Mercado Financeiro

Temor com juro alto no Brasil joga Ibovespa para abaixo dos 100 mil pontos

A falta de sinalização de queda da Selic e a possibilidade de nova alta da taxa no comunicado do Copom pesam no Ibovespa

Data de publicação:23/03/2023 às 05:53 - Atualizado um ano atrás
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Após abrir em alta e subir 0,90%, na máxima diária dos 101.125,76 pontos, o Ibovespa mudou de direção na manhã desta quinta-feira, 23, perdendo inclusive a importante marca psicológica dos 100 mil pontos. A mudança acontece apesar da alta firme das bolsas em Nova York, em meio a sinais de que os juros nos Estados Unidos poderão parar de subir ou aumentar menos do que o previsto pelo mercado.

Por aqui no Brasil, pesa a indicação de nova alta da Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que na quarta-feira manteve a taxa em 13,75% ao ano, como o esperado por analistas. O tom duro do comunicado pesa. Com isso, ações ligadas ao ciclo econômico sofrem, penalizando alguns papéis do setor de consumo.

Ações de varejo apresentam fortes quedas com perspectiva de alta dos juros - Foto: Reprodução

Para Bruno Takeo, analista da Ouro Preto Investimentos, o Banco Central tomou a decisão correta ao deixar a Selic no nível atual até que a inflação desacelere de fato. "A inflação de serviços ainda está forte. É condizente essa decisão, mas a sinalização de alta pode piorar mais a relação do BC com o governo, e isso gera muita incerteza, pode barrar investimentos, principalmente estrangeiro", analisa.

O embate entre o governo e o Banco Central segue no radar. Há instantes, o presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que o Copom não pode ficar longe da meta de inflação. Segundo ele, o Copom não pode fazer análise com base em texto que nem foi apresentado, ao se referir ao arcabouço fiscal.

"Aqui, não tem entusiasmo, sem fato novo. Era importante que saísse o arcabouço fiscal, mas pelo jeito ainda não encontraram uma proposta. O governo quer produzir superávit primário de 1% do PIB, mas é difícil cortar gastos. Quer chegar a uma situação de crescimento. Tem uma agenda imediatista. Isso contamina. Não dá para cortar juros com essa inflação", avalia Pedro Paulo Silveira, gestor da Nova Futura.

Às 14h50, o Ibovespa caía 1,58%, aos 98.641 pontos, na mínima, o que é a pior marca diária desde julho de 2022. No dia 27 daquele mês, marcou 99.771,55 pontos. Ações de varejo como Magazine Luiza e Via puxam o grupo das piores quedas, ao cederem 10,31% e 5,53%, respectivamente./AGÊNCIA ESTADO

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