Alta da Selic: como fica o rendimento das 5 principais aplicações em renda fixa
A alta de 0,75 ponto na Selic vai melhorar ligeiramente o rendimento das aplicações de renda fixa, que vem rodando em descompasso com a inflação corrente….
A alta de 0,75 ponto na Selic vai melhorar ligeiramente o rendimento das aplicações de renda fixa, que vem rodando em descompasso com a inflação corrente.
Como previsto majoritariamente por analistas e economistas do mercado financeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) não surpreendeu desta vez. Subiu 0,75 ponto porcentual a taxa básica de juros, a Selic, de 2,75% ao ano para 3,50%, nesta quarta-feira, 5.
Para a analista de Renda Fixa da XP Camilla Dolle, a elevação das taxas de juro torna o cenário positivo para aplicação em títulos pós-fixados, que acompanham a taxa de juros.
As que mais se beneficiam são as que têm a rentabilidade atrelada à taxa básica, como o Tesouro Selic, na plataforma do Tesouro Direto, e sua versão no mercado secundário, a Letra Financeira do Tesouro (LFT), encontrada também na carteira dos fundos DI.
Veja em detalhes o rendimento de cinco aplicações com a Selic de 3,50% ao ano.
1 – LCA. Uma aplicação de R$ 1.000 em Letra de Crédito do Agronegócio por um ano chegaria, pela taxa de 3,39% (equivalente a 97% da Selic), a R$ 1.033,95 bruto ou R$ 981,84, líquido, descontada a inflação estimada ponderada para o ano. A LCA é isenta de imposto de renda.
2 – LCI. Uma aplicação de R$ 1.000 em Letra de Crédito Imobiliário por um ano, por uma taxa de 2,80% (equivalente a 80% da Selic), chegaria no fim do período ao total de R$ 1.028,00 bruto ou R$ 976,19 líquido, após o desconto da inflação estimada ponderada para o ano. O rendimento da LCI também é isento de imposto.
3 – CDB. Uma aplicação de R$ 1.000 em Certificado de Depósito Bancário por um ano remunerado por 3,50% ou 100% do CDI (juro que anda colado na Selic) chegaria ao vencimento com R$1.035,00 bruto ou R$ 1.027,13, após o desconto de imposto de renda pela alíquota de 20% (R$ 7,88), que diminui para R$ 975,36 líquido, depois do desconto também da inflação estimada ponderada para o ano. No fim das contas, depois dos descontos, a taxa de remuneração recua para 2,71% ao ano.
4 – Tesouro Selic. Uma aplicação de R$ 1.000 em Tesouro Selic por um ano, remunerada pela taxa de 3,50%, chegaria ao vencimento com R$ 1.032,41 bruto ou R$ 1.025,93, após o desconto de imposto de renda de 20% (R$ 6,48) e de taxa de custódia de 0,25%. A taxa de remuneração depois dos descontos cai para 2,59%. Descontada a inflação ponderada estimada para o ano, o valor final recua para R$ 974,22.
5 – Fundos DI. Uma aplicação de R$ 1.000 em fundo DI por um ano, remunerada por 3,43%, chegaria no fim do período a R$ 1.029,13 bruto ou R$ 1.023,30 líquido, depois do desconto de imposto de renda de 20% (R$ 5,83) e taxa de administração de 0,50%. O valor líquido final, após o desconto da inflação estimada ponderada, cai para R$ 971,73.
Renda fixa recupera atrativos aos poucos
O head de Derivativos, Câmbio e Trade Finance da Valor Investimentos, Rafael Ramos, diz que a renda fixa em geral começa a ficar mais encorpada com a retomada de elevação da Selic. “O juro ainda é baixo para o investidor, mas a alta faz com que a renda fixa, que é um porto seguro, passe a ganhar maior atratividade, com novos aumentos na taxa Selic que são esperados até o fim do ano.”
A expectativa do mercado financeiro, de acordo com a última edição do relatório Focus, é que a Selic chegue ao fim de 2021 em 5,50% ao ano, cerca de meio ponto porcentual acima do IPCA estimado de 5,04%. Uma projeção de analistas e economistas que embute aposta em elevação gradual da Selic e desaceleração da inflação no segundo semestre.
O sócio da Santa Investimentos, Eduardo Santalucia, diz que o impacto da alta da Selic sobre a renda fixa é residual por enquanto, apesar das duas elevações seguidas, mas pode fazer crescer a atratividade ao longo do tempo, com o aumento gradual da Selic.
Por enquanto, a Selic corre abaixo das expectativas de inflação para o ano, em torno de 5%.
É o entendimento também da analista Paula Zogbi, da Rico Investimentos, que recomenda maior exposição a aplicações de renda fixa pós-fixadas. “Com uma estimativa de Selic a 5% ao ano no fim de 2021, podendo chegar a 6,50% em 2022, é uma boa opção, tanto pela liquidez (resgate a qualquer dia, com remuneração) quanto pela perspectiva de novas altas.”
Os investimentos indexados à inflação também devem ter lugar na carteira, de acordo com Paula. “Como o cenário ainda é de incertezas com a inflação, títulos como Tesouro IPCA (rende correção monetária pela inflação mais juros) e debêntures incentivadas atreladas ao IPCA (isentas de imposto de renda) também são indicados para a carteira.”
Especialistas em investimento não acreditam que a elevação da Selic, pela segunda vez, inverta a direção do fluxo de recursos para a bolsa de valores. A estrategista de Ações da XP, Jennie Lee, diz que não acredita na saída de investidores do mercado de ações para a renda fixa porque o juro real permanece baixo. “A tendência é que continue o movimento de busca por ações pelos investidores que tomam mais risco à procura de melhor rentabilidade.”