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Composição de carteira: o que analisar para tomar as melhores decisões?

Data de publicação:02/05/2024 às 10:00 - Atualizado 5 meses atrás
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A montagem da carteira de investimentos é uma tarefa divertida, mas complexa ao mesmo tempo. Pela enorme variedade de ativos do mercado financeiro, é fácil se perder ao focar em potenciais ganhos e se esquecer da estratégia original, algo de extrema importância para alcançar os seus objetivos de longo prazo.

O grande problema é que não existe uma receita de bolo ou uma fórmula mágica da qual basta seguir para tudo dar certo. Existem inúmeras estratégias que podem funcionar, a depender dos seus objetivos financeiros e do seu perfil como investidor.

Desta forma, como acertar na composição da sua carteira de investimentos? Qual é a melhor maneira de gerenciar o seu capital sem errar na tomada de decisão? É justamente sobre isso que vamos conversar no artigo de hoje.

4 fatores de análise na composição de uma carteira de investimentos

A melhor forma de acertar na montagem do seu portfólio de investimentos é ter uma visão ampla e global de onde pretende chegar com a sua alocação. De nada adianta ter uma carteira de ativos com grande potencial de valorização de longo prazo se você sabe que precisará usar o dinheiro dentro de um ano, concorda?

Ainda assim, existem 4 fatores de análise que não podem ser ignorados na tomada de decisão. Vamos passar por eles para garantir que você sempre pense nos detalhes ao escolher os ativos que farão parte da sua carteira.

1. Perfil de investidor e objetivos financeiros

O primeiro e mais importante aspecto a se analisar é o seu perfil de investidor. E, juntamente com ele, também quais são os seus objetivos com a carteira que está montando.

O que isso quer dizer na prática? Que a seleção dos produtos que farão parte do seu portfólio precisam dialogar com aquilo que você busca no mercado financeiro.

Eu sei que pode ser tentador investir em Bitcoin a cada notícia que surge com uma grande alta e notícias informando quanto ele se valorizou ao longo dos últimos 10 anos. No entanto, será que o risco que ele oferece é algo que o seu perfil de investidor é capaz de lidar nos momentos de baixa?

É extremamente importante que a composição da sua carteira esteja dentro do que o seu perfil aceita para poder dormir tranquilo. O “teste do travesseiro” (uma brincadeira comum para dizer que você deve dormir tranquilo e sem ficar pensando no seu dinheiro) é uma boa forma de avaliar essa composição.

Além disso, não deixe de considerar também os objetivos financeiros. Uma carteira de uma pessoa jovem, que visa crescer o patrimônio, pode ter maior adesão ao risco do que alguém que já tem uma estrutura familiar sólida e precisa garantir que o dinheiro esteja disponível. E o seu portfólio precisa corresponder a estes objetivos.

2. Correlação dos ativos

Um segundo fator de análise importante dentro de uma carteira de investimentos está na correlação dos ativos. No mercado financeiro, esse é o termo utilizado para analisar o comportamento de cada categoria em relação às demais.

Quanto maior a correlação entre dois ativos, isso significa que eles tendem a “caminhar juntos” ao longo do tempo. Isto é, quando um se valoriza, o outro tende a subir também. Já a correlação negativa indica que os comportamentos são opostos. Quando um se valoriza, o outro tende a desvalorizar.

E por que isso é importante na tomada de decisão de uma carteira de investimentos? Porque quando pensamos na montagem de um portfólio, um dos objetivos é a redução do risco contemplando diferentes classes de ativos.

Nós sabemos, por exemplo, que a bolsa de valores traz um risco inerente à categoria da renda variável, de modo que investir 100% do nosso patrimônio em ações traz uma enorme volatilidade ao nosso capital. Contudo, se dividirmos a alocação com a renda fixa, a oscilação do nosso dinheiro tende a reduzir.

Isso acontece justamente porque estamos trabalhando com ativos que possuem uma correlação negativa. Ou seja, a bolsa de valores tende a performar mal quando os juros são elevados, cenário que torna justamente a renda fixa mais atrativa — e vice-versa.

Outra dica bem legal é pensar na correlação quando você buscar a diversificação da sua carteira. Comprar ações de Banco do Brasil e Itaú, por exemplo, não reduz o seu risco ao setor bancário. Na tomada de decisão, tente buscar por ativos que se comportem de maneiras diferentes de acordo com o ambiente econômico.

3. Base teórica do investimento

O processo de investimento não precisa ser divertido e emocionante: ele precisa ser correto. E um aspecto que é, com alguma frequência, negligenciado é a base teórica da escolha por um produto do mercado financeiro.

Antes de comprar um título de renda fixa, uma cota de um fundo de investimentos ou um pacote de ações da sua empresa favorita, sempre responda à seguinte pergunta: “por que eu acho que esse investimento é positivo para a minha carteira?”.

Essa prática vai te ajudar a evitar investimentos por impulso ou até mesmo os “ativos da moda” — aqueles produtos que mais subiram no mercado financeiro e que todos estão falando no noticiário, mas que você não faz ideia se realmente vale a pena e acaba comprando apenas para não ficar de fora.

Além disso, ter consciência sobre a base teórica de um investimento também te ajuda a ter calma na hora que as coisas não vão bem. Se você compra uma ação apenas porque viu uma recomendação no YouTube e ela começa a cair, como saber se ainda vale a pena mantê-la na carteira? Esse não é um problema se você entende por que comprou aquele papel.

Percebe como, desta forma, a tomada de decisão fica muito mais simples e lógica?

4. Cenário macroeconômico

Por fim, além de tudo que já conversamos até aqui, também vai te ajudar a tomar melhores decisões fazer a avaliação frequente do cenário macroeconômico.

Veja, não estamos aqui defendendo que você tente prever o futuro, mas é possível captar sinais de quando as taxas de juros tendem a subir ou não, quando a inflação está apertando e se tornando um problema, se o país está em um bom momento ou os índices de desemprego crescem, entre outros indicadores.

Ao acompanhar o noticiário econômico, você consegue entender o que está por vir no cenário nacional ou global e, desta forma, fazer ajustes pontuais na sua carteira ou até mesmo tomar uma decisão melhor.

Para dar um exemplo, imagine que as notícias apontam para uma possível queda nas taxas de juros ao longo dos próximos meses. Neste caso, pode ser que valha a pena comprar títulos com taxas prefixadas, garantindo assim uma remuneração mais atrativa (isso não é uma recomendação, apenas um exemplo genérico).

Apenas cuidado para não superestimar os noticiários e acabar por tomar decisões com base em especulação. Ao seguir as demais dicas deste artigo, especialmente sobre os objetivos financeiros, você será capaz de usar a análise macroeconômica a seu favor e com cautela.

Sobre o autor
Stéfano BozzaFormado em Administração pela PUC-SP. Trabalhou em empresas do segmento financeiro (Itaú BBA) e varejo (BRMALLS) até 2016, quando iniciou a jornada de produção de conteúdo para a internet com foco em finanças.