Presidente da Petrobras é demitido com pouco mais de 40 dias no cargo; Caio Paes de Andrade deve assumir o cargo
Essa é a terceira demissão no comando da estatal no governo de Jair Bolsonaro
Foi formalizada nesta segunda-feira, 23, a demissão do terceiro presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, no governo de Jair Bolsonaro. O presidente demitiu Coelho após pouco mais de 40 dias no cargo e o principal nome cotado para substituí-lo é Caio Paes de Andrade.
A troca de comando do Ministério de Minas e Energia, com a escolha de Adolfo Sachsida para substituir Bento Albuquerque, levou a mudanças na diretoria estatal. Bento foi demitido após a Petrobras ter aumentado o preço do diesel dias depois de o presidente pedir ao ex-ministro e a Coelho que não aumentassem o preço durante uma transmissão nas redes sociais.
Ao escolher Sachsida, ex-secretário do ministro da Economia, Paulo Guedes, Bolsonaro cobrou mudanças na postura da empresa. O presidente não concorda que a petroleira tenha lucro bilionário e não possa dar uma "trégua" nos reajustes durante a guerra da Rússia e Ucrânia, período de alta volatilidade dos preços internacionais. Bolsonaro quer que as movimentações sejam feitas em espaço de tempo maior.
Coelho é o terceiro presidente da Petrobras a ser demitido no governo Bolsonaro e foi escolha de Bento depois que dois nomes foram descartados - Adriano Pires e Rodolfo Landim - por conflitos de interesse com a indústria de óleo e gás. Foi Bento que fez a negociação e bancou o nome de Coelho depois de barrar a indicação de Caio Paes de Andrade.
Insatisfação de Bolsonaro com a Petrobras
Com o preço alto dos combustíveis e de energia elétrica ameaçando sua reeleição, Bolsonaro vem demonstrando insatisfação em relação à gestão de Coelho à frente da Petrobras. Neste mês, disse que que a petroleira está "gordíssima, obesa", em referência ao lucro da estatal de R$ 44,56 bilhões no primeiro trimestre do ano.
"Petrobras, você é Brasil! Ou quem está aí dentro não pensa no seu país? O povo está sofrendo bastante com o preço do combustível".
Discurso de Bolsonaro a jornalistas em uma feira agropecuária em Maringá, no Paraná
A União é o maior acionista da empresa, ou seja, recebe a maior parte dos dividendos da estatal, que vão direto para o caixa do governo. A governança da estatal tem sido uma barreira a impedir uma mudança na política de reajustes de paridade internacional.
Com novo presidente, Petrobras terá também novos membros no Conselho
A Petrobras informou no final da noite que, se a demissão de José Mauro Coelho da presidência da companhia for aprovada em Assembleia Geral Extraordinária (AGE), ocorrerá a destituição de todos os membros do Conselho eleitos como ele, por meio do voto múltiplo. A estatal terá, assim, de realizar uma nova eleição para esses cargos.
Em fato relevante, a Petrobras informou que o Ministério de Minas e Energia enviou ofício à empresa solicitando a convocação de uma AGE para destituir Coelho e eleger Caio Paes de Andrade como membro do Conselho de Administração da companhia.
Segundo a Petrobras, o ministério solicitou que a avaliação do nome de Andrade pelo Conselho ocorra após a realização da AGE. / Com Agência Estado