Economia

Perspectivas para novembro: ruídos políticos e nomes para a economia do governo Lula devem dar o tom ao mercado

Questão fiscal é uma das principais preocupações do mercado

Data de publicação:01/11/2022 às 05:00 - Atualizado 2 anos atrás
Compartilhe:

O mês começa com expectativas voltadas para manifestações de caminhoneiros que bloqueiam rodovias do País, questionando os resultados das eleições presidenciais, e ação da Polícia Federal para a liberação do tráfego. A questão política ainda pode trazer instabilidade aos mercados, mas há outras questões relevantes dentro das perspectivas para novembro.

O mercado financeiro deve acompanhar de muito perto também a escolha de nomes que formarão a equipe de governo, principalmente da área econômica, do presidente eleito Lula da Silva.

Nomes da equipe econômica de Lula são aguardados com ansiedade pelo mercado - Foto: Agência Brasil

Os nomes podem ser anunciados em dias ou semanas, até para baixar a ansiedade de investidores e gestores. Em vez de um nome, seriam vários, porque a ideia de Lula seria a recriação de ministérios extintos pelo atual presidente. Seriam recriados os ministérios da Fazenda, do Planejamento e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

O nome que mais atrai a atenção do mercado é o do comandante do Ministério da Economia. O desenrolar dos ruídos políticos e a definição do time de governo com propostas de política econômica, para especialistas, darão o tom do mercado no mês que começa hoje e ao longo do tempo até a posse do novo governo.

A questão que mais preocupa investidores e gestores está ligada à condução fiscal pelo novo governo, à construção de um arcabouço fiscal capaz de controlar os gastos públicos. Uma desconfiança dos investidores em relação ao compromisso do presidente eleito com o controle fiscal tenderia a criar um ambiente de instabilidade que pode afetar todos os mercados, das ações ao dólar, passando por juros.

Ideias econômicas em estudo

O presidente eleito e seu staff mais próximo não têm ainda um plano de governo, mas algumas ideias econômicas estão sendo delineadas. Propostas sobre o valor do Auxílio Brasil de R$ 600 e reajuste real do salário mínimo já circulam pela equipe de transição.

São medidas que compõem o pacote fiscal do novo governo e atraem os holofotes de investidores e gestores de mercado. Propostas que atendem aos compromissos de campanha de Lula, mas geram preocupação, nos agentes econômicos e financeiros, quanto ao impacto nas contas públicas.

A dúvida primária, que persiste, é saber de onde tirar os recursos para quitar essa conta, que não está prevista no Orçamento de 2023 enviado pelo atual governo ao Congresso. E é isso que o mercado quer saber.

Há várias propostas em negociação, até mesmo com o relator da proposta de Orçamento, senador Marcelo Castro, mas algumas decisões dependem de aval do novo ministro da Economia, que ainda não foi escolhido.

Uma delas é uma espécie de licença para a expansão do gasto, chamada no mercado de “waiver” ou perdão, que investidores e agentes do mercado financeiro preveem um limite de R$ 100 bilhões para seu uso. Esse valor, contudo, seria insuficiente para cobrir os custos com as principais promessas de campanha, incluído a expansão de investimentos.

Entre as promessas de campanha está também o reajuste da faixa de isenção da tabela do imposto de renda de contribuinte pessoa física para R$ 5 mil. Embora prevista para execução ao longo de até quatro anos, é uma medida que implica renúncia fiscal ou redução da receita com arrecadação de impostos. Com impacto nas contas públicas.

Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.