Finanças Pessoais

Novo Tesouro Direto para aposentadoria movimentou quase R$ 200 mi no 1º mês

Vendas do papel que são realizados na B3, representaram 11% das aquisições líquidas de todos os títulos do Tesouro Direto, que alcançaram R$ 1,73 bilhão no período

Data de publicação:06/03/2023 às 08:00 - Atualizado 2 anos atrás
Compartilhe:

Os títulos lançados pela classe Tesouro RendA+, indicado para aposentadoria complementar, somaram R$ 189 milhões em seu primeiro mês de comercialização, segundo dados divulgados pelo site do Tesouro Nacional.

De acordo com os dados, as vendas do papel que são realizados na B3, passaram a ser realizadas em 30 de janeiro e, até o dia 28 de fevereiro, representaram 11% das aquisições líquidas de todos os títulos do Tesouro Direto, que alcançaram R$ 1,73 bilhão no período.

Os papéis foram adquiridos por mais de 20 mil investidores, sendo que 23% entraram no programa Tesouro Direto por meio dos novos títulos.

Os vencimentos mais buscados, segundo o Tesouro, foram os de 2030 (39%), 2035 (18%) e 2040 (13%). Em faixas etárias, destaque para número de investidores entre 25 e 39 anos (48%) e de 40 a 59 anos (43%). Pessoas com mais de 60 anos representaram 3%, as de 19 a 24 anos, 5%, e as menores de 18 anos, 2%.

No entanto, investidores de 40 a 59 anos responderam pela maioria do estoque do Renda+ (65%). Homens compraram 68% dos títulos, e mulheres, 32%. O Tesouro informa ainda que a média de vendas do Renda+ é de R$ 10 milhões por dia. Nesse ritmo, o estoque de títulos chegaria a R$ 2,5 bilhões em um ano. O novo título já corresponde a 10% do estoque das pessoas que o adquiriram.

O Renda+ tem baixo valor mínimo de investimento, pouco mais de R$ 30,00. Desta maneira, o investidor pode fazer aportes mensais dentro de suas possibilidades orçamentárias. É possível também realizar aplicação única, ou várias em diferentes periodicidades e montantes até a data de vencimento, ou "conversão". São oito prazos que variam de sete a 42 anos.

Ao contrário de outros títulos do Tesouro, nos quais o investidor recebe todo o dinheiro aplicado após o vencimento, no Renda+ o valor é pago em parcelas mensais ao longo de 240 meses, ou 20 anos, como uma aposentadoria.

Tesouro RendA+ ou fundo de previdência privada, o que é melhor?

Tesouro RendA+ e fundo de previdência privada são dois instrumentos de acumulação de reserva para o financiamento da aposentadoria extra no futuro. Investimentos privados que ajudam a complementar o benefício oficial, pago pela Previdência Social, que na melhor das hipóteses pode chegar a R$ 7.500. Mas qual dos dois produtos é mais interessante? A resposta vai depender do perfil e dos objetivos do investidor para a formação da poupança de longo prazo.

O Tesouro RendA+ é uma novidade, o fundo de previdência privada nem tanto. O novo título do Tesouro Nacional, amarrado à aposentadoria complementar, passou a ser ofertado desde 30 de janeiro por bancos, corretoras ou pela compra direta no site do Tesouro.

O ponto comum entre os dois produtos é a formação de uma reserva futura, mas cada um tem características próprias – em rendimento, risco, liquidez e custo – e bastante distintas, explica Andressa Bergamo, sócia-fundadora da AVG Capital e pós-graduada em mercado financeiro e de capitais.

Risco é maior na previdência privada

O risco do título do Tesouro é o risco do governo federal. É, portanto, um investimento de risco baixo, conservador, sem grandes oscilações.

O RendA+ terá marcação a mercado, significa que seu valor terá atualização diária pelo valor negociado no mercado. Um processo que não mudará o valor do título e tampouco sua rentabilidade se o investidor permanecer com o papel até o vencimento. O risco é ter de sair antecipadamente do papel em momentos de baixa, o que trará perdas ao investidor.

O novo título do Tesouro tem o rendimento indexado à inflação oficial, o IPCA, que será a medida da correção monetária, mais juro real, acima da inflação, de pouco mais de 6% ao ano.

O risco no produto de previdência vai depender do fundo de investimento escolhido. A vantagem da previdência, segundo Andressa, é a opção de diversificar os recursos em carteiras com diferentes estratégias para os diferentes perfis de investidores.

É possível optar pelo investimento em fundo de renda fixa, em um multimercado e até em fundo de ações, em que a volatilidade é bem mais acentuada, mas onde é possível buscar retornos mais atraentes. Tudo vai depender do perfil do investidor, do grau de risco que quer assumir para a formação dessa poupança de longo prazo.

O fundo de previdência não tem a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que assegura o ressarcimento de até R$ 250 mil, no caso de quebra da gestora. Um guarda-chuva que não dá proteção também ao RendA+, que, no entanto, tem por trás a garantia do Tesouro Nacional. Daí por que é classificado como investimento de baixíssimo risco.

Custo é menor no RendA+ 

A Bolsa de Valores, a B3, isentou da taxa de custódia os investidores que ficarem com o título até o vencimento, para receber o capital na forma de renda, após o prazo contratado. Em caso de resgate antecipado do título, a Bolsa poderá cobrar essa taxa de acordo com o valor e o prazo de resgate.

No fundo de previdência, o custo vai variar de acordo com o produto escolhido para investimento. Em geral, os fundos de renda fixa são os mais barato e alguns até podem ser isentos de taxas de administração.

A sócia-fundadora da AVG Capital diz que os fundos multimercado e de ações costumam cobrar uma taxa de administração mais elevada. Por trás desse custo mais alto está o empenho maior do gestor em busca de rentabilidades superiores ao benchmark.

Como é a tributação

O lado bom da previdência, assinala Andressa, é que, se houver opção pelo regime de tributação regressiva, a alíquota do Imposto de Renda poderá cair para 10%, o que torna o produto mais rentável para o investidor. Mas alíquota pode chegar a 35% quando o resgate ocorrer antes de 2 anos.

Carências para o resgate

Diferentemente de outros títulos do Tesouro Nacional, o RendA+ tem um prazo de carência de 60 dias. Após esse prazo, o investidor pode fazer o resgate a qualquer momento.

Andressa lembra que resgate pelo caminho não é indicado para um investimento de acumulação de capital de longo prazo para a aposentadoria complementar. Uma forma de estimular essa permanência é a isenção da taxa de custódia, o que torna mais interessante deixar o dinheiro intocado até o vencimento.

Na previdência privada, na grande maioria dos planos, o dinheiro investido tem livre movimentação, não fica preso ou bloqueado.  A solicitação de resgate pode ser feita a qualquer momento, quando o investidor desejar, após o período de carência, que em geral é de 60 dias entre um resgate e outro.
 

Sobre o autor
Mais RetornoA Mais Retorno é um portal completo sobre o mercado financeiro, com notícias diárias sobre tudo o que acontece na economia, nos investimentos e no mundo. Além de produzir colunas semanais, termos sobre o mercado e disponibilizar uma ferramenta exclusiva sobre os fundos de investimentos, com mais de 35 mil opções é possível realizar analises detalhadas através de índices, indicadores, rentabilidade histórica, composição do fundo, quantidade de cotistas e muito mais!