Juros em alta: deixe o dinheiro com liquidez diária para surfar nessa onda
O cenário atual e as perspectivas indicam uma alta contínua dos juros até o fim de 2021 e uma das estratégias para aproveitar esse movimento é…
O cenário atual e as perspectivas indicam uma alta contínua dos juros até o fim de 2021 e uma das estratégias para aproveitar esse movimento é deixar o dinheiro com liquidez diária.
A Selic subiu de 2% para 2,75% ao ano no dia 17 de março. Já é certo que vai subir mais no dia 5 de maio, quando haverá nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), para selar o seu destino.
As estimativas indicam uma Selic de 3,5% a partir daí, mas já há apostas para uma alta até maior. Em vez de 0,75 ponto porcentual, um aumento de 1 ponto levaria a Selic para 3,75% ao ano, como forma de dar um tranco com mais força no câmbio e na inflação.
E as projeções do mercado, estampadas no Boletim Focus do Banco Central, miram uma Selic entre 5% e 6% ao ano até o fim de 2021. E que dicas há por trás dessa toada dos juros, nestes próximos meses, para o aplicador se posicionar?
Rendimento sobe, mas ainda é negativo
A primeira delas e a mais evidente é que as aplicações em renda fixa vão pagar mais ao investidor. Desde a modesta caderneta de poupança, que rende 70% da Selic, até os CDBs e fundos de renda fixa, que rendem mais que a caderneta em termos brutos.
Papeis e títulos de renda fixa oferecem algo mais próximo e vinculado ao CDI que, por sua vez, anda quase colado à Selic. No entanto, são aplicações que têm desconto do imposto de renda, e nos fundos também taxas de administração.
Em termos líquidos, papeis e fundos de renda fixa quase empatam com a caderneta para aplicações de curto prazo, de um, dois ou três meses.
O fato é que todas essas três opções de renda fixa, assim como a Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e as Letras do Crédito do Agropecuário (LCA), tendem a ir ajustando a remuneração de acordo com a escalada da taxa básica da economia.
Melhor estratégia é deixar dinheiro com alta liquidez
Se é assim, a segunda dica para o investidor é mais estratégica e consiste em deixar o dinheiro com a maior liquidez possível. Quer dizer, ficar com os recursos livres para empregar o dinheiro de acordo com essa elevação dos juros.
Nesse sentido, as aplicações prefixadas e de prazo mais longo são as menos indicadas. Elas impedem uma rápida manobra pelo investidor para remunerar seu dinheiro com a taxa mais elevada que vier a ser oferecida pelo mercado.
“Não faz sentido um movimento grande para deixar o dinheiro empregado seja no CDB, em LCI ou qualquer outro título de renda fixa, por prazos mais longos”, afirma Yuri Cavalcante, sócio da Aplix Investimentos.
“Se há a perspectiva de alta dos juros daqui a um mês e pouco, o ideal é deixar o dinheiro líquido para poder explorar as novas rodadas de elevação dos juros. Com isso, haverá oportunidade de aquisição dos papeis a taxas melhores”, diz o especialista.
Portanto, nem sempre será interessante amarrar o dinheiro a aplicações de prazo mais longo em troca de uma remuneração melhor que a atual, mas ainda baseada na Selic de 2,75% ao ano. Ela pode levar uma rasteira da remuneração que vier a ser oferecida daqui a alguns meses.
Da mesma forma, Cavalcante alerta que quem estiver precisando de crédito deverá se antecipar à alta dos juros que também deverá ocorrer no crédito.
Opções com liquidez que pagam mais que a poupança
Embora existam opções mais rentáveis que a caderneta, muita gente não arreda o pé da poupança. Um segmento que abriga um saldo em torno de R$ 1 trilhão, segundo o Banco Central.
Com uma Selic de 2,75% ao ano, a caderneta oferece um rendimento anual de 1,93% ou mensal de 0,16%. E sua liquidez é mensal, portanto, está entre as opções para deixar o dinheiro que precisa ficar à mão para ir pagando as contas e outros compromissos.
“Hoje vivemos um cenário com um nível de taxa em que o investidor ainda está se acostumando”, afirma Renato Sales, Head de Produtos da CM Capital.
“Mesmo com o aumento da taxa Selic, na última reunião do Copom, temos um momento de taxa real negativa e isso faz com que os investidores tenham de rever suas posições”, alerta o especialista da CM Capital.
Sales argumenta que a poupança, que em um passado recente já foi uma opção salutar, perdeu sua atratividade com a nova regra de remuneração, de pagar 70% da Selic, quando a taxa estiver abaixo de 8,5% ao ano.
As plataformas de investimentos, entre elas a CM Capital, contam com um cardápio diversificado e apetitoso de aplicações, que acenam com uma rentabilidade superior à da caderneta e oferecem liquidez até diária.
Outra vantagem sobre a caderneta que, por sua vez, exige que o dinheiro fique aplicado por 30 dias, com saques na data de aniversário da conta, para evitar perdas de rendimento.
O Head também aponta como opção à caderneta o CDB com liquidez diária, que conta com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito para aplicações de até R$ 250 mil e, dependendo do banco emissor, oferecem rendimento de 100% do CDI.
Além deles, Sales indica, os fundos atrelados ao CDI, com valorização diária da cota e tem o pagamento do resgate no mesmo dia da solicitação, em D0.
CDB pós-fixado com liquidez diária e 102% do CDI
No C6 Bank é possível investir os recursos da conta corrente diretamente pelo aplicativo do banco. Há opção de CDB pós-fixado com liquidez diária, que permite resgates em qualquer dia útil. O seu rendimento é de 102% do CDI, e o valor mínimo para aplicações é de R$ 20.
Todo o dinheiro da conta corrente pode ficar empregado em um CDB desses com resgate diário, e o cliente vai sacando de acordo com suas necessidades. Sem deixar o dinheiro mofando em conta corrente, sem nenhum rendimento.
A aplicação de acordo com objetivos do investidor
Thiago Godoy, head de Educação Financeira da XP afirma que a poupança deixou de ser um produto mais indicado até mesmo para investidor que é conservador, porque o rendimento é negativo, perde para a inflação.
Ele explica que há investimentos tão ou mais confiáveis do que a poupança e com rendimento melhor.
O primeiro da lista, o mais clássico, de acordo com Godoy, são os Títulos do Tesouro, garantidos pelo governo federal. Há uma diversidade de papeis no Tesouro Direto, que atendem a diferentes necessidades dos investidores e é possível investir com pouco dinheiro, a partir de R$ 35.
E para definir qual o mais apropriado, orienta o especialista da XP, o investimento precisa estar atrelado ao objetivo do investidor. “Se for para reserva de emergência, o dinheiro precisa ficar livre para saque a qualquer momento. Então, nesse caso, o Tesouro Selic é o mais indicado”, afirma ele.
Há um leque variado de CDBs com liquidez diária também, segundo Godoy, recomendado para iniciantes e início de formação de uma carteira. No entanto, ele lembra que papeis com alta liquidez podem render menos que o CDI.
Finalmente, ele lembra das LCIs e LCAs, que são investimentos que contam com incentivo do governo e são isentos do imposto de renda. Condição que, não necessariamente, os tornam mais rentáveis. Mas vale a pena olhar essas opções e comparar o rendimento com as demais aplicações.
Fundos com liquidez diária na Guide
Entre os fundos com liquidez diária e com desempenho de destaque acumulado nos dois primeiros meses do ano, a plataforma Guide oferece o Porto Seguro FI RF Ref DI Créd. Priv. com rendimento de 0,60%; o BTG Pactual Yield DIF RF Reg Créd. Priv, com 0,43%; e o BNP Paribas Targus FIC de FI RF Créd Priv, com 0,35%.
Trata-se de rendimento bruto, mas que mesmo após o imposto de renda tendem a render mais do que a poupança que, no mesmo período, pagou 023%.
Fundos com liquidez diária na Modalmais
Na plataforma Modalmais, os três fundos com liquidez diária de melhor desempenho, no período de 12 meses, foram o Porto Seguro Ref DI Créd Priv. com remuneração de 4,38%; o Artesanal FIRF com 2,40% ; e o Mafre Renda Fixa, com 2,30%.
No mesmo período, a caderneta rendeu algo em torno de 1,50%.