Economia

Selic sobe para 13,25%, e Copom sinaliza nova alta dos juros em até 0,5 ponto porcentual em agosto

Política monetária vai continuar em terreno ainda mais contracionista

Data de publicação:15/06/2022 às 06:51 - Atualizado 2 anos atrás
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Sem nenhuma surpresa, o Comitê de Política Monetária, o Copom, aumentou o juro básico da economia em 0,50 ponto porcentual, levando a Selic ao nível de 13,25% ao ano. Trata-se da 11ª alta consecutiva da taxa, desde que a autoridade monetária iniciou o atual ciclo de alta, em março de 2021, quando o juro estava de 2% ao ano.

No entanto, a expectativa maior do mercado era com o teor do comunicado expedido logo após a reunião. Nele, os diretores do Banco Central indicaram que diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas, "é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista".

Alta da Selic em agosto pode ser de igual ou menor magnitude em relação aos 0,5% pp - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Assim, volta para o radar do mercado novas altas das taxas em agosto. "Para a próxima reunião, o Comitê antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude", ressalta o comunicado.

Justificativas para o ajuste

As principais justificativas continuam sendo que o cenário internacional preocupa com as pressões inflacionárias exigindo dos bancos centrais reforço na alta dos juros, o que aumenta a aversão aos riscos, trazendo ainda mais volatilidade aos mercados emergentes.

Mas além dos fatores externos, a inflação aqui continua surpreendendo negativamente, o que requer acompanhamento cauteloso do comportamento do preços nos próximos meses. A expectativa é a de que uma reversão nos preços das commodities possa contribuir para segurar a inflação.

Ao mesmo tempo, a questão fiscal continua sendo preocupação das autoridades monetárias. "A incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e políticas fiscais que impliquem sustentação da demanda agregada, parcialmente incorporadas nas expectativas de inflação e nos preços de ativos." 

O Copom diz estar atento à atividade econômica e o nível de desemprego no País, porque uma desaceleração da economia maior do que a projetada e esperada também pode colocar um freio na alta dos juros.

O colegiado também avaliou que "as medidas tributárias em tramitação reduzem sensivelmente a inflação no ano corrente, embora elevem, em menor magnitude, a inflação no horizonte relevante de política monetária. O Comitê avalia que a conjuntura particularmente incerta e volátil requer serenidade na avaliação dos riscos", diz o documento em outro trecho.

Próxima reunião

A Selic permanecerá em 13,25% até o dia 3 de agosto, quando o colegiado do Copom volta a se reunir para definir em que nível ficará a taxa no próximo período.

Trajetória da Selic

Abaixo é possível ver que entre 2015 e 2016 a taxa alcançou o nível máximo de 14,25% ao ano nos últimos sete anos. Depois, a Selic mergulha em trajetória de queda para alcançar seu nível mais baixo dentro de sua série histórica de 2% ao ano, em 2020, para 2021.

A partir de março do ano passado, a taxa escala em curva íngreme até chegar em 13,25% nesta quarta-feira,15.

Fonte: Banco Central
Sobre o autor
Regina PitosciaEditora do Portal Mais Retorno.