Como anda o índice do medo (VIX)?
Talvez você ainda não tenha escutado falar sobre o índice do medo, mas ele é bastante acompanhado no mercado financeiro, principalmente pelos investidores internacionais. O chamado…
Talvez você ainda não tenha escutado falar sobre o índice do medo, mas ele é bastante acompanhado no mercado financeiro, principalmente pelos investidores internacionais.
O chamado VIX - Volatility Index – foi criado pela CBOE e reflete informações da volatilidade de mercado derivadas das expectativas contidas na S&P 500, o famoso índice americano.
Legal, mas qual a relevância desse índice?
O Índice do Medo
Bem, por ser de atualização em tempo real, ele é considerado uma das ferramentas mais potentes para a mensuração do risco e dos sentimentos dos investidores naquele momento, o que é bastante importante em casos extremos de estresse. É dai que vem a ideia de “índice do medo”, por capturar essa sensibilidade dos investidores que está ali, impressa nos preços de alguns ativos.
É pouco provável que esse índice esteja indicando uma alta volatilidade, ou seja, um temor externo bem grande, e o Ibovespa esteja subindo. Alguns fortes ventos externos conseguem facilmente mudar a direção do nosso índice doméstico, mesmo num dia com notícias positivas.
Não vamos explicar aqui sua metodologia, pois iria cobrar um pouco mais de conhecimento de estatística dos leitores, que não é nosso objetivo. De qualquer forma, se alguém estiver faminto pelo conhecimento, a metodologia está descrita aqui.
Vamos dar uma olhada na cara desse índice ao longo dos anos. Tomei a liberdade de marcar alguns eventos específicos em cada pico de alta, mas é claro que não foram os únicos eventos relevantes nesse período. É indiscutível o nível do medo que o mundo sentiu e refletiu no VIX durante os ocorridos da última crise financeiro de 2008/2009.
Essa é a digital mais forte deixada no índice nos últimos anos, que tem lá sua volatilidade diária e que alguns investidores mais tomadores de risco aproveitam, mas é nos picos em que o índice se faz mais informativo.
O índice passou recentemente por um período relativamente turbulento, com destaque maior nos dias atuais pela guerra comercial entre EUA e China, deixando o mundo inteiro de cabelos em pé.
Após diversas trocas de sanções e proposta de aumento de impostos de importações, em 2019 parece que os dois países começaram a se entender um pouco mais após perceber os possíveis impactos negativos dessa guerra tanto para os próprios países quanto para o mundo como um todo. Essa história é contada diariamente pelo VIX, é só pegar as noticias de jornal sobre o assunto e acompanhar o movimento do índice naquele dia.
Acompanhar a variação diária, bem como o nível do índice nos últimos dias é uma das melhores ferramentas para acompanhar o ânimo e o temor do mercado externo.
Ah, eu não falei até agora, mas é bom ressaltar que o VIX pode ser comercializado como um ativo como qualquer outro no mercado. Os ativos estão disponíveis desde 2004 e permitem uma exposição, digamos, pura à volatilidade.
Como ressalta a própria CBOE: “Grandes investidores institucionais e gestores usam os títulos vinculados a VIX para diversificação de carteira, pois os dados históricos demonstram uma forte correlação negativa da volatilidade com os retornos do mercado de ações - ou seja, quando o retorno das ações diminui, a volatilidade aumenta e vice-versa”.
É importante ressaltar que assim como todos os índices, não se pode comprar o VIX diretamente. Em vez disso, os investidores podem assumir posições no VIX através de contratos futuros/opções, ou através de produtos negociados em bolsa baseados no VIX.
De certa forma, com a metodologia em mãos é possível construir um VIX para quase todos os ativos, mostrando que um mesmo papel pode ter o mesmo preço que hoje, mas ter mostrando muito mais volatilidade para chegar até la, o que sinaliza um risco maior, por exemplo.
E o Brasil?
Bem, além de acompanhar esse índice do medo da S&P-500, que reflete muito as expectativas internacionais pela importância relativa desse ativo no mundo inteiro, é possível também acompanhar um índice do medo aqui do Brasil.
Sim, utilizando a mesma metodologia do VIX, foi desenvolvido o VXEWZ (Brazil ETF Volatility Index), que utiliza as informações de uma ETF, a chamada EWZ.
Mas calma, você não sabe o que é uma ETF? Pare uns minutinhos e leia em: “O que é ETF: como investir na Bolsa de Valores (de modo fácil e barato)”.
Em relação ao EWZ, vamos deixar esse assunto para uma outra xícara de café, o conceito de ETF por ora é mais importante.
Assim como fizemos com o VIX, marcamos aqui alguns eventos importantes do país e ressaltando seu impacto no que seria o VIX brasileiro (conhecido como VXEWZ). Claro, há uma porção de outros fatores que impactaram nesses movimentos, inclusive os externos e que refletem aqui.
Após um período eleitoral bastante turbulento no fim de 2018, com incertezas enormes sobre os vencedores se mudanças de cenários a todo momento, o mercado deu uma acalmada e reduziu a volatilidade, após a concretização dos fatos que todos nós sabemos.
Dessa forma o ano de 2019 inicia-se com águas mais calmas, mas que também promete por conta dos cenários internacionais e as aprovações de reformas domésticas, que podem ou não ter reviravoltas.
Para finalizar, vamos comparar o desenvolvimento recente do VIX com o nosso “VIX Brasil”.
Tomei a liberdade de trocar a base numérica do índice, o que forçou que ambos começassem em 100 pontos em 2011. Isso é uma tecnicidade, não importa muito o número do índice e sim o seu patamar e desenvolvimento ao longo dos dias, mas essa mudança facilita muito o acompanhamento na forma gráfica.
Até meados de 2014 os dois índices andavam bastante juntos, até que a hecatombe política econômica brasileira aconteceu e mudou o patamar dos nossos índices, além de aumentar sua volatilidade.
Claro, tudo isso foi somado aos acontecimentos externos o que só potencializou os acontecimentos domésticos e que tem se refletido nas bolsas e nos ativos aqui e lá.
Conclusão
Tivemos a oportunidade de apresentar aqui mais uma ferramenta e termômetro para acompanhar no mercado, com foco na evolução da volatilidade e do risco, compilando no chamado “índice do medo”.
Bem, enquanto uns olham com temeridade, outros conseguem enxergar oportunidades nesse vai e vem do mercado.
Assim como falamos em outros textos, o importante é acumular o máximo de conhecimento do mercado e construir uma boa caixa de ferramentas para conseguir atuar com melhor desempenho.
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