Renda Fixa

Mesmo com Selic a 6,25%, inflação em alta corrói os rendimentos da renda fixa; confira as simulações

Todas as aplicações tradicionais de renda fixa estão com rendimento negativo, abaixo da inflação

Data de publicação:22/09/2021 às 06:38 - Atualizado 3 anos atrás
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Deu o esperado e o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), elevou um ponto porcentual a taxa básica de juros, a Selic, para 6,25% ao ano. A decisão impacta diretamente nos investimentos. Principalmente na renda fixa, que indexada pela Selic passa a render mais. Mas só em tese. Na prática, a inflação corrói esses retornos e, no fim das contas, todos os produtos permanecem com o retorno negativo ao fim do período.

Todas as aplicações tradicionais de renda fixa, desde CDB, caderneta, Tesouro Selic, fundos DI até as isenta de imposto de renda, como LCA (Letras de Crédito do Agronegócio) e LCI (Letras de Crédito Imobiliário), estão com rendimento negativo, abaixo da inflação

Banco Central subiu novamente taxa de juros básico da economia, a Selic

A nova elevação da Selic reforça pouco mais o rendimento da renda fixa, mas, segundo especialistas, a perda continuará por mais algum tempo, pelo menos até que a inflação desacelere o ritmo de alta, como consequência dos seguidos reajustes na taxa Selic desde março. O atual ciclo de elevação dos juros teve início com a Selic em 2% ao ano.

Confira o rendimento da renda fixa com a nova Selic de 6,25%

O desempenho nominal das aplicações melhora com a Selic de 6,25% ao ano, mas a rentabilidade líquida permanece negativa, após o desconto de imposto de renda e da inflação projetada para o período.

Os recursos que o investidor resgatará, depois de um ano, terão perdido o poder real de compra, já que a taxa de remuneração, atrelada à Selic baixa, terá sido insuficiente para proteger contra a inflação.

CDB

Uma aplicação de R$ 1.000 em CDB por 12 meses com taxa integral de 6,25% ao ano (100% da Selic de 6,25% ao ano ou CDI, versão privada da taxa básica) renderá 6,25% ou R$ 62,50 após um ano.

Essa remuneração somada ao capital aplicado levará o valor total a R$ 1.062,50, mas, descontado o imposto de renda de 20% (alíquota para até um ano de aplicação), de R$ 14,06, o rendimento líquido cairá para R$ 1.048,44 – o que corresponde a uma taxa de juros líquida de 4,84%, inferior à inflação estimada no boletim Focus.

Mais, o resultado líquido final, descontada a inflação projetada, recuará para R$ 960,89, valor inferior ao da aplicação inicial, indicando que a taxa de remuneração foi insuficiente em relação à inflação e o investidor perdeu dinheiro.

Tesouro Selic

Quem aplica no Tesouro Selic, título da dívida pública ofertado na plataforma do Tesouro Direto, remunerado pela Selic de 6,25% ao ano terá um rendimento bruto de R$ 62,50 depois de 12 meses.

Descontada a taxa de custódia de 0,25% e o imposto de renda de R$ 11,97 (alíquota de 20%), o saldo total (valor de aplicação mais rendimento) encolherá para R$ 1.047,88.

Deduzida ainda a inflação prevista no período, o valor líquido cairá para R$ 960,38, abaixo até do valor inicial de aplicação.

Fundo DI

Um investimento em um fundo DI atrelado à Selic que renda uma taxa de 6,13% ao ano levará a um rendimento de R$ 55,94, descontada a taxa de administração de 0,50% ao ano. A rentabilidade líquida cairá para R$ 44,76, deduzido o imposto de renda de R$ 11,19 (alíquota de 20%).

O valor total para resgate ficará em R$ 1.044,76, mas feita a dedução da inflação projetada o valor líquido total recuará para R$ 957,52.

Incidência de IR

O imposto de renda achata o rendimento de CDB, Tesouro Selic, fundo DI, mas mesmo sem a tributação a renda fixa que roda com a Selic ainda abaixo da inflação continua na toada de juro negativo.

Aplicações isentas de imposto de renda, como Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e caderneta de poupança, também estão amargando perdas para a inflação. A isenção de imposto em LCI e LCA é interessante apenas quando a taxa de remuneração fica acima da Selic ou CDI.

LCA

Uma aplicação de R$ 1.000 por uma taxa equivalente a 97% do CDI (ou Selic de 6,25%) durante um ano em LCA renderá R$ 60,63 ou uma taxa líquida de remuneração de 6,31%. O valor bruto no fim de 12 meses chegará a R$ 1.060,63, mas descontada a inflação o rendimento nominal cairá para R$ 972,06, inferior ao valor de aplicação inicial.

LCI

Quem aplica R$ 1.000 em uma LCI por uma taxa equivalente a 80% do CDI de 6,25% ao ano, o que corresponde a 5,00% ao ano, terá um rendimento de R$ 50,00 após 12 meses. Somado ao valor aplicado, resultará em R$ 1.050,00, que encolhe para R$ 962,33, descontada a inflação projetada no período, total que fica abaixo do valor inicial de aplicação.

Caderneta de Poupança

A caderneta de poupança rende para quem aplica R$ 1.000 com remuneração de 4,38% (70% da Selic ou CDI de 6,25%) R$ 43,75. A soma com o valor inicial dá R$ 1.043,75, que cai para R$ 956,60, após o desconto da inflação prevista para o período, valor inferior ao inicial da aplicação.

Fundos de renda fixa que batem a inflação

Embora a taxa Selic esteja rodando em descompasso com o ritmo mais acelerado da inflação, vários fundos de renda fixa abertos ao investidor têm proporcionado rentabilidade superior ao IPCA.

Pesquisa do portal Mais Retorno apontou que no mês passado o rendimento de 21 fundos de renda ficou acima da inflação de 0,87%. Fundos que têm a carteira formada por títulos de crédito privado, principalmente debêntures, que, embora com risco maior, oferecem taxa de juros superior à de títulos públicos ou bancários.

Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.