Disparada da inflação faz mercado rever para cima projeções para a Selic; confira as estimativas
Juros dispararam nesta quinta-feira com a divulgação do IPCA de agosto, em alta de 0,87%
Os juros futuros dispararam nesta quinta-feira, 9, com a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto, em alta de 0,87%, acima das expectativas dos analistas, o que elevou a taxa acumulada de inflação em 12 meses para perto dos dois dígitos, precisamente 9,68%.
Nas mesas que negociam contratos futuros de juros, o Depósito Interbancário (DI), taxa que anda de mãos dadas com a Selic, para janeiro de 2022 (o contrato mais curto à venda) subia quase 30 pontos-base (de 6,98% ontem para 7,25%, às 12h48).
Com isso, as apostas dos investidores institucionais caminham para uma elevação de 1,5 ponto porcentual da Selic no dia 22 de setembro, quando o Comitê de Política Monetária do Banco Central divulga nova decisão.
"Pressões inflacionárias elevadas e se disseminando rapidamente, pressões intensas de repasse de custos, novos estímulos fiscais e o elevado risco político e fiscal devem levar o BC a antecipar o caminho rumo a uma taxa de juros neutra", avalia o economista do banco Goldman Sachs Alberto Ramos, em relatório.
O Barclays também elevou a projeção de aumento da taxa Selic em setembro, de 1 ponto porcentual para 1,25 ponto, também na esteira da leitura mais pressionada do IPCA de agosto. O banco elevou a sua previsão de Selic terminal, a ser atingida em fevereiro de 2022, de 7,50% para 8,50%.
"Riscos para cima para a inflação poderiam ser exacerbados pela performance do real, dependendo da evolução de riscos políticos e fiscais nas próximas semanas", informa o economista para Brasil do Barclays, Roberto Secemski, em relatório.
A ASA Investments elevou a projeção para a taxa Selic no fim do ciclo de 8% para 9%, com mais três altas de 1 ponto porcentual e um aumento final de 0,75 ponto, no início de 2022.
Em nova assinada pelo economista-chefe da Asa, Gustavo Ribeiro, porém, não está descartado um ajuste maior já na próxima reunião, de 1,25 ponto. Isso, no entanto, dependeria de uma piora ainda mais acentuada das projeções de inflação para 2022.
Já a Quantitas elevou a projeção da Selic, no fim do ciclo, de 8% para 10%.