Mercados mantém postura defensiva enquanto aguardam por decisão do Fed
. O índice Dow Jones fechou a semana com queda acumulada de 4,13%, enquanto o S&P 500 cedeu 4,77% no período e o Nasdaq, 5,48%
A decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre a taxa de juros vai ser o grande evento da semana. Até lá - e desde a semana passada - os mercado literalmente tocam de lado, na expectativa do que virá pela frente.
Na terça-feira da semana passada, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos foi divulgado e apontou uma alta de 0,1% em agosto ante julho. O resultado contrariou expectativas, levou o mercado a precificar uma maior chance de aumento dos juros no país e afetou fortemente as ações em Wall Street. O índice Dow Jones fechou a semana com queda acumulada de 4,13%, enquanto o S&P 500 cedeu 4,77% no período e o Nasdaq, 5,48%.
Alta do Federal Reserve
Além do provável aumento de juros, o Fed atualizará suas projeções para a economia americana, aponta a Oxford Economics. A consultoria espera que o impacto dos juros mais altos, junto da inflação, acabem por colocar a atividade americana em uma recessão moderada no primeiro semestre de 2023.
"Autoridades do Fed normalmente não preveem recessões explicitamente, mas esperamos ver previsões piores do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) para o crescimento do PIB e o desemprego, especialmente para 2023", projeta a Oxford.
Ibovespa e o Federal Reserve
No Ibovespa, com a queda de 0,61% nesta sexta-feira, aos 109.280,37 pontos, setembro passou a acumular perdas (-0,22%). A semana marcou recuo de 2,69% depois de sequência de quatro baixas diárias. Na semana anterior, o índice havia avançado 1,30%. O desempenho desta semana que chega ao fim foi o pior desde o recuo de 3,73% no intervalo entre os dias 11 e 15 de julho, há dois meses. No ano, o Ibovespa avança 4,25%.
"Em moeda local, a Bolsa brasileira é uma das poucas que ainda sobem no ano, como a chilena - no caso de lá, pelo alívio proporcionado pela rejeição, em plebiscito, do que seria a nova Constituição. Havia gordura aqui e o mercado tem se ajustado desde a última terça-feira com a inflação nos Estados Unidos em agosto. Está bem precificado que o Fed vai elevar em 75 pontos-base os juros americanos na próxima quarta-feira", diz Erminio Lucci, CEO da BGC Liquidez.
"Ficou muito claro o compromisso deles [Fed] em controlar a inflação mesmo que ao custo da atividade econômica. O cenário de 'hard landing' ganha força e, combinado a outros fatores, como a grave crise na Europa, mantém o risco de recessão global. As incertezas são ainda muito grandes", acrescenta.
Para a decisão de juros no Brasil, as previsões de uma alta final da Selic para a semana que vem, de 0,25 p.p., continuam aumentando, aponta relatório de fechamento da Guide Investimentos. A Nova Futura Investimentos aponta que a probabilidade dessa magnitude é relevante. "Mas seguimos acreditando que o cenário mais provável é que o Copom mantenha a taxa Selic em 13,75%, onde, em nossa visão, ela deve continuar até junho de 2023", escrevem os analistas da casa. / COM AGÊNCIA ESTADO