Finanças Pessoais

Invista em uma carteira e não em um investimento isolado

“Não coloque todos os ovos na mesma cesta”. Acho que essa é uma das frases mais faladas quando se trata de investimentos. Talvez essa filosofia valha…

Data de publicação:30/01/2019 às 10:18 - Atualizado 4 anos atrás
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“Não coloque todos os ovos na mesma cesta”. Acho que essa é uma das frases mais faladas quando se trata de investimentos.

Talvez essa filosofia valha também para vida como um todo. Sempre é bom ter um “plano B” para qualquer situação.

Enfim, por mais clichê que essa frase pareça, ela é muito verdadeira no mundo de investimentos. Qualquer gestor profissional sabe disso e leva em conta quando realiza seus investimentos.

Isso se chama diversificação.

Para entender melhor como ter isso em mente quando for investir e como uma carteira diversificada influencia seus retornos, continue lendo:

Por que planejar um portfólio

Bem, decifrando a frase do começo do texto, caso tenha todos os ovos na mesma cesta e ela caia, claro, você não conseguirá fazer nenhum omelete.

Por outro lado, caso tenha diversas cestas e uma delas caia, você ainda terá outros ovos para fazer seu omelete.

É assim também para investimentos, sendo que os ovos são o retorno e as cestas são os ativos. Caso você tenha diversos ativos – ou seja, uma carteira de investimentos – porém algum deles incorra em perdas, você ainda terá o retorno dos outros.

Assim, seu retorno (e seu dinheiro mesmo) não dependerá apenas de um investimento.

Imagine uma infelicidade imensa (e espero que após esse texto você não faça isso): uma ação começa a ter uma performance surpreendente e você escolha colocar todos os seus recursos nela.

No entanto, existia um problema no balanço que não foi notado e a empresa repentinamente tem uma perda bilionária e terá de ser liquidada.

De uma hora para a outra, a ação passa a valer perto de zero e você terá não só deixado de ganhar, mas perdido todo o seu dinheiro também.

Ora, caso você tivesse apenas parte dos seus recursos nessa ação, mesmo que ocorresse uma perda grande e ficasse bem magoado com isso, não iria perder todo o seu dinheiro investido, pois ainda teria outros ativos.

Assim, lembre-se sempre de compor uma carteira de investimentos. Mesmo que você tenha limitações de recursos, deve montar uma carteira diversificada, por menor que seja.

É claro que também existe o outro lado.

Ao deixar de investir todos seus recursos num único ativo, caso ele tenha uma valorização muito grande (maior do que os outros ativos de sua carteira), você deixará de ter ganhos mais substanciais do que a carteira proporcionará.

Mas o mais importante de se montar uma carteira é a diminuição de algo muito indesejado: o risco.

Por isso, vamos verificar formas de fazer isso.

Quais são as estratégias de diversificação

Antes de tudo, vou dar um passo atrás e definir algo mais específico do que comentei na sessão anterior quando falei de risco (aliás, se quiser relembrar todos eles, basta clicar aqui.)

É importante destacar o chamado risco diversificável.

Este é o risco relacionado especificamente ao ativo em questão. É o risco de determinado ativo não ter uma boa performance.

Ou seja, alheio ao chamado risco de mercado, aquele que afeta todos ativos.

É para limitar esse risco que o ideal é montar uma carteira com diversos ativos em vez de investir em apenas um.

Mas a escolha desses ativos visando limitar o risco diversificável também precisa ser feita com racionalidade.

Afinal, não adianta nada montar uma carteira com ativos que “andem” de forma parecida: Você precisa montar uma carteira diversificada.

Existe a carteira ótima de Markowitz, por exemplo.

Existem basicamente três tipos de relação entre os ativos. Caso um se mova em uma direção, outro pode se mover:

  1. Na direção contrária e dizemos que os ativos têm correlação negativa;
  2. Na mesma direção e dizemos que eles têm correlação positiva; e
  3. Não ter direção definida e dizemos que eles têm correlação neutra.

Então, a melhor maneira de montar uma carteira diversificada é escolher dois ativos que se movam em direções opostas.

Um modo clássico de verificar isso é o movimento que ações fazem conforme o câmbio se move. Por exemplo, empresas exportadoras se beneficiam quando o dólar sobe, enquanto empresas importadoras são prejudicadas.

Assim, um modo de montar uma carteira diversificada seria ter ações dessas duas categorias (exportadoras e importadoras). Dessa forma, você estaria protegido contra oscilações do dólar.

Existem diversos fatores que afetam o preço dos ativos, então quanto mais diversificada a carteira, mais proteção contra esse risco você terá.

Em finanças, a parte psicológica é muito importante. Ter sangue frio é necessário.

Ao ter um portfólio de ativos e limitar perdas absurdas, você terá mais liberdade para ter sangue frio.

Por exemplo, muitas vezes um ativo começa a se desvalorizar e nos desfazemos dele, quando na verdade tratava-se de apenas um momento de turbulência temporário.

Assim, é preciso calma para analisar se de fato valeria a pena se desfazer dele ou manter em sua carteira.

Não se recomenda vender um ativo simplesmente porque ele está caindo.

Pode ser um indicio, mas é preciso considerar o cenário como um todo.

Às vezes a queda pode não ter fundamento e isso representa, portanto, uma oportunidade de comprar barato.

Conclusão

Ao investirmos, procuramos sempre limitar ao máximo os riscos que incorremos. Ao investir em um único ativo, o risco é muito maior do que o de uma carteira completa.

É o que chamamos de diversificação de portfólio e que reduz o risco específico que qualquer ativo tem.

O ideal é sempre buscar ativos com correlação contrária para ter uma maior diversificação.

Se ainda ficou com alguma dúvida ou quer contribuir mais com o assunto, comente abaixo!

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Sobre o autor
Vinicius AlvesEconomista, atuou no departamento econômico de empresas de sell side no mercado financeiro. Já foi Top-5 de projeção de inflação de curto prazo do BC.
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