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Vale a pena investir em opções? Saiba o que são e como funcionam

“Vencimento de opções movimenta R$ 10 bilhões em ações do Ibovespa” ou “determinado fundo está alavancado em 2 vezes seu patrimônio em opções”. São frases comuns…

Data de publicação:12/07/2018 às 09:41 - Atualizado 4 anos atrás
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"Vencimento de opções movimenta R$ 10 bilhões em ações do Ibovespa” ou “determinado fundo está alavancado em 2 vezes seu patrimônio em opções”.

São frases comuns no noticiário econômico e financeiro mais técnico e que despertam muitas vezes medo por parte dos investidores pequenos.

De fato, o contrato de opção é um pouco mais sofisticado, porém extremamente poderoso e que pode jogar muito a seu favor se for utilizado de forma inteligente e estratégica.

O investidor que compreende de fato o que são Opções pode tanto utilizar essa ferramenta para proteger seus investimentos como também para alavancar seus ganhos em operações mais arriscadas.

E esse tipo de contrato não é restrito a bancos ou fundos de investimentos: você também pode investir em opções na bolsa de valores com grande facilidade.

Mas sem dúvida alguma é indispensável conhecer muito bem o funcionamento do mercado de opções antes de fazer isso, afinal quem investe nele antes de estudar de verdade o assunto não costuma ter boas histórias para contar.

É isso que o Mais Retorno vai oferecer a você hoje.

Por isso, continue lendo para saber mais sobre o que são opções e como investir:

  1. O que são opções
  2. Conceitos Importantes
  3. Dois exemplos: Opção de compra e de venda
  4. Como Investir

1. O que são Opções

Contratos de opções são contratos de derivativos, ou seja, não são um ativo por si só, mas são influenciados pela variação de algum outro ativo final. Ou seja, só existem porque algum outro ativo existe antes dele, seja ele uma ação, um índice, uma taxa de juros, uma commoditie, enfim, qualquer ativo financeiro.

Se você prestou atenção na explicação acima, também deve ter percebido que o nome já é bem sugestivo, afinal de contas o derivativo “deriva de um ativo”.

A Opção é um contrato entre dois investidores que dá o direito de comprar ou vender algo no futuro por um preço acordado hoje.

Então no fim, o que está sendo negociado é esse direito de escolher (que pode ser bem poderoso de acordo com o cenário que tiver) comprar/vender um ativo a um preço pré-determinado.

Calma, imagino que ainda pode estar um pouco nebuloso, mas vou dar mais detalhes daqui em diante.

Vamos conhecer um pouco melhor os principais pontos que compõem o contrato de Opção e o que fazem, bem como explicar os principais conceitos e então verificar um exemplo prático para deixar bem claro.

2. Conceitos Importantes

Como em qualquer negociação existem duas partes em um contrato de opção: o comprador e o vendedor (desculpe a obviedade), mas aqui eles terão um nome específico.

Ao comprador damos o nome de Titular. Isso é intuitivo na medida que ele pagou para adquirir um direito sobre aquele ativo, portanto, tem o título desse direito.

A esse ativo que o comprador tem o direito de fazer algo (comprar ou vender), damos o nome de Ativo-Objeto.

Já o vendedor, damos o nome de Lançador. Ele é o lançador pois é ele que, à grosso modo, lança o direito no mercado para que possíveis interessados adquiram.

Como estamos negociando algo (nesse caso o contrato de Opção), mesmo que seja o “simples” direito de fazer algo, temos que pagar por esse direito. Ao nome desse direito (opção que se tem de fazer algo) damos o nome de Prêmio.

O Titular (comprador) paga um o prêmio (preço) ao lançador (vendedor) e obtém o direito de comprar ou vender o ativo-objetivo a um preço acordado. A esse “preço acordado”, damos o nome de Preço de Exercício, que também é muito conhecido como Strike.

É preciso definir ainda uma data na qual a opção pode ser exercida (quando o Titular pode escolher usar o seu direito). Essa data chama-se Vencimento da Opção.

Dependendo das especificações firmadas, a data de vencimento da opção pode ser encarada como uma data máxima (aí o titular pode exercê-la até esta data) ou uma data específica (aí o titular só pode exercê-la exatamente nesta data).

O Titular, como frisamos, tem o direito de usar sua opção ou não. Então, passada a data de vencimento da opção, caso ele escolha não exercer esse seu direito, ela simplesmente expira e não vale mais nada.

Agora que sabemos os conceitos, vamos verificar o papel de cada um na negociação: Titular e Lançador.

Titular e Lançador de Opções

Uma opção só existe porque existem disposições contrárias.

O Lançador aceita ser obrigado a comprar ou vender um ativo no futuro por um preço pré-estabelecido. Por outro lado, o Titular deseja ter a opção de escolher se irá comprar ou vender esse ativo por aquele preço acordado no futuro.

O Titular, claramente tem uma vantagem nisso, já que poderá exercer essa opção ou simplesmente não fazer nada, enquanto o Lançador será obrigado a honrar o acordado se o Titular desejar.

Por isso, para aceitar essa obrigação, o Lançador tem de ser remunerado por isso. É o Prêmio, que definimos acima.

Dessa forma, uma opção é um simples contrato onde se negocia um direto de fazer algo (comprar ou vender) em relação a um ativo-objeto. Como toda negociação, existe um comprador e um vendedor (do direito) e especificações a serem seguidas.

Agora vamos verificar na prática como funciona o mercado de opções para deixar isso ainda menos nebuloso.

3. Dois exemplos: Opção de compra e de venda

Como estamos sempre batendo na tecla que a opção pode ser tanto de compra quanto de venda, vamos verificar um exemplo de cada tipo de opção (de comprar e de vender).

Na verdade, você entenderá que elas são bem distintas.

Opção de Compra

Ao adquirir uma opção de compra, também chamada de call, o Titular tem o direito de comprar no futuro um ativo-objeto pelo preço acordado hoje.

Imagine que você adquira a opção de compra de uma ação da Petrobras ao preço de exercício, de R$ 10,00. A data de vencimento será daqui a 6 meses e o prêmio pago para adquirir essa opção foi de R$ 2,00. Atualmente a ação está sendo negociada a, digamos, R$ 8,00.

Passados os 6 meses, você terá o direito de adquirir aquela ação da Petrobras a R$ 10,00 e o Lançador terá a obrigação de te vender a esse preço, caso você queira.

Obviamente, você só exercerá seu direito de compra se o preço de mercado da ação da Petrobras estiver vantajoso (nesse caso maior que os R$ 10,00).

Digamos então que ela continuasse sendo negociada a R$ 8,00. Ora você tem o direito de comprar essa ação pelo preço de R$ 10,00, mas não a obrigação. Então porque compraria ela a R$ 10,00, sendo que ela está sendo negociada a R$8,00? Caso você quisesse de fato adquirir a ação da Petrobras, você poderia simplesmente ir ao mercado e a comprar mais barata por R$ 8,00.

Agora, por outro lado, imagine que algo muito positivo aconteça e a ação da Petrobras dobre de valor, passando a ser negociada a R$ 16,00.

Como você tem a opção de compra-la por R$ 10,00, você deverá exercer esse direito e comprar a um preço mais baixo do que o mercado está negociando. Se quiser, depois é só vender a ação ao preço praticado no mercado (R$ 16,00) e embolsar o lucro do investimento. Dessa forma, você teria um lucro de R$ 6,00 com esta operação (16-10).

Porém não é apenas a diferença de preços que deve ser levada em conta, afinal o Titular também tem de pagar o prêmio para adquirir aquela opção. Portanto, como no nosso exemplo o prêmio seria R$ 2,00, logo, o lucro que seria de R$ 6,00 se reduz para R$ 4,00.

É fácil notar que a opção de compra só será exercida caso o preço de mercado suba além do strike.

O Titular tem lucro da diferença entre o preço de exercício e o preço de mercado menos o prêmio pago. Assim, caso a diferença de preços seja menor que o prêmio, ainda assim o titular não terá lucro liquido.

Mesmo assim, pode limitar o seu prejuízo.

O diagrama abaixo resume as alternativas que o titular tem em uma opção de compra.

No gráfico, o eixo vertical refere-se ao lucro da operação.

Ele começa no negativo, pois o titular tem de pagar o prêmio para iniciar a operação e já começa perdendo esse valor.

Conforme o preço da ação sobe, vai ficando cada vez mais lucrativo exercer a opção.

O trecho amarelo abaixo do eixo horizontal é onde o diferencial de preços é positivo (strike menor que preço de mercado), porém ainda não paga o prêmio da opção.

Quando esse diferencial fica maior que o prêmio, estamos no trecho amarelo acima do eixo horizontal.

Agora fica fácil notar: ao comprar uma opção de compra, o Titular espera que o ativo-objeto suba de preço para poder exercer a opção e ter lucro nessa operação.

Mas e o lançador, como fica nesse jogo?

Enquanto o Titular tem o direito de exercer sua opção, o Lançador é aquele que tem o dever de, caso o titular exerça a opção, honrar a operação. Afinal, é para isso que ele recebe o prêmio de qualquer forma.

Esse valor, o lançador sempre terá independente do que o titular faça com a opção. Seu lucro, portanto, é limitado a esse valor.

Suas perdas, por outro lado, são potencialmente ilimitadas dado que ele terá que honrar a operação seja qual for o valor.

No nosso exemplo, na primeira situação, em que a ação continua sendo negociada a R$8,00 e o titular tem a opção de compra a R$10,00 e, portanto, não a exerce, o lançador apenas recebe o seu prêmio e esse é exatamente seu lucro.

Agora na segunda situação, em que o titular exerce a opção com strike de R$ 16,00, o lançador terá um prejuízo de R$ 6,00 (16 que está valendo a ação menos 10 que é o stike). Desconta-se disso o prêmio (R$ 2,00) que recebeu, seu prejuízo líquido será de R$ 4,00.

O Gráfico abaixo resume os ganhos e perdas tanto do titular quanto do lançador.

O lançador tem o lucro limitado ao valor do prêmio, que vai diminuindo quanto maior for o preço da ação, passando a ter prejuízo quando o preço da ação for maior do que o strike + prêmio.

Dessa forma, o lançador de uma opção de compra, aposta na queda, ou ao menos manutenção do valor da ação.

Opção de Venda

A opção de venda, também chamada de put, tem a mecânica parecida com a opção de compra, mas agora o Titular aposta na queda do preço do ativo-objeto.

Para simplificar, imagine um cenário com os mesmos valores do exemplo anterior.

Ao adquirir uma opção de venda, o Titular paga um prêmio de R$ 2,00 pela opção de vender uma ação da Petrobras por R$ 10,00 por seis meses.

A ação está sendo negociada atualmente a R$ 8,00.

Passados seis meses, a ação da Petrobras continua sendo negociada pelos mesmos R$ 8,00.

Ora, o Titular teria a opção de a venda por R$ 10,00, portanto, a um preço maior do que o mercado está negociando.

Então o Titular exerce essa opção e consegue obter o “lucro bruto” de R$ 2,00 por ação (10-8). Porém como pagou o prêmio de R$ 2,00, seu “lucro líquido” seria zero.

Agora pense que com os mesmos parâmetros, passados os 6 meses a ação esteja sendo negociada a R$ 6,00. De novo, abaixo do strike.

Ora, como você pode vender a um preço maior, você exerce esse direito e consegue vender a ação da Petrobras por R$ 10,00.

Depois pode ir ao mercado e compra ela de volta por apenas R$ 6,00, que é o preço que está sendo negociado.

Com essa operação agora o “lucro bruto” seria de R$ 4,00 por ação. Descontando o prêmio pago, o rendimento líquido seria de R$ 2,00 por ação com a operação.

Veja o gráfico de lucros e perdas de uma put.

Quanto menor o preço de mercado da ação, maior será o lucro do Titular de uma Put. A perda seria referente ao prêmio pago ao lançador.

No caso do lançador da opção de venda, a intuição é a mesma do lançador de compra. Seu lucro é limitado ao prêmio que ele recebe pela obrigação de ter de honrar a operação caso o titular a exerça.

No nosso exemplo, na primeira situação, em que o titular exerça a opção de venda a R$ 10,00, o titular tem um prejuízo de R$ 2.00 (10 – 8), porém obtém um prêmio de R$2,00. Ficando, assim, zerado na operação.

Se a ação subir mais de preço, o titular não exerce a opção, e o lançador obtém o lucro total equivalente ao prêmio que recebe (R$2,00).

Seu lucro é limitado ao prêmio, suas perdas, no entanto, são limitadas quanto menor for o preço da ação.. o gráfico abaixo resumo as perdas e ganhos dos dois agentes.

Assim, percebe-se que o lançador tem o lucro limitado ao prêmio, enquanto seu prejuízo é tanto maior quanto menor for o preço da ação no dia do vencimento da opção.

O lançador da opção, ao contrário do titular, aposta que a ação irá se valorizar.

4. Como investir

As opções são negociadas em bolsa da mesma forma que a ações e ETFs. Dessa forma, qualquer investidor com uma conta em alguma corretora, tem acesso ao mercado de opções e pode negociá-las até mesmo de seu Home Broker.

Como se trata de um mercado um pouco mais complicado e em que a volatilidade é grande, existe o risco de perdas significativas, na medida que é possível se alavancar por meio de opções. Por isso é importantíssimo conhecer bem esse mercado e estar ciente dos riscos que podem existir.

Opções podem ser um bom instrumento para capitalizar movimentos que antecedemos, seja de alta de um ativo (adquirindo uma opção de compra) ou em movimentos de queda do ativo-objeto (comprando uma opção de venda). Mas use com parcimônia e sabedoria essa ferramenta.

Conclusão

Hoje você conheceu um mercado que muito se ouve no jargão econômico/financeiro e às vezes poderia ficar perdido sem entender. De fato, não é algo trivial de se entender e espero que hoje tenha conseguido trazer uma boa luz sobre esse assunto para você.

O objetivo era justamente desmistificar um pouco desse mercado e mostrar como a ferramenta de opções pode nos ajudar a aproveitar movimentos de queda ou de alta de algum ativo.

E isso não encerra o assunto, muito pelo contrário! Em breve traremos novos textos ensinando as principais estratégias de investimentos em opções, por isso se inscreva no site para se aprofundar ainda mais nesse assunto!

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Lembrando que cuidado é sempre necessário nesse assunto, ainda mais se for algo novo para você e que pode resultar em perdas significativas para sua carteira.

E se ficou alguma dúvida, comente abaixo!

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Sobre o autor
Vinicius AlvesEconomista, atuou no departamento econômico de empresas de sell side no mercado financeiro. Já foi Top-5 de projeção de inflação de curto prazo do BC.