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Abordagens Top-Down e Bottom-Up: o que são e como funcionam?

Nesse texto aqui descrevemos como funciona a análise fundamentalista de ações. De forma geral, a análise fundamentalista foca nos aspectos econômicos e financeiros da empresa para…

Data de publicação:06/03/2019 às 03:17 - Atualizado 4 anos atrás
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Nesse texto aqui descrevemos como funciona a análise fundamentalista de ações.

De forma geral, a análise fundamentalista foca nos aspectos econômicos e financeiros da empresa para verificar seu potencial de valorização.

Em linhas gerais, a análise fundamentalista focará em olhar a capacidade da empresa de gerar lucro, o mercado em que ela está inserida (levando em conta concorrentes), investimentos a serem realizados e capacidade de gerar caixa.

Mas existem duas formas de fazer isso. São duas abordagens diferentes conhecidas como Top-Down e Bottom-up.

Por isso, continue lendo para saber mais sobre:

  • O que é a abordagem Top-down
  • O que é a abordagem Bottom-up
  • Qual a melhor estratégia de análise fundamentalista?

O que é a abordagem Top-down e como funciona

Como disse no início, a análise fundamentalista leva em conta os aspectos econômicos e financeiros.

Vou traduzir livremente a expressão top-down pois acho que facilitará nosso entendimento. Top-down pode ser lido como algo que signifique “de cima para baixo”.

Assim, a abordagem top-down começa olhando o macro em direção ao micro. A visão começa de longe e uma lupa vai sendo colocada.

O “macro” aqui significa o cenário econômico mesmo, o aspecto macroeconômico do país como o crescimento do PIB ou do setor que a empresa está inserida, a inflação, às taxas de juros, o valor do câmbio, a taxa de desemprego e assim por diante.

A partir de então, começa-se a olhar para o micro que seria simplesmente a empresa em si.

Logo, para essa abordagem, saber mais sobre como está a economia como um todo irá influenciar mais na análise do que propriamente as condições da própria empresa.

É claro que quanto mais saudável a economia estiver, melhor para todas empresas. Mas, quando digo aspecto econômico do país, quero dizer mais que setores específicos podem ter um desempenho melhor que outros.

Por exemplo, em um ambiente de altos juros, empresas que tenham muitas dividas tendem a ter uma performance pior. Por outro lado, bancos, por exemplo, podem ter uma boa performance, já que o seu core business é emprestar dinheiro.

Ao mesmo tempo, um dólar alto beneficia empresas exportadoras, mas prejudica empresas importadoras.

Além disso, podemos descrever o ciclo de negócios de cada empresa para realizar essa análise. Isso se divide em 4 etapas:

  • Expansão: momento de maior tração da atividade. A produtividade aumenta, produção e vendas se elevam e temos aumento da demanda dos consumidores e, consequentemente, do PIB;
  • Pico: é exatamente o ponto de maior atividade que a economia pode atingir;
  • Contração: após atingir o pico, é natural que a atividade passe a arrefecer. A economia é caracterizada por expansões cíclicas, então, nessa fase, os consumidores reduzem sua demanda e a produção cai;
  • Ponto de virada: como disse, a economia é cíclica. Então após a fase de depressão, ocorre a virada de ciclo e começa-se a fase de expansão novamente.

Você pode notar que o grande segredo dessa abordagem é descobrir o ponto de virada. Assim, conseguirá aproveitar toda a fase de expansão na qual as ações tenderão a se valorizar.

Depois dessa análise de cenário, aí sim, a estratégia top-down começa a considerar as peculiaridades financeiras de cada empresa.

O que é a abordagem Bottom-up e como funciona

Novamente preciso começar fazendo uma tradução do termo para explicar essa abordagem.

Bottom-up pode ser entendido como algo próximo a “de baixo para cima”.

Bem, você deve ter percebido logo que é justamente o oposto da estratégia anterior. Peço desculpas pela obviedade.

O ponto é que esse tipo de estratégia parte do micro para o macro. Aqui, novamente, o micro trata da empresa em si e o macro da economia de forma geral.

Logo, a estratégia bottom-up deverá focar primeiramente nos aspectos financeiros específicos de cada empresa. Só depois é que ela partirá para o estado macroeconômico do local em que a empresa está inserida.

Os aspectos micro que me refiro são desde o estado financeiro da empresa, análise de seus concorrentes, qualidade da administração, a satisfação de seus clientes e assim por diante.

Somente depois dessa análise micro é que se passa a olhar o estado da economia.

Ou seja, olhar o setor que a empresa está inserida é muito importante.

Existem basicamente três tipos de setores que as empresas se inserem nessa abordagem:

  • Industrias defensivas: são empresas menos reativas ao ciclo econômico. Chamamos também de anti-ciclicas. Bens de consumo não duráveis são exemplos desse tipo de indústria, afinal, mesmo em períodos de “vacas magras” ninguém deixa de consumir o básico para sobrevivência. Da mesma forma, elas também não “surfam” tanto quanto outras nas fases de expansão.
  • Indústrias cíclicas: são aquelas muito sensíveis a ciclos econômicos. Podemos citar o setor de automóveis e construção civil como exemplos. São afetadas pelo grau de expansão da atividade, ou seja, se valorizam mais quando o PIB está crescendo, porém caem mais quando a economia decresce.
  • Indústrias em crescimento: por fim, podemos citar as empresas que aproveitam novas oportunidades e crescem independente do ciclo econômico como as empresas de biotecnologia, por exemplo. Essas empresas tendem a investir pesado em pesquisa e desenvolvimento, operando com caixa negativo por um tempo e com tendência a distribuir poucos lucros.

Grandes investidores como Warren Buffett, Philip Fisher, Benjamin Graham, adotam (ou adotavam) essa estratégia Bottom-up.

Qual a melhor estratégia de análise fundamentalista?

Essa pergunta é muito subjetiva, é claro, mas vamos aos principais pontos.

Como economista, gosto muito de analisar a conjuntura econômica e tenderia a preferir a análise top-down.

No entanto, particularmente eu acredito que para analisar ações de forma assertiva faz mais sentido olhar casos específicos. Nesse caso a estratégia bottom-up faz mais sentido pra mim.

É claro, levar em conta o cenário econômico é sempre necessário, afinal isso irá afetar as empresas como um todo. Mas descobrir assimetrias entre empresas, faz mais sentido na análise de ativos renda variável, na minha visão.

Além disso, grandes investidores que respeito muito também utilizam esse tipo de abordagem reforçando mais essa minha preferência.

No final, tudo é uma questão de como o investidor ou analista prefere tomar suas decisões, escolhendo de acordo com sua familiaridade e gosto com cada abordagem.

Conclusão

A análise fundamentalista é uma forma de buscar as melhores empresas para se investir levando em conta aspectos econômicos e financeiros delas.

Para realizar isso podemos ter duas abordagens, a top-down e a bottom-up.

A primeira começa pela análise macro e depois leva em conta peculiaridades, enquanto a segunda começa analisando cada empresa, para depois expandir para o cenário macro.

Cada investidor tem a sua forma própria de realizar sua análise. Eu, particularmente gosto muito da abordagem bottom-up, que leva em conta peculiaridades da empresa e do setor.

De qualquer forma, buscamos oferecer um panorama de cada uma delas para você decidir como se sentir mais à vontade. Assim, fique à vontade para comentar!

Compartilhe esse conteúdo com mais investidores que você deseja ajudar a obter Mais Retorno conhecendo as duas abordagens de análise fundamentalista.

Sobre o autor
Vinicius AlvesEconomista, atuou no departamento econômico de empresas de sell side no mercado financeiro. Já foi Top-5 de projeção de inflação de curto prazo do BC.
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