Economia

Copom mantém Selic a 13,75% pela quinta vez consecutiva; juro real é de 7,7%

Preocupações com risco fiscal e inflação levaram os diretores do Banco Central a manter juro básico da economia em nível elevado

Data de publicação:22/03/2023 às 09:33 - Atualizado um ano atrás
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Pela quinta vez consecutiva, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a Selic em 13,75% ao ano. Desde agosto de 2022, o juro básico da economia vem sendo mantido nesse nível para o enfrentamento da inflação e dos riscos fiscais. Com isso, o País continua com o juro real mais elevado do planeta, em torno de 7,72%, frente ao IPCA de 5,60%, acumulado em 12 meses. 

Entre as incertezas sobre a configuração do arcabouço fiscal e os ataques do presidente Lula ao nível elevado dos juros, a autoridade monetária fez o que lhe cabe como principal atribuição, defender o poder da moeda diante de riscos inflacionários.

Para os especialistas, não houve nenhuma alteração importante de melhoria para o cenário considerado pelos diretores do Comitê para a decisão de Selic a 13,75% na última reunião, em fevereiro. Ao contrário, os temores de que as novas regras fiscais para o controle das contas públicas não seja sustentáveis aumentaram desde então, com o atraso na sua divulgação e informações de que o governo quer  licença para gastar mais com educação em saúde, mas sem contrapartida de receitas.

Trajetória da Selic

Em 2019, no início do governo Bolsonaro, a taxa de juros estava em trajetória de queda, em 6,5% ao ano. Em plena pandemia, em agosto de 2020, a taxa caiu para a sua mínima histórica, de 2% ao ano, e aí ficou até março de 2021. Naquele mês, em 12 reuniões consecutivas, o Banco Central, passou a elevar a Selic até os atuais 13,75%, no ciclo de alta mais prolongado desde 1999.

A calibragem dos juros é feita pela autoridade monetária para levar a inflação dentro das metas traçadas pelo próprio BC. Para este ano, dificilmente a alta dos preços ficará em 3,5%, que é o centro da meta, tampouco entre o piso e o teto dela, de 2% a 5%, respectivamente. As atuais projeções apontam para 5,95%, no Boletim Focus.

Para 2024, as estimativas começam a escapar dos limites fixados pelo Conselho Monetário Nacional: enquanto a meta de inflação é de 3%, podendo oscilar de 1,5% a 4,5%, o mercado trabalha com a projeção de 4,11%.

Sobre o autor
Regina PitosciaEditora do Portal Mais Retorno.