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Petrobras tem lucro abaixo do esperado, mas números agradam o mercado e papel sobe 4,8%

Os investidores e analistas parecem ter sentido firmeza nos resultados que Petrobras apresentou em seu balanço trimestral. Não por outro termômetro, os papeis da empresa exibem…

Data de publicação:14/05/2021 às 02:53 - Atualizado 4 anos atrás
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Os investidores e analistas parecem ter sentido firmeza nos resultados que Petrobras apresentou em seu balanço trimestral. Não por outro termômetro, os papeis da empresa exibem alta superior a 4% nas negociações desta sexta-feira. No fechamento PETR4 ficou cotada R$ 26,19 com alta de 4,8%.

Embora com receitas e lucro líquido abaixo do estimado, outros resultados sustentam e justificam a aposta na empresa.

Esferas de armazenamento de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) da Refinaria Duque de Caxias - REDUC

O Ebitda da Petrobras (PETR4) no trimestre ficou em linha com a projeção feita por especialistas do Banco Safra. Ainda que as receitas tenham vindo abaixo do esperado no segmento de refino e levado a receita líquida total a R$ 86,2 bilhões (+15% T/T), o que é12% menor que o previsto.

Ao mesmo tempo, segundo eles, essa queda foi compensada por custos abaixo das projeções no mesmo segmento, beneficiados pelos ganhos com estoques. Condição também ressaltada por analistas do BTG Pactual.

O lucro líquido, de R$ 1,2 bilhão, ficou aquém do esperado pelo Safra, em torno de R$ 4 bi, em decorrência de despesas financeiras e cambiais acima do esperado. O reconhecimento do imposto de renda também foi elencado pelo BTG Pactual para queda dos números.

Mas ambas as instituições apontam aspectos positivos como redução no custo de extração e do endividamento da companhia.

Segundo os analistas do Safra, o custo de extração da Petrobras (PETR4), sem impostos de produção, foi de US$ 6,7/boe, 7% inferior ao trimestre anterior. Queda que é explicada principalmente pelos menores custos com manutenção e inspeções submarinas.

Em relação ao 1º trimestre do ano passado, o lifting cost foi 11% menor, reflexo da desvalorização do real, hibernação de plataformas de águas rasas, desinvestimentos e entrada em operação da plataforma P-70.

A dívida da Petrobras (PETR4), por sua vez, continua em tendência de queda. O forte fluxo de caixa livre de R$ 31 bilhões no trimestre ajudou a reduzir a dívida líquida de US$ 63 bilhões no 4T20 para US$ 58 bilhões. A relação dívida líquida/EBITDA era de 2,0x no final do 1T21 vs. 2,2x no 4T20.

Vale a pena comprar Petrobras?

Na opinião de especialistas do Safra, a Petrobras tem sólida geração e fluxo de caixa, e seu plano estratégico é um bom sinal, o de que a empresa concentrará esforço em seus principais direcionadores de valor. A recomendação do banco é de compra, com a perspectiva de manutenção de tendência positivas de negócios. O preço-alvo é de R$ 29,50.

“Em nossa avaliação, os números da Petrobras (PETR4) demonstram o resultado positivo das iniciativas adotadas nos últimos trimestres. Se os atos da nova administração confirmarem seu discurso de manutenção de tais iniciativas, as preocupações com a interferência política na empresa podem ser reduzidas e o preço das ações pode responder positivamente,” dizem eles em relatório.

Analistas do BTG Pactual vão nessa mesma linha e ressaltam que a nova gestão passou uma mensagem de continuidade e racionalidade e livre de intervenção, o que é valorizado por eles. Eles consideram que os resultados da empresa no início de 2021 se traduzem em um “trimestre limpo e muito forte”.

O Safra aponta como riscos do investimento a ingerência política na companhia, por ser estatal e sem perspectiva de privatização no curto prazo, além de eventual greve de caminhoneiros.

Já a equipe do BTG Pactual tem expectativas com o tom da direção da Petrobras na teleconferência dos resultados, de modo a identificar como é vista a capacidade da empresa de cumprir as metas de vendas de ativos previamente estabelecidas, incluindo refinarias, disciplina de capex, meta de alavancagem e a política de dividendos. O rating do banco para a companhia permanece neutro.

O que disse a direção da empresa

Em teleconferência, o diretor de Comercialização e Logística da empresa, Cláudio Mastella, afirmou que a empresa manterá o ritmo de reajuste de preços dos seus combustíveis, que é adotado hoje. "Não haverá mudança. A partir da observação de participação de mercado e competitividade vamos definir os preços. Não teremos uma frequência definida. Buscaremos competitividade e sustentabilidade do negócio".

A política de reajustes de preço é tema de preocupação do mercado financeiro, atento a possíveis mudanças implementadas pelo novo comando da companhia. Mas a indicação de Mastella, no entanto, é que não haverá mudança.

 O diretor esclareceu que a empresa vai manter a Política de Paridade de Importação (PPI) e vai continuar perseguindo o alinhamento dos preços dos seus combustíveis aos do mercado internacional.

A análise desse acompanhamento permanecerá sendo feita anualmente, mas, ao longo do ano a empresa deve revisar os valores, conforme as oportunidades momentâneas de ganhos de margem. "Não há períodos previstos de definição dos novos valores. A ideia é seguir um caminho intermediário, em que oscilações pontuais não são repassadas ao consumidor imediatamente", disse Mastella em coletiva de imprensa.

O diretor financeiro, Rodrigo Alves, informou que as operações de desinvestimento, de janeiro a maio, somadas vão gerar US$ 2,5 bilhões ao caixa da empresa. Nesse mesmo período, entraram US$ 500 milhões com a venda de ativos. Ele reafirmou a intenção da estatal de dar continuidade ao programa de venda de ativos, inclusive de oito refinarias.

Até agora, foi concluída a negociação da Rlam, instalada na Bahia. Além dela, estão em estágio avançado de venda a Refap (RS), Lubnor (CE) e SIX (PR)./Com Agência Estado

Sobre o autor
Regina PitosciaEditora do Portal Mais Retorno.