Mercados: Bolsa fecha com queda de 0,54%, e dólar se recupera com alta de 1,83%
O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou em 117.669,90 pontos, em queda de 0,54%. O movimento é um ajuste depois de dois pregões seguidos com…
O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou em 117.669,90 pontos, em queda de 0,54%. O movimento é um ajuste depois de dois pregões seguidos com altas, além de registrar o impacto da divulgação do IPCA de março, o indicador oficial de inflação, que atingiu 1,32%, maior resultado para esse mesmo mês desde 2015. Em relação a fevereiro, no entanto, houve avanço de 0,93%, abaixo das previsões de 1,03%.
No acumulado de 12 meses, o índice registrou alta de 6,10%, também abaixo das expectativas do mercado, que projetava um avanço de 6,20%.
O comportamento do dólar
O dólar comercial à vista avançou 1,83% no dia, a R$ 5,6749, com impasse sobre as emendas do Orçamento federal, tema que vem se arrastando há duas semanas e que, se sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, pode tornar as contas do governo inexequíveis.
Também pressionaram o dólar para cima a instauração de uma CPI no Senado, para investigar a condução do enfrentamento à pandemia pelo governo, desvalorizando o real.
O movimento é resposta ao aumento dos juros nos Estados Unidos como tentativa de frear a inflação. As taxas mais elevadas no país reduzem a confiança do mercado na manutenção das políticas de estímulo por parte dos Bancos Centrais e induz a busca por segurança oferecida pelos Treasuries.
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, reiterou que a instituição vai conservar os estímulos monetários enquanto forem necessários. Disse ainda que não acredita que o aumento da inflação persista.
O Dow Jones subiu 0,89% e o Nasdaq, 0,51%. O índice S&P 500 registrou alta de 0,77%.
Expectativas com a Selic
Nesta sexta-feira, os investidores observaram o pronunciamento do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que repisou a ata do Conselho de Política Monetária (Copom), de aumentar a Selic em 0,75 ponto percentual novamente na próxima reunião, que acontecerá nos dias 4 e 5 de maio. Se confirmada, a alteração levaria a taxa básica de juros a 3,5% ao ano.
Campos Neto disse ainda que o comitê deve alterar a taxa de juros a patamares de estímulo após o fim do atual ciclo, reforçado, segundo ele, pelos dados do IPCA divulgados hoje.
Comportamento do mercado na Europa
Na Europa, a situação delicada da pandemia faz investidores atuarem com cautela enquanto aguardam a ata do Banco Central Europeu. O índice de preços ao produtor (PPI) da zona do euro aumentou 0,5% em fevereiro, abaixo das expectativas do mercado.
A produção industrial da Alemanha, maior economia do continente, caiu 1,6% em fevereiro, desempenho pior do que o projetado pelo mercado, que previa recuo de 1,5%.
A França sofreu ainda mais no período, em que registrou queda de 4,7% da produção industrial, percentual bem superior aos 0,5% projetados pelo mercado.
Ao longo do dia, as atenções dos investidores se mantêm voltadas para os desdobramentos da CPI da covid, as indefinições do Orçamento 2021 e os reflexos da alta inesperada (para baixo) de 0,93% do IPCA em março.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou um pouco mais cedo que o índice do IPCA, que veio abaixo do esperado, reforça a decisão da autoridade de elevar a taxa Selic em 0,75% na próxima reunião, mantendo a taxa básica de juros em um patamar estimulativo no fim do ciclo atual.
Analistas ficam surpresos com o resultado do IPCA
A alta de 0,93% no IPCA de março, anunciada na manhã de hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), segundo analistas, causou surpresa, ao vir abaixo das estimativas, que apostavam em uma elevação entre 1% a 2%.
A taxa acumulada pela inflação no ano ficou em 2,05%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 12 meses, o resultado foi de 6,10%.
Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, apesar disso, não houve mudança na tendência estrutural da inflação. "Os núcleos seguirão em avanço vagaroso e o headline continuará sua toada de avanço para mais de 7%"
Já Tatiana Nogueira, economista da XP, acredita que a pressão de alta deve continuar, puxada por itens mais voláteis, como combustíveis, alimentos in natura e cuidados pessoais, por conta da depreciação cambial e da interrupção da cadeia produtiva.
Por isso, tanto Sanchez quanto Tatiana estimam de que a inflação chegue a 4,9% para 2021.
Bolsonaro fala sobre a CPI da covid-19
Como um duro revés para o Palácio do Planalto, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou na noite da última quinta-feira que seja instaurada no Senado a “CPI da Covid”, que mira ações e omissões do Executivo no combate à pandemia.
Isso pode levar à convocação de autoridades para prestar depoimentos, quebra de sigilo telefônico e de alvos da investigação, indiciamento de culpados e encaminhamento ao Ministério Público de pedido de abertura de inquérito.
Nesta manhã, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a ideia da CPI tem por objetivo promover o desgaste do seu governo e que a medida é uma "jogadinha casada" entre Barroso e a bancada de esquerda do Senado.
Otimismo marca o pregão de Nova York
A Bolsa de Nova York opera com o pregão em alta. Às 12h55, o S&P valorizava 0,53%, após bater seu décimo nono recorde histórico na véspera, com elevação 0,42%, aos 4.097,17 pontos. Já o Dow Jones também segue na mesma esteira de elevação, com 0,25%.
Já o Nasdaq vive uma manhã de ganhos, com o índice valorizando 1,83%, puxado principalmente pelo desempenho das ações de empresas de tecnologia.
Na véspera, o presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), Jerome Powell, reconheceu que a economia do país está se recuperando de forma “desigual” e que precisa buscar a retomada sem aumento da inflação.
Já porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, afirmou na véspera, durante uma coletiva de imprensa, que o governo americano está disposto a negociar a questão dos impostos corporativos como parte do pacote de infraestrutura do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Orçamento 2021 segue na mira dos investidores
Para Rodrigo Moliterno, head de Renda Variável da Veedha Investimentos, as expectativas dos investidores continuam focadas em três pontos. “O principal foco de preocupações é o Orçamento, o que mais chama atenção do mercado, porque envolve questões como o respeito ao teto de gastos e o controle das contas públicas.”
Enquanto as negociações sobre o Orçamento não sinalizam um entendimento, o mercado procura seguir o cenário externo, sem deixar de dispensar atenção a fatores ou expectativas domésticas. Especialmente em relação a medidas de controle da pandemia, como a aceleração do processo de vacinação contra o coronavírus.
Persiste uma visão positiva entre investidores em torno da perspectiva de regressão de etapas de fechamento para o combate à pandemia e retomada gradual de atividades, afirma Moliterno.
Bolsas asiáticas fecham em baixa com China
As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em baixa nesta sexta-feira após um avanço maior do que o esperado dos preços na China gerar preocupações de que Pequim poderá retirar medidas de estímulo para conter a inflação.
Na China continental, o índice Xangai Composto caiu 0,92% hoje, aos 3.450,68 pontos, enquanto o menos abrangente Shenzhen Composto recuou 0,95%, aos 2.236,58 pontos.
Em outras partes da Ásia, o Hang Seng teve queda de 1,07% em Hong Kong, aos 28.698,80 pontos, enquanto o sul-coreano Kospi cedeu 0,36% em Seul, aos 3.131,88 pontos, interrompendo uma sequência de seis pregões positivos, e o Taiex se desvalorizou 0,43% em Taiwan, aos 16.854,10 pontos.
Na contramão, o índice japonês Nikkei subiu 0,20% em Tóquio, aos 29.768,06 pontos, impulsionado por ações ligadas a eletrônicos.
A taxa anual de inflação ao consumidor da China atingiu 0,4% em março, superando levemente as expectativas e revertendo deflação de 0,2% do mês anterior. Já a taxa anual de inflação ao produtor chinês saltou de 1,7% em fevereiro para 4,4% em março, ficando bem acima do esperado.
Os números de inflação refletem crescente demanda, uma vez que a economia chinesa lidera a recuperação global da pandemia de covid-19.
Nos últimos meses, surgiram temores de que a retomada e pressões inflacionárias possam levar a China e outras potências econômicas, como EUA e zona do euro, a reverter as agressivas medidas de estímulo que adotaram em reação ao coronavírus antes do esperado.
Após acumular ganhos por cinco sessões consecutivas, a bolsa australiana também ficou no vermelho. O S&P/ASX 200 teve baixa marginal de 0,05% em Sydney, aos 6.995,20 pontos. / com Tom Morooka e Agência Estado