Mercado Financeiro

Mercados: dólar fecha com queda de 1,41% e bolsa estável, com recuo de 0,02%; cenário fiscal domina a pauta

No encerramento das operações de hoje, o dólar fechou com queda de 1,41%, cotado a R$ 5,60, e a Bolsa de Valores (B3) com ligeira queda…

Data de publicação:06/04/2021 às 09:02 - Atualizado 4 anos atrás
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No encerramento das operações de hoje, o dólar fechou com queda de 1,41%, cotado a R$ 5,60, e a Bolsa de Valores (B3) com ligeira queda de 0,02%, em 117.175 pontos.

As atenções continuam centradas no Orçamento deste ano do governo federal. Os sinais parecem mais evidentes de que as emendas que colocariam em risco o teto de gastos poderão ser vetadas pelo presidente Bolsonaro. A perspectiva aliviou o mercado, e o dólar devolveu parte da valorização das últimas semanas. decorrentes de tensões em torno desse tema.

Mas não foi só isso. Lá fora, o dólar se desvalorizou frente às demais moedas, e entre a de países emergentes, o real foi o que mais se valorizou. As notícias sobre uma recuperação mais rápida da economia americana, com o superpacote de ajuda do governo, também retira um pouco das apreensões do mercado.

A bolsa operou em ziguezague, ora acompanhando a alta das bolsas internacional, ora com realização de lucros. No final, o Índice Bovespa registrou queda residual de 0,02%. Especialistas apontam as ações de varejo, locação de veículos e shoppings. Ações que tiveram um tranco forte com a pandemia e restrições de circulação de pessoas. A aposta é de que chegou o momento de tomar posição nesses papeis que estão com preços atrativos.

Ibovespa se mantém trafegando em alta nesta terça-feira - Foto: Divulgação

Mas não foi só isso. Lá fora, o dólar se desvalorizou frente às demais moedas, e entre a de países emergentes, o real foi o que mais se valorizou. As notícias sobre uma recuperação mais rápida da economia americana, com o superpacote de ajuda do governo, também retira um pouco das apreensões do mercado.

A bolsa operou em ziguezague, ora acompanhando a alta das bolsas internacional, ora com realização de lucros. No final, o Índice Bovespa registrou queda residual de 0,02%. Especialistas apontam as ações de varejo, locação de veículos e shoppings. Ações que tiveram um tranco forte com a pandemia e restrições de circulação de pessoas. A aposta é de que chegou o momento de tomar posição nesses papeis que estão com preços atrativos.

Há mais de uma semana, os analistas apontam as incertezas fiscais como um fato de grande correlação com o sobe e desce das ações, por hora turbinada por fatos novos. Para o analista da Apollo Investimentos, Victor Benndorf, o Ibovespa tem espaço para avançar mais, porém ainda se ressente com a situação complexa política, fiscal e sanitária do país.

Na esteira do bom desempenho das ações nesta terça-feira, as siderúrgicas fecharam em alta, com a CSN (CNSA3) valorizando 3,36%. Segundo Thayná Vieira, analista da Toro Investimentos, a valorização desses papeis reflete a alta dos preços do aço na China, que atingiram níveis recordes na véspera, sendo beneficiados pela demanda doméstica e pelas preocupações em torno dos cortes de produção no País.

Os papeis de varejistas também estão em alta, com destaque para a Lojas Renner (LREN3), com valorização de 2,05%, B2W, alta de 2,84 e Natura (NTCO3), com ganhos de 2,91%.

Thomas Giuberti, sócio da Golden Investimentos, afirma que começa a entrar no radar do mercado financeiro a possível flexibilização das medidas mais restritivas de circulação de pessoas, com fechamento de comércio, ações tomadas para tentar conter a disseminação da pandemia no Brasil. Isso estaria por trás da maior demanda por ações do setor varejista.

Já o dólar segue se mantendo em baixa ao longo do dia, com queda de 1,14%, sendo negociado a R$ 5,61, com dados atualizados às 14h44.

José Faria Junior, diretor da Wagner Investimentos, aponta que a tendência de hoje é manter o dólar na casa dos R$ 5,70. Com a redução do dólar Index lá fora, o analista ressalta um movimento de leve valorização das moedas emergentes, incluindo o real.

Investidores mais otimistas

Gustavo Akamine, analista da Constância investimentos, aponta também mudança no humor dos mercados. Investidores não disfarçam certa animação pela perspectiva de uma atividade econômica mais forte a partir do segundo semestre, à medida que for avançando o programa de vacinação contra o coronavírus.

De acordo com os especialistas, o Orçamento 2021 continua no radar do mercado financeiro. Mais como algo a ser monitorado do que fonte de preocupação para a tomada de decisões. Akamine diz que a expectativa esta dirigida aos prováveis vetos do governo às emendas parlamentares incluídas na peça. Ariane, da CM Capital, afirma que o mercado só deverá reagir se houver uma decisão muito fora do atual formato do Orçamento.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, falou nesta terça-feira sobre as polêmicas do Orçamento de 2021. Segundo ele, o corte de despesas obrigatórias para a acomodação de mais emendas parlamentares causaram ruídos no mercado.

Para Campos, a solução precisa ser melhor comunicada pelo governo e o Congresso, pois "as incertezas em relação ao Orçamento aumentaram o prêmio de risco e precisamos remover isso, o que acredito que seja algo fácil de fazer", afirmou o presidente do BC, durante participação em evento virtual promovido pelo Itaú.

No cenário da covid-19, o Brasil registrou 1.623 óbitos nas últimas 24 horas, segundo dados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa. A quantidade de pessoas vacinadas contra a doença chegou a 20.023.123, o que representa 9,46% do total da população brasileira.

Indicadores dos EUA

O cenário favorável no exterior, sobretudo nos Estados Unidos, também ajudou, afirma Ariane Benedito, economista da CM Capital. Dados positivos de produção industrial e do crescimento de vagas de trabalho acima das previsões foram bem recebidos dentro e fora do país norte-americano. São sinais de que a maior economia do mundo engatou de vez a retomada do crescimento.

Comportamento indefinido em Wall Street

A bolsa de Nova York segue com rumo misto nesta terça-feira. Os dados dos Estados Unidos continuam a destacar uma recuperação econômica, segundo Filipe Teixeira, analista da Wisir Research, à medida que mais americanos são vacinados contra o coronavírus, com a reversão das restrições de circulação.

Além disso, de acordo com Teixeira, há uma sensação de alívio fiscal, que começa a se firmar após recentes declarações do Fed (Federal Reserve) e da nova proposta de investimentos de infraestrutura de US$ 2,3 trilhões, visando especialmente os gastos com infraestrutura.

Porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki disse que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, considera "responsável" a proposta de aumentar a taxa do imposto corporativo de 21% para 28%, para financiar o pacote de infraestrutura idealizado pelo governo americano.

Psaki ressaltou que o aumento ainda deixa o tributo em nível inferior ao do período logo após a Segunda Guerra Mundial e até 2017, quando o ex-presidente Donald Trump promoveu um corte nas taxas.

Além do aumento da carga tributária, o pacote de investimentos em infraestrutura de Biden tem recebido críticas por adicionar mais US$ 2 trilhões em estímulos à economia, segundo orçado pela Casa Branca, após a adoção de US$ 1,9 trilhão em apoio fiscal pelo Plano de Resgate Americano.

Segundo Psaki, Biden já realizou duas reuniões com congressistas democratas e republicanos, e o governo acredita que pode conseguir apoio da oposição para o projeto.

 O Credit Suisse anunciou na madrugada desta terça-feira que teve um prejuízo de US$ 4,7 bilhões com o colapso da Archegos Capital Management. O banco cortou dividendos e afirmou que a chefia de seu banco de investimentos e de análise de risco deixariam a instituição.

O movimento teve início há duas semanas, após a oferta de US$ 3 bilhões em ações da ViacomCBS por meio dos bancos Morgan Stanley e JPMorgan cair, levando a forte desvalorização dos papéis.

Com os acontecimentos que vieram à reboque, corretores a serviço da Archegos se retiraram em massa de suas posições, em uma liquidação de ações no valor de mais de US$ 20 bilhões.

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, afirmou durante a abertura da Reunião de Primavera da instituição que a iniciativa Covax tem a missão "ambiciosa" de entregar ao mundo imunizantes contra a covid-19 de maneira rápida e igualitária, uma missão "crítica", sem a qual "não podemos nos recuperar desta crise".

A diretora lembrou que o panorama para a economia mundial melhorou, graças ao que chamou de "sucesso espetacular na vacinação" e a capacidade de adaptação das pessoas na pandemia.

Bolsas asiáticas concluem o pregão sem rumo definido

As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta terça-feira, 6, após um rali em Wall Street que refletiu otimismo de que a economia dos EUA continua se recuperando dos efeitos da covid-19. Novos surtos da pandemia, contudo, geram apreensão.

Em Tóquio, o índice japonês Nikkei apagou ganhos do começo do pregão e terminou o dia em baixa de 1,30%, aos 29.696,63 pontos, pressionado em especial por ações de montadoras, farmacêuticas e bancos.

Já o índice sul-coreano Kospi subiu 0,20% em Seul, aos 3.127,08 pontos, ajudado por papéis de internet e tecnologia, enquanto o Taiex avançou 1,02% em Taiwan, aos 16.739,87 pontos. O mercado de Hong Kong permanece fechado devido a feriados.

Na China continental, as bolsas retornaram de um feriado com variações modestas. O Xangai Composto teve baixa marginal de 0,04%, a 3.482,97 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto se valorizou apenas 0,18%, a 2.266,20 pontos.

Na Oceania, a bolsa de Sydney também voltou de feriados com alta de 0,84% do S&P/ASX 200, a 6.885,90 pontos, após notícia de que a Nova Zelândia vai começar a relaxar restrições para a entrada de turistas da Austrália.

Nesta madrugada, o BC australiano, conhecido como RBA, decidiu manter seu juro básico na atual mínima histórica de 0,10%. / Júlia Zillig e Tom Morooka

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