Renda Fixa

Crédito Privado ou Emissão Bancária? Qual a diferença?

No Brasil, apesar de isso estar mudando, ainda estamos bastante ligados ao banco que temos conta corrente. O nosso banco do dia-dia. E até por isso,…

Data de publicação:09/08/2018 às 04:00 - Atualizado 4 anos atrás
Compartilhe:

No Brasil, apesar de isso estar mudando, ainda estamos bastante ligados ao banco que temos conta corrente. O nosso banco do dia-dia.

E até por isso, muitas vezes conhecemos o que ele vai nos oferecer na parte de produtos financeiros, em especial ligados a investimentos.

Dessa forma, é natural que o banco irá te oferecer os produtos ligados a eles. Em particular, quando se trata de investimentos em renda fixa, ele tende a te mostrar os CDBs que eles emitem.

É claro, como falei, são eles que emitem, por que mostrar outro diferente?

Como o CDB é emitido por bancos, esse é um tipo de investimento de renda fixa que chamamos de “emissão bancária”. Mas essa é apenas uma categoria de produtos de renda fixa.

Hoje, além de nos aprofundarmos no CDB básico, vou explicar melhor sobre outra categoria de renda fixa: o crédito privado.

Por isso, continue lendo para saber mais sobre:

  1. O que é um título de renda fixa
  2. O que é um título de emissão bancária
  3. Vantagens e desvantagens dos títulos de emissão bancária
  4. O que é crédito privado
  5. Vantagens e desvantagens do crédito privado
  6. Como investir

O que é título de renda fixa

Os títulos de renda fixa são os mais famosos por termos a impressão de que o risco é menor.

Isso é verdade, mas esses títulos ainda assim têm seu risco: o de crédito.

São títulos dos quais o emissor os utiliza para captar dinheiro de investidores e viabilizar seus projetos (fluxo de caixa, investimentos, pagamento de folha, etc.).

Ora, como sabemos que o dinheiro tem valor no tempo, a empresa que capta os recursos (o banco, por exemplo) tem de remunerar quem a está financiando (os investidores), e por isso paga os juros.

Os juros podem ser prefixados (você já sabe qual será a taxa de juros por todo o contrato) ou pós-fixados, quando os juros variam conforme algum indicador de referência (a taxa Selic, por exemplo).

Como você já saberá o dinheiro que vai receber (seja pré ou pós-fixado), o ganho estará lá de qualquer forma ao final do contrato. O único problema é se o emissor não pagar.

Por isso o risco nesses casos é principalmente o de crédito.

O que é um título de emissão bancária

Como explicitei no tópico anterior, os bancos também têm projetos a viabilizar, seja investimento (caixas eletrônicos mais seguros, por exemplo) ou manutenção de sua estrutura.

Além disso, a atividade fim de um banco é emprestar dinheiro. Mas não basta emprestar por emprestar, como qualquer outra empresa o objetivo deles é o lucro.

O lucro dos bancos, a grosso modo, resulta do spread bancário, ou seja, a diferença entre o preço de captação de recursos (juros que ele paga pro investidor) e o preço a que se emprestam os recursos (juros que ele cobra de quem pega empréstimo).

Essa captação é feita, justamente, pelos títulos de emissão bancária. Os mais famosos são o certificado de depósito bancário, o famoso CDB, a LCI e a LCA.

Os CDBs, quando pós-fixados, costumam ter sua rentabilidade atrelada ao CDI – que acompanha de perto a Selic. É medido como percentual desse indicador, como 90%, 100%, 110% do CDI.

É claro, quanto maior o percentual, melhor será o retorno (lembre-se, porém, sempre da relação risco x retorno). Um CDB que paga menos que 100% do CDI, por exemplo, é um título pior que a média do mercado.

As LCIs e LCAs também são títulos de emissão bancária como o CDB, a diferença se dá em termos de para onde esses recursos irão.

O destino da LCI são financiamentos imobiliários, especificamente, enquanto os recursos das LCA são direcionados à viabilização do agronegócio.

Vantagens e Desvantagens dos títulos de emissão bancária

As vantagens e desvantagens dos títulos de emissão bancária têm de ser divididas conforme cada título: CDB e LCI/LCA.

Os CDBs têm a o grande benefício de, até por serem muito negociados, serem bastante líquidos e terem prazos de resgate bem pequenos.

Existem até opções sem prazos de carência (o juro é menor, é claro, mas existem), permitindo que você possa resgatar seu dinheiro quando bem entender.

Já as LCI/LCA têm a grande vantagem de serem títulos isentos de imposto de renda sobre os ganhos. Lembre-se que o IR é um dos maiores gastos de qualquer investimento.

Por outro lado, para compensar o benefício de isenção de IR, as LCI/LCA têm prazos de vencimento maior. A própria regulação exige que prazo mínimo delas seja 90 dias.

Além disso, o principal diferencial da renda fixa de emissão bancária é que esses títulos são cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que garante o retorno de até R$ 250 mil investidos, em caso de inadimplência do banco emissor.

O que é um título de crédito privado

Os títulos de crédito privado mais conhecidos são as debêntures, notas promissórias e os certificados de recebíveis como os CRI e CRA.

Também são um investimento de renda fixa e, portanto, possuem aquela característica de ser uma fonte de captação de recursos para empresas financiarem seus investimentos.

Porém aqui, diferente do crédito bancário, são empresas não financeiras que emitem esses títulos. Empresas do setor real da economia mesmo como indústrias, supermercados, construtoras, varejistas, etc.

A rentabilidade aqui, também pode ser pré ou pós-fixada, mas os vencimentos costumam ser mais longos que a emissão bancária, com o prazo de alguns títulos passando de 10 anos.

Você pode até resgatar seu dinheiro antecipadamente se quiser vender seu título para outro investidor. No entanto, nesse caso terá que vender pelo preço que o mercado estiver pagando por ele, o que pode ser até menos do que você investiu inicialmente (de forma que você teria prejuízo nessa situação).

Vantagens e Desvantagens do crédito privado

Os títulos de crédito privado, têm a primeira vantagem de contarem com uma grande variedade de setores para se investir e, portanto, diferentes opções de rentabilidade e prazo podem ser adquiridas.

Com isso, é possível buscar títulos com rentabilidades maiores do que as de um CDB, por exemplo.

Além disso, esses títulos podem ter algumas características específicas como as debêntures conversíveis, por exemplo. Nelas, você tem a opção de converter seu investimento em ações da empresa no final, passando a ser um sócio da empresa que financiou.

Alguns títulos de crédito privado possuem ainda vantagens tributárias, como as debêntures incentivadas, os CRIs e os CRAs.

Esses papéis possuem a grande vantagem de terem alíquota de imposto de renda zerada para pessoas físicas.

No caso das debêntures, apenas empresas do setor de infraestrutura podem emitir debêntures incentivadas. O governo concede esse benefício ao setor, por ainda termos carência de infraestrutura no país.

Uma das principais diferenças desse tipo de investimento é que eles não são cobertos pelo FGC.

Por isso, em termos de desvantagens os títulos de crédito privado tendem a ter o risco mais elevado que os de crédito bancário.

Como existe a velha relação inversa de risco e retorno, os investidores exigem rentabilidades maiores para investimentos mais arriscados. Logo, a rentabilidade dos títulos de renda fixa de crédito privado tendem a ser maiores do que os de emissão bancária.

Outra desvantagem é que muitos desses títulos exigem investimentos mínimos maiores, como algo em torno de R$ 10 mil.

Como Investir

Os títulos de emissão bancária são fáceis de se investir.

Basta consultar seu gerente, ele lhe trará as opções. Leve sempre em conta, na hora da escolha, rentabilidade, prazo de carência e se o título é pré ou pós-fixado.

Para os maiores bancos do país, os riscos são bastante pequenos. Ninguém imagina que bancos sólidos como os maiores daqui, que lucram em torno de R$ 5 bilhões por trimestre irão quebrar.

Para títulos de crédito privado, o ideal é você abrir conta em uma corretora. Lá, você terá uma gama de produtos de crédito privado.

Serão diferentes rentabilidades, prazo, indexadores e riscos (aqui importa mais).

Via de regra, quanto menor for a empresa emissora dos títulos, maior será o juro que será pago.

Leve em conta esses fatores quando for decidir qual título adquirir.

Além disso, sempre tenha em mente seus objetivos e restrições, bem como seu perfil de risco.

Descubra agora seu perfil de risco de investidor! É grátis e não leva nem 2 minutos!

Conclusão

Existem diversos títulos de renda fixa além dos títulos públicos, que o tesouro oferta.

Bancos são grandes emissores, mas se você ficar apenas naquele que tem conta corrente, ficará com opções restritas.

Títulos de crédito privado são uma boa fonte de diversificação onde se pode financiar projetos de empresas do setor real, buscar rentabilidades e riscos diferentes mesmo em negociações de renda-fixa.

Se ficou alguma dúvida ou quer complementar mais o assunto, comente abaixo!

Compartilhe esse conteúdo com mais investidores que você deseja ajudar a conquistar Mais Retorno sabendo a diferença de títulos de emissão bancária e títulos de emissão privada.

Sobre o autor
Vinicius AlvesEconomista, atuou no departamento econômico de empresas de sell side no mercado financeiro. Já foi Top-5 de projeção de inflação de curto prazo do BC.