Renda Fixa

Juros de títulos públicos no Tesouro Direto subiram com a Selic; veja os riscos e quanto pagam

Os juros dos títulos públicos ofertados ao investidor pessoa física na plataforma do Tesouro Direto mudaram de patamar após a alta da Selic. Para especialistas, os…

Data de publicação:06/04/2021 às 05:00 - Atualizado 3 anos atrás
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Os juros dos títulos públicos ofertados ao investidor pessoa física na plataforma do Tesouro Direto mudaram de patamar após a alta da Selic.

Para especialistas, os juros desses papeis foram recalibrados para ajuste ao cenário de inflação elevada, agravamento do risco fiscal e da crise da pandemia do coronavírus, dentre outros fatores de incerteza.

Títulos do governo pagam juros mais altos para compensar inflação e incertezas do País

Os juros passaram por ajuste em todos os títulos do Tesouro Direto, dos prefixados aos pós-fixados. As taxas dos papeis indexados à inflação de vencimentos mais longos, como o Tesouro IPCA, estão acima de 4% ao ano. Níveis em que se encontravam há pouco menos de um ano, antes de recuar para a faixa de 3% ao ano.

O Tesouro Direto ofertou nesta segunda-feira, dia 5, o Tesouro IPCA 2035 com juro prefixado de 4,06% ao ano mais correção monetária pelo IPCA. O mesmo papel, mas com pagamento de juro semestral e vencimento em 2055, ofereceu juro de 4,43%, mais correção pelo IPCA.

As taxas dos títulos prefixados acompanharam. Os juros do Tesouro Prefixado estão quase encostados em 9% ao ano. O papel com vencimento em 2026 foi ofertado com taxa prefixada de 8,72%. Ela corresponde ao rendimento total, incluindo juro real, presumindo que a inflação fique abaixo desse patamar até o vencimento.

O título com rendimento atrelado à taxa básica, o Tesouro Selic, não ficou atrás nesse processo de ajuste. Em geral, o título remunera com a Selic, mas passou a adicionar uma parcela extra, conhecido como prêmio. Um reforço para compensar a aceleração da inflação. A taxa oferecida também nesta segunda-feira foi de Selic (2,75% ao ano), mais 0,1875%, nos papeis com vencimento de 2024.

Juros dos títulos públicos seguem mercado futuro

“A taxa de remuneração dos títulos públicos está ligada ao movimento dos juros futuros, explica Jean Malta, assessor e sócio da Valor Investimentos. Um movimento que foi influenciado, em março, pelo acirrado debate em torno dos rumos da Selic, sobretudo após a divulgação da ata do Copom.

O preço e o juro desses títulos, com exceção do Tesouro Selic, passam por revisão diária no mercado secundário, tanto para a venda como para a compra. Uma remarcação de preço e taxas de acordo com o comportamento dos juros no mercado futuro. “Quanto mais alta for a taxa, menor o valor do título em circulação no mercado secundário.”

Malta diz que o mercado já espera uma taxa Selic em torno de 6% ao ano no fim de 2021. É om base nessa projeção que estão sendo formados os juros no mercado secundário de títulos públicos.

“Se a Selic for menor que a prevista, a taxa de juros dos títulos cai e o valor unitário, o chamado PU (preço unitário), sobe. Significa ganho para quem tem o papel ou valorização de cotas do fundo com esse título em carteira.

Ganho ou perda, no entanto, pode ser apenas contábil e momentânea. Tanto o ganho quanto a perda só serão materializados se houver a venda do título nesse momento de instabilidade. Se permanecer com ele e fizer o resgate apenas no vencimento, o investidor receberá o rendimento prometido pelo título no momento da compra.

O sócio da Valor Investimentos diz que, em função das características específicas de cada tipo de título, “o ideal é montar uma carteira de renda fixa bem diversificada com todos os papeis”.

Um prefixado (Tesouro Prefixado) para ganhar com uma inflação mais comportada que a prevista; um pós-fixado (Tesouro IPCA), para proteção contra a inflação, e Tesouro Selic, para quem precisa de liquidez e quer ganho ajustado ao movimento da Selic.

“A combinação desses três produtos dá conforto ao investidor, independentemente do rumo que o mercado tomar.”

Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.
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