesmo não importa onde você vá no mundo”

O momento do Bitcoin (de novo)

Na visão de Paul, o bitcoin tem novamente “seu momento” depois de duas ondas de turbulência no ano passado no universo de criptoativos e ativos digitais: o colapso do ecossistema da Luna e de empresas que realizavam grandes empréstimos como Blockfi e Celsius; e também o ocorrido com a FTX, corretora de criptoativos que faliu em 2022. 

Ao mesmo tempo, Cappelli ressalta que a alta de juros e a quebra de bancos no sistema regional dos EUA, com a perpeção de que foi consequência de má gestão de tais instituições financeiras, fizeram com que investidores fossem atrás de bitcoin como uma espécie de hedge.

“Pessoas não confiam em sistemas centralizados para fazer a coisa certa, em especial quando consideramos as crises financeiras ao longo do tempo, mais recentemente em 2008, e os episódios atuais envolvendo bancos regionais”, aponta. 

Investidores agora estão sendo mais atraídos pelos bitcoins e aumentando suas alocações em outros ativos digitais, explica. E complementa: “Nós vemos agora maior crescimento de adoção de bitcoin, de ativos digitais e de todo o sistema, as pessoas finalmente estão entendendo qual é a verdadeira proposta de valor.”

A descentralização e consistência do bitcoin faz com que seja confiável, em especial pelo entendimento exato de como funciona. Segundo Paul Cappelli, ao contrário do sistema bancário tradicional.

Há espaço para subir?

Ante uma alta de 66% apenas em 2023, não é possível não se questionar: há espaço para subir ainda mais? De acordo com Cappelli, há e muito. 

Todos os eventos no mundo dos criptoativos desde 2022, a alta de juros nos EUA e a pressão que foi colocada no ecossistema de ativos digitais trariam, por si só, um contexto favorável para o bitcoin, conforme explica. 

Somados a esses fatores ainda estão “os estágios iniciais de uma outra crise financeira”, segundo Cappelli, acompanhados do ponto de dúvida do Federal Reserve (Fed) sobre subir mais ou cortar juros e as dúvidas em relação aos bancos ao redor do mundo. Ele entende que, para além das consequências óbvias, o contexto faz com que as pessoas passem a ter desconfiança das instituições tradicionais. Cada falha faz com que essa desconfiança aumente, comenta. 

“O que todos estão começando a perceber  é que bitcoin é um ativo que você pode ter no seu portfólio que não somente te protege de risco como também tem uma oportunidade de crescimento, já que a volatilidade do Bitcoin caiu ao longo do tempo”, entende o portfolio manager.

Em sua visão, a onda atual mostra que os investidores finalmente entenderam como funciona e para que serve o bitcoin. E, ainda mais importante, qual é a sua proposta de valor. "E não há nada acontecendo no momento para acreditar que isso irá parar ou diminuir", complementa. 

Parte da confiança que existe no bitcoin, de acordo com os especialistas da Galaxy e do Itaú, vem do fato de ser possível acompanhar, de forma pública, todas as transações que já aconteceram e ainda acontecerão no futuro em relação a ele. 

Mesmo não sendo controlado diretamente por nenhuma instituição, torna-se confiável pela transparência presente na sua dinâmica e o fato de ser mantido por uma rede de mineradores que acompanham as transações

Bitcoin como commodity

Hoje, o bitcoin pode representar uma commodity no portfólio, é uma forma nova de hedge para o portfólio, na visão dos especialistas do Itaú e da Galaxy. Além disso, não é correlacionado com outros ativos. Seu valor principal, que ainda está em crescimento, é ter o mesmo valor em qualquer lugar do mundo

"Nós vemos o crescimento de alocação de bitcoin em portfólios e vemos que crescerá em portfólios ao redor do mundo", destaca Paul. 

Entre as vantagens apresentadas na live da Itaú Asset está, também, o caráter deflacionário da moeda. A cada 4 anos (o próximo evento será em 2024), a quantidade do criptoativo que pode ser mineirada em um dia cai, e seu limite é de 21 milhões de unidades. 

Volatilidade cada vez menor

Conforme Paul explica, "o bitcoin existe onde a internet existe, está presente em porfólio de todos os tipos de investidores, desde investidores pequenos até grandes instituições. Além disso, o bitcoin tem muita liquidez.” 

Mesmo assim, as pessoas seguem comprando bitcoins e mantendo em seus portfólios. Isso tem feito a volatilidade cair. Seu preço, no entanto, continua subindo, em um movimento proporcional, segundo Cappelli. De acordo com os especialistas, é esperado que a volatilidade caia também conforme a moeda passa a ser mais adotada em transações.  

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Sobre o autor
Camille BocanegraRepórter da Mais Retorno