Economia

Investidores apostam na inflação da Europa igualando-se aos EUA no rastro da crise financeira

Até bem pouco tempo atrás, as projeções eram de alta dos preços na zona do euro bem maiores por conta da guerra e crise energética

Data de publicação:10/03/2023 às 11:01 - Atualizado um ano atrás
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Depois de causar muita apreensão e disparar, em decorrência da guerra na Ucrânia e crise energética, a inflação na Europa começa a mostrar arrefecimento e, pela primeira vez dentro da atual crise financeira global, os investidores estão apostando que ela fique próxima à dos Estados Unidos. Isso depois de acreditarem que a alta dos preços na zona do euro seguiria em níveis bem acima do que nos EUA. É o que revela reportagem da Bloomberg.

Agora, as expectativas de inflação na zona do euro na segunda metade da próxima década estão em cerca de 2,5%, igualando-se às projeções de alta dos preços americanos. 

Trata-se de uma reversão monumental de estimativas para a região, segundo a agência, onde os banqueiros centrais, ao contrário, recorreram a taxas negativas e à compra de títulos para estimular a economia e manter a inflação abaixo da meta durante a maior parte da última década.

Com as falas desta semana do membro do Banco Central Europeu, Robert Holzmann, e do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, as apostas para a inflação caíram em ambos os lados do Atlântico, revertendo uma tendência de alta. Ao mesmo tempo, o movimento também segue uma forte reavaliação sobre o pico das taxas de juros nos EUA e na Europa, com os mercados antecipando mais aperto.

“A inflação da zona do euro pode ser mais persistente”, disse Andrew Sheets, estrategista do Morgan Stanley à Bloomberg. “Mas dê um passo para trás e considere quanta confiança o mercado costumava ter na outra direção. Todos esses fatores estruturais de menor crescimento e inflação realmente desapareceram?”, questiona ele.

As medidas de longo prazo para fazer frente às pressões de preços na Europa ficaram para trás em relação aos equivalentes nos EUA por anos, antes que os preços ao consumidor no ano passado subissem para um recorde. As preocupações com a segurança energética e as pressões salariais estão contribuindo para a especulação de uma mudança de regime inflacionário.

Lagarde e a inflação

Não sem motivos, os formuladores de políticas têm estado sob pressão, pois as medidas das expectativas de inflação dispararam, refletidas nas negocia'ões de títulos. As autoridades europeias, entre elas Christine Lagarde, presidente do BCE, obtiveram algum alívio com os dados da pesquisa na terça-feira, 7, mostrando que as expectativas do consumidor para a inflação da zona do euro recuaram antes da decisão da taxa na próxima semana, com um aumento de meio ponto na taxa de depósito para 3% praticamente garantido.

“É justo dizer que lutamos para lembrar de uma ocasião em que uma divulgação relativamente obscura de dados provocou uma reação tão significativa”, disseram analistas do Rabobank, incluindo Richard McGuire. “Isso destaca a importância das expectativas de inflação para a trajetória de alta dos juros do BCE e a maneira muito subjetiva como isso deve ser medido.”

Por enquanto, a maioria dos analistas está cética de que a convergência do risco de inflação nos EUA e na Europa possa persistir. Evelyne Gomez-Liechti, estrategista de taxas da Mizuho, ​​vê o indicador europeu caindo no médio prazo.

“Não acho que estamos em uma mudança de regime em que as expectativas de inflação do euro permaneçam permanentemente onde estão as expectativas do dólar”, disse ela. “Dito isso, no curto prazo, o spread pode continuar muito estreito.”

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