10 vieses comportamentais que prejudicam seus investimentos
Na teoria ser um bom investidor é conseguir se apropriar do maior retorno possível dadas as opções disponíveis no mercado. Na prática, quem já investe ou…
Na teoria ser um bom investidor é conseguir se apropriar do maior retorno possível dadas as opções disponíveis no mercado. Na prática, quem já investe ou quem tem pesquisado opções de investimento sabe que esta não é uma tarefa das mais simples.
Existem diversos perfis de investidores dos quais os mais amplamente divulgados têm levado em conta apenas o perfil associado à tolerância ao risco e apetite por retornos. Mas a Economia Comportamental, nos mostra que podemos ter outras características importantes a considerar.
Desde os períodos mais remotos das teorias econômicas, pensadores costumavam assumir o pressuposto de que os agentes econômicos agem racionalmente. A Economia Comportamental, mostra que não é bem assim e vem promovendo uma série de estudos que avaliam porque nem sempre nossas decisões são tomadas de forma a nos propiciar melhores resultados das escolhas que fazemos.
Quando falamos de investimentos, decisões erradas, enviesadas ou tomadas de maneira automática, podem nos colocar em sérios apuros. Não raro casos de impulsividade, falta de prudência, comportamento de manada, dentre outros, produzem histórias de investidores que saíram do lucro para a completa bancarrota.
Para que você possa conhecer e se alertar sobre os vieses que podem interferir na tomada de decisões de investimento, vou listar alguns vieses e heurísticas (automatismos) para os quais você precisar estar muito alerta.
Por isso, continue lendo, para saber mais sobre:
- Heurística da disponibilidade
- Prova Social
- Efeito Manada
- Efeito Posse ou Endowment Efect
- Status Quo
- Aversão à perda
- Framing (enquadramento)
- Excesso de confiança
- Heurística de confirmação
- Viés do custo afundado (Sunk Cost)
Heurística da disponibilidade
É uma heurística em que as pessoas fazem julgamentos sobre a probabilidade de um evento acontecer com base na facilidade com que um exemplo ou caso recente vem à mente. Por exemplo, os investidores podem julgar a qualidade de um investimento com base em informações recentemente divulgadas ou histórico de rentabilidade, ignorando outros fatos relevantes (Tversky & Kahneman, 1974).
Prova Social
A influência que outros exercem em nosso comportamento. Em decisões de investimento vemos muita influência do tipo informacional. Em situações ambíguas onde não temos certeza sobre como nos comportar e buscamos informações ou pistas em outras pessoas. A prova social é uma influência informativa e pode levar ao comportamento de manada. A pesquisa sugere que o recebimento de informações sobre como os outros se comportam (prova social) leva a uma maior conformidade entre as pessoas.
Efeito Manada
Esse efeito é evidente quando as pessoas fazem o que os outros estão fazendo, em vez de usar suas próprias informações, análises ou conclusões ou tomar decisões independentes. No mercado financeiro é relativamente comum vermos grandes movimentos de compra e venda baseados em especulações ancoradas em comportamentos de grandes investidores ou fundos.
Efeito Posse ou Endowment Efect
Esse viés ocorre quando supervalorizamos algo que possuímos, independentemente de seu valor objetivo de mercado (Kahneman, Knetsch, & Thaler, 1991). Em investimentos podemos considerar como se fosse a valorização de uma ação acima do preço praticado pelo mercado, só pelo fato a possuirmos em nossa carteira. Pode acontecer quando investidores, negligenciam fundamentos, análise e a própria realidade do ativo no mercado, valorizando o mesmo acima daquele valor praticado no mercado.
Status Quo
O viés do status quo é evidente quando as pessoas preferem que as coisas permaneçam as mesmas sem fazer nada (comportamento inercial) ou seguindo uma decisão tomada anteriormente (Samuelson & Zeckhauser, 1988). Isso pode acontecer mesmo quando apenas pequenos custos de transição estão envolvidos e a importância da decisão é grande.
Aversão à perda
A aversão pode ser resumida pela expressão: “perdas maiores do que ganhos” (Kahneman & Tversky, 1979). Estudos dão conta de que a dor da perda seja psicologicamente duas vezes mais poderosa que o prazer de ganhar. Assim, as pessoas acabam por estar mais dispostas a correr riscos para evitar uma perda do que para obter um ganho.
A aversão à perda pode explicar as diferenças em busca de risco versus aversão. Isso nos leva a refletir o quão perigoso pode ser estar posicionado de forma aversiva às perdas do mercado e como essa aversão pode comprometer um investidor a ponto de o fazer assumir ainda mais risco na busca por evitar perdas em sua carteira.
Framing (enquadramento)
As escolhas podem ser apresentadas de uma forma que destaque os aspectos positivos ou negativos da mesma decisão, levando a mudanças em sua relativa atratividade. É comum acontecer quando valorizamos determinada característica ou informação por diferentes ângulos.
Dessa forma dizer que um investimento, por exemplo, tem 5% de chances de valorização, certamente levará mais pessoas a investirem nesse ativo, do que se for dito que o ativo tem 95% de chances de não se valorizar.
Notem aqui que nos dois casos a informação é a mesma, em ambas a opções, o ativo tem 5% de chance de valorizar e 95% de chance de não valorizar. A única coisa que muda é a forma como a informação é passada/enxergada pelo investidor.
Excesso de Confiança
O efeito de excesso de confiança é observado quando a confiança subjetiva das pessoas em sua própria habilidade é maior do que seu desempenho objetivo (real). Pode acontecer quando investidores julgam entender determinadas informações muito além do que a própria informação tem limite de explicar. Em resumo, pessoas tendem a superestimar sua capacidade de avaliar eventos.
Heurística da Confirmação
A tendência que temos de buscar apenas informações que comprovam nosso ponto de vista prévio e já estabelecido. Pergunte a um investidor posicionado no ativo A porque ele acha um bom investimento e ele lhe dirá apenas informações que comprovem que o ativo A é um bom investimento.
Viés do Custo Afundado (Sunk Cost)
Quando insistimos em determinado comportamento ou decisão por já haver comprometido algo, sejam recursos, tempo ou atenção. Em situações onde prejuízos são suportáveis, podemos evitar realizar pequenos prejuízos, por julgar que o custo empregado de tempo, atenção e dinheiro, tenha sido alto demais para desistir de forma precoce do ativo.
Como visto acima, não são poucos os vieses e heurísticas que desafiam constantemente nosso comportamento e processo decisório. Conhecer e entender que eles podem estar presentes influenciando nossas decisões de investimento, alocação de recursos e comportamento de consumo pode ajudar e muito a minimizá-los.
Igualmente importante ao conhecimento e informação sobre todas estas falhas em nossos processos decisórios, é o esforço cognitivo necessário para vencê-los. Tenha certeza de que o momento em que suas decisões de investimento são tomadas, pode ser mais importante do que qualquer outro fator.
Afinal de contas, esforço cognitivo demanda energia e consome nossa capacidade limitada de processamento cerebral.
Então da próxima vez que for tomar alguma decisão avalie antes de mais nada se você está ou não apto cognitivamente a tomá-la. Depois faça o “check list” nos vieses que podem estar presentes no momento e então decida!
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Importante: As opiniões contidas nesse artigo são do autor do texto e não necessariamente refletem a opinião do Mais Retorno.