Renda Fixa

Juro real segue acima de 7% na renda fixa com Selic em 13,75%, veja como ficam os investimentos

Títulos pós-fixados, como o Tesouro Selic, são ótima opção nesse momento, segundo analistas

Data de publicação:08/12/2022 às 08:00 - Atualizado 2 anos atrás
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Embora o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), tenha mantido a Selic em 13,75%ao ano e a estimativa de inflação tenha passado por seguidas revisões, o juro real, acima do IPCA, na renda fixa permanece robusto, acima de 7%.

A Selic vem marcando passo no nível de 13,75% ao ano desde agosto, enquanto a inflação estimada à frente, por analistas e economistas do mercado financeiro, passou por ligeiras revisões nas últimas semanas. O IPCA projetado para 2022 pelo último relatório Focus está em 5,92%. E o próprio Banco Central em comunicado do Copom, projeta inflação de 6% este ano.

Selic de 13,75% corre bem acima da projeção de inflação de 5,90%

Ainda assim, a Selic, de acordo com especialistas de mercado, está acomodada em patamar bastante elevado, vista pelo cenário de momento. Ela equivale a uma taxa nominal acima de 1% ao mês e, em termos reais, representa mais que o dobro da inflação prevista pelo mercado financeiro para este ano.

A reunião desta quarta-feira, 7, foi a última do Copom em 2022. Para analistas, a expectativa do mercado financeiro passa a ter como foco agora, para apostas em torno dos rumos da Selic, a lida do novo governo com as contas públicas a partir de 1º de janeiro.

Para especialistas do mercado, a política monetária caminhará alinhada doravante em sintonia com a evolução da política fiscal. Gastos do governo fora das regras do arcabouço fiscal, teme o mercado, tenderia a pressionar a inflação e a exigir a calibragem de taxas de juro mais altas.

“Não vejo razão para o BC fazer qualquer movimento de juros olhando apenas para a expectativa que o mercado tem sobre o impacto que essas medidas fiscais vão ter sobre a inflação”, comenta Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores. “O BC vai atuar à medida que perceber que esse ajuste fiscal, via PEC da Transição, vai ter algum tipo de impacto na inflação. Não vai tomar nenhuma medida precipitada.”

Nesse cenário de incertezas fiscais e preocupação com inflação e juros, “a renda fixa promete entregar bons retornos em 2023”, aposta o especialista. “As taxas de juro tendem a continuar altas por mais tempo e muito possivelmente pode acontecer uma alta da Selic no ano que vem.

As melhores opções nesse cenário, com menos volatilidade na carteira, são os ativos pós-fixados, que se beneficiam da alta da Selic, diz o especialista da Quantzed. “O Tesouro Selic é uma ótima opção, mas tem também as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), as LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) e CDBs pós-fixados, que rendem um porcentual do CDI e tendem a trazer bons retornos ao investidor”, recomenda.

Ricardo Jorge sugere as opções que têm o benefício tributário, como as LCIs e as LCAs, como grandes oportunidades para os investidores pessoas físicas, que estão isentos de imposto de renda nesses títulos.

“O mercado vive um momento de elevada volatilidade, de muita preocupação com a instabilidade fiscal, em que o investidor deve evitar ativos com juros prefixados, principalmente os de vencimentos longos”, orienta Victor Zucchi Meneghel, especialista em renda fixa da Valor Investimentos.

Um sentimento de risco fiscal muito forte no curto prazo permeia o mercado financeiro. Indicação disso está no quase alinhamento de todas as taxas de juro dos títulos do Tesouro Direto indexados à inflação, “quando os juros de vencimentos mais longos deviam ser mais altos”, comenta Meneghel, por causa de maior volatilidade e risco.

Em um movimento de curva invertida, como chama o mercado, o Tesouro IPCA de vencimento mais curto, para 2025, ofereceu uma taxa de 6,11% mais IPCA, nesta quarta-feira, 7. O mesmo título, para vencimento em 2030, foi ofertado por 5,90% mais IPCA.

“É um cenário de muita incerteza fiscal em que o ativo mais atraente é o Tesouro Selic”, aponta Meneghel. Mas existem outras opções no Tesouro Direto, afirma. Por ter o rendimento indexado à inflação, “o Tesouro IPCA é outra boa opção, principalmente por causa das taxas de juros, em torno de 6% ao ano”, avalia Meneghel.

Quanto rendem as aplicações com Selic em 13,75%

O quadro com dados de simulação da Mais Retorno dá uma ideia de quanto pode render uma aplicação de R$ 1 mil por um ano, nas principais modalidades de renda fixa, com a Selic estacionada em 13,75%, por decisão do Copom nesta quarta-feira.

São aplicações referenciadas na Selic, que em alguns ativos muda para CDI, indexador usado no mercado financeiro para a remuneração de ativos ou títulos privados. A Selic é usada como indexador de títulos públicos, nas operações do mercado com o Tesouro e o Banco Central. Embora com nomes e siglas diferentes, ambos andam emparelhados. Quando a Selic sobe, o CDI acompanha o movimento.

Investimento

Com rendimento

Bruto (R$)

Desconto

do IR (R$)

Com rendimento

líquido

Com o rendimento

embolsado

LCA (97% CDI)1.133,38-.-1.133,381.066,28
LCI (80% CDI)1.110,00-.-1.110,001.044,29
CDB (100% CDI)1.137,5030,941.106,561.041,05
Tesouro Selic1.134,6626,931.107,731.042,15
Fundos DI (*)1.129,0825,821.103,261.037,95
Fundos DI-2 (**)1.123,4024,681.098,721.033,68
Poupança1.096,25-.-1.096,251.031,35

 

(*) Fundos com taxa de administração de 0,50% ao ano

(**) Fundos com taxa de administração de 1% ao ano

O rendimento líquido que é de fato embolsado pelo investidor, medido pelo poder de compra do capital, após um ano de aplicação, foi calculado com uma inflação estimada em 5,92%.

Os dados da simulação apontam retorno mais atraente dos ativos isentos de imposto de renda, com exceção da poupança, que entrega a menor rentabilidade depois de um ano de aplicação. Letras de Crédito Agrícola (LCAs) e de Crédito Imobiliário (LCIs) são os mais rentáveis, mesmo com remuneração porcentualmente menor que a taxa integral do CDI.

Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.