Taxa de administração e performance: é justo este tipo de cobrança?
A taxa de administração e performance são cobranças comuns em fundos de investimentos. Entenda por que elas existem e se são justas com o investidor.
No mercado financeiro existem alguns custos, como a taxa de administração e performance, presentes nos fundos de investimentos. Mas esta é uma forma justa de oferecer o serviço de investimento? E afinal, o que são estas taxas?
Os fundos de investimentos representam um dos principais veículos de investimentos para o brasileiro. Eles permitem, afinal, uma certa tranquilidade na montagem de uma carteira na medida em que a tomada de decisão é delegada para uma equipe especializada, com maior acesso à informação sobre o mercado financeiro.
Ao mesmo tempo em que essa comodidade é positiva, especialmente para aquelas pessoas que não possuem o interesse de acompanhar de perto os ativos na sua rotina, há também um custo envolvido nesse processo. Estamos falando das famosas taxas cobradas pelo time de gestão.
O que é a taxa de administração?
A taxa de administração de um fundo de investimento é uma cobrança realizada sobre o patrimônio do cotista para a realização do serviço de gestão desse capital. Em outras palavras, é o pagamento realizado em função da terceirização da tomada de decisão e para que o investidor possa contar com especialistas ao gerir o seu dinheiro.
Geralmente, a taxa de administração é apresentada em formato percentual sobre o montante investido no fundo. Ou seja, quanto maior é o valor do capital aportado, também maior será o custo pago para a equipe de gestão. Importante mencionar que não há, neste caso, uma dependência dos resultados.
Se você investir R$20.000 em um fundo de investimentos que cobra uma taxa de administração de 1,5% ao ano, por exemplo, deverá pagar, anualmente, um valor de R$300,00 nesse período para a empresa responsável pela gestão do seu capital.
É justo que seja cobrada a taxa de administração?
Toda vez que falamos de um custo no mercado financeiro, a primeira dúvida do investidor é até que ponto aquela cobrança é realmente necessária. E, principalmente, se ela é justa e faz sentido.
No caso da taxa de administração, entendemos que ela é sim uma cobrança que faz sentido. Entenda esse custo como uma forma de você pagar a equipe que vai realizar a gestão do seu capital pelos serviços prestados e que, em muitas vezes, compensa na medida em que os recursos para a tomada de decisão são melhores do que o investidor teria individualmente.
A verdade é que ninguém trabalha de graça e, naturalmente, uma equipe contratada por uma gestora de investimentos também precisa ser remunerada pelo seu esforço. Além disso, a estrutura que mencionamos anteriormente, oferecendo recursos e ferramentas para a melhor tomada de decisão, possui um custo associado.
Portanto, entenda a taxa de administração como uma forma de pagar uma equipe para tomar conta dos seus investimentos. E, sob essa ótica, o custo anual pode ser considerado relativamente baixo para quem só quer investir, sem se preocupar com a dinâmica diária do mercado financeiro.
O que é a taxa de performance?
A taxa de administração é relativamente simples de entender e até mesmo de aceitar. Faz sentido, afinal, pagar uma equipe pelo trabalho realizado. No entanto, existe uma outra taxa comum em fundos de investimentos que acaba esquecida por muitos investidores na escolha por um produto: a taxa de performance.
Em suma, essa é uma taxa cobrada sobre valores que excederam uma expectativa ou promessa de rentabilidade de um fundo de investimentos. O racional é simples: quando o time de gestão entrega um resultado muito acima da média, ele merece ser remunerado de forma adicional por um bom serviço prestado.
Fazendo uma analogia simples com o varejo brasileiro, podemos dizer que a taxa de performance pode ser considerada como uma espécie de "comissão" sobre "vendas realizadas" — que, neste mercado, são os lucros gerados para o cotista.
Enquanto a taxa de administração é fixa e percentual, a taxa de performance costuma estar associada a um indexador — chamado no mercado financeiro de benchmark. Um fundo de investimentos pode cobrar, por exemplo, 20% de taxa de administração para resultados que superam o CDI + 5,5%.
Ou seja, nessa situação hipotética que mencionamos, essa taxa só seria aplicada caso a entrega do fundo seja superior a 5,5% em relação ao CDI. Resultados abaixo desse rendimento ficam isentos da taxa de performance na medida em que não houve uma atuação fora da curva pelo time de gestão.
É justo que seja cobrada a taxa de performance?
Embora seja muito mais polêmica do que a taxa de administração, a taxa de performance pode sim fazer sentido na medida em que gera uma motivação adicional para uma equipe de gestão. Afinal, quanto mais dinheiro esse time gerar para o investidor, melhores serão também as remunerações internas.
Nesse sentido, a taxa de performance contribui para que a gestora de um fundo se esforce para atingir os melhores resultados possíveis dentro de um determinado período. Sem ela, a equipe poderia se contentar com um resultado normal, cumprindo uma expectativa mínima em função da falta de incentivo.
Importante mencionar que o período de aplicação da taxa e performance pode variar de fundo para fundo, de acordo com o estipulado em regulamento. É fundamental avaliar se o prazo faz sentido para o mercado de atuação — especialmente na renda variável, quando meses muito positivos se alternam com frequência com meses de retorno negativo.
Como analisar as taxas cobradas pelos fundos de investimentos?
Considerando que as taxas fazem parte da indústria de fundos de investimentos, como o investidor deve lidar com elas caso opte pela contratação de uma equipe de gestão para o seu capital?
Começando pela taxa de administração, ela deve estar adequada para o mercado de atuação do produto. Uma taxa de 2,0% ao ano para um fundo de ações com gestão ativa faz sentido, pois é a média praticada pelo mercado.
Essa cobrança já não faz sentido se o produto for de renda fixa conservadora (investindo em títulos públicos, por exemplo) ou então um ETF, que possui gestão passiva, apenas replicando um determinado índice. Neste caso, como o desafio da gestora é mais "simples", a cobrança não deve ser tão elevada quanto um mercado de risco.
Já em relação à taxa de performance, é importante compreender se ela faz sentido de acordo com os ativos com os quais o fundo pode trabalhar. Um fundo de ações, por exemplo, deve preferencialmente estar associado ao Ibovespa, que é o nosso principal indicador do mercado acionário brasileiro, enquanto um fundo de renda fixa deve superar o CDI, que é um benchmark mais adequado.
Além disso, é importante verificar se a gestora consegue entregar bons resultados. A boa notícia é que isso é bem tranquilo de fazer usando a nossa ferramenta de comparação de fundos de investimentos. Isso porque os fundos são obrigados a publicar o resultado das suas cotas líquidas, já descontados os custos operacionais.
Veja abaixo um exemplo do fundo Itaú Multimercado Yield Plus FIC FI. Note como ele consegue entregar uma performance acima do CDI e do IPCA (principal indicador de inflação) no longo prazo mesmo após o desconto das suas taxas de administração e performance.