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Eletrobras é privatizada com oferta de R$ 33,7 bi e se torna a segunda maior operação em bolsa do mundo em 2022

Preço da ação ficou em R$ 42; oferta da Eletrobras é a segunda maior oferta globalmente deste ano, ficando atrás somente da sul-coreana LG Energy, que movimentou US$ 10,8 bilhões

Data de publicação:10/06/2022 às 05:00 - Atualizado 2 anos atrás
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Em um ano fraco para ofertas de ações em todo mundo, a privatização da Eletrobras entrou para as estatísticas como a segunda maior operação do mundo em 2022. A companhia brasileira movimentou R$ 33,7 bilhões, a segunda maior da história da América Latina.

As ações foram vendidas aos investidores a R$ 42 por ação, representando um desconto de 3,4% em relação ao preço de fechamento do dia 27 de maio, a R$ 43,46, quando a transação foi protocolada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e na Securities and Exchange Comission (SEC). No pregão de ontem, 9, a ação ordinária (ON) fechou cotada em R$ 43,04, em alta de 2,14%.

Eletrobras: privatização da companhia foi a segunda maior da história da América Latina

O preço ficou no piso da margem de R$ 42,00 a R$ 42,40 estabelecido no começo da noite de quinta-feira para acomodar as ofertas e acima dos R$ 40,00 que inicialmente era considerado como um mínimo aceitável. Como havia demanda de investidores abaixo de R$ 40, os banco coordenadores revelaram o intervalo e deram um prazo para ajustes. Foram vendidos os lotes extras.

A demanda total pelo papel encostou em R$ 70 bilhões, de acordo com números ainda preliminares. Só de pedidos de Fundo de Garantia (FGTS), foram 370 mil pessoas, com demanda chegando a R$ 9 bilhões.

A oferta envolveu uma emissão inicial primária de 627.675.340 em novas ações, que correspondem a recursos que irão para o caixa da empresa, e secundária de 69.801.516 ações do acionista vendedor, a União. Além disso, um lote suplementar de 104,6 milhões de ações foi exercido. Aos estrangeiros foi oferecida a fatia primária por meio de American Depositary Receipts (ADR).

Na operação, a União teve seu capital reduzido de 72% do capital votante para 40,3%. Com isso, o Estado deixa de ser acionista majoritário e a empresa se torna uma corporação de capital pulverizado. Apesar de manter uma participação relevante, a União terá um poder de gestão diminuído, já que foram aprovadas mudanças no estatuto social da companhia de forma a proibir que qualquer acionista exerça votos em volume superior a 10% das ações.

Oferta da Eletrobras fica atrás apenas de LG Energy

A oferta da Eletrobras é a segunda maior oferta globalmente deste ano, ficando atrás somente da sul-coreana LG Energy, que movimentou US$ 10,8 bilhões, em operação com demanda de US$ 100 bilhões.

Se considerar apenas ofertas subsequentes (follow-on), a da Eletrobras é a maior do mundo este ano, segundo levantamento da Refinitiv, que pertence à Bolsa de Londres. O maior follow on até agora no mundo este ano era da petroleira chinesa CNOOC, que movimentou US$ 5 bilhões.

O montante da Eletrobras movimentado é equivalente a mais de dez vezes a média de ofertas semelhantes no ano passado: em 2021, foram 24 lançamentos, com valor médio de R$ 2,4 bilhões cada um. A movimentação da Eletrobras corresponde ainda a maior operação da Bolsa brasileira desde a megacapitalização de R$ 120 bilhões da Petrobras, realizada em 2017.

Modelo de distribuição

O modelo de distribuição, dando prioridade aos acionistas, funcionários, aposentados e varejo - parte dele para compra com uso de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) - contribuiu para elevar a demanda, permitindo ainda que a oferta fosse fechada acima de R$ 40,00, que seria um mínimo desejado.

Da oferta total, R$ 6 bilhões foram alocados para as pessoas que usaram o fundo de garantia (FGTS) para comprar os papéis, com uma demanda que chegou a R$ 9 bilhões.

A oferta teve como coordenadores líderes o BTG Pactual, o Bank of America, Itaú BBA, Goldman Sachs e XP Investimentos. Participam ainda do sindicato, mas não como líderes, o Bradesco BBI, Caixa Econômica Federal, Citi, Credit Suisse, JP Morgan, Morgan Stanley e Safra.

Percalços para privatização da Eletrobras

A privatização da Eletrobras, esperada desde 2020, foi cercada de obstáculos. No entanto, em 19 de maio recebeu aval do Tribunal de Contas da União (TCU) após forte ofensiva do ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, junto a ministros do TCU nos dias anteriores.

Um segundo desafio foi aprovar junto a debenturistas uma injeção de R$ 1,58 bilhão por Furnas, controlada pela Eletrobras, na Madeira Energia (Mesa), empresa que controla a Usina Hidrelétrica Santo Antônio, que tem a concessão para operação da hidrelétrica. Sem essa aprovação, a oferta da Eletrobras seria cancelada.

O aval dos debenturistas foi obtido esta semana. Com o aporte, feito por meio de um aumento de capital, Furnas passou a deter 72,4% de participação na companhia, ante os 43,06% anteriores. O aporte estava previsto em acordo fechado em Camara de Arbitragem e seu não cumprimento poderia obrigar a Eletrobras a conceder garantias de mais de R$ 8 bilhões. / Com Agência Estado

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