Mercado Financeiro

Bolsa sobe 2,22% em semana de alta dos juros pelo mundo; dólar fica no zero a zero

Mercados nacionais reagiram bem à manutenção da Selic e perspectiva de fim do ciclo de alta dos juros

Data de publicação:23/09/2022 às 06:26 - Atualizado um ano atrás
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Do início ao fim do pregão, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, transitou no vermelho nesta sexta-feira, 23, derrubada principalmente pelas ações de Petrobras e Vale. No fechamento, o Ibovespa registrou queda de 2,06 %, aos 111.716. Mesmo com essa queda expressiva, na semana a Bolsa sustentou uma alta de 2,23%.

Já o dólar deu esticão de 2,25% subindo a R$ 5,25. Na semana, no entanto, a moeda ficou no zero a zero, fechando no mesmo nível da sexta-feira anterior.

Bolsa tem comportamento bem positivos em relação aos mercados internacionais - Foto: Marco Ankosqui/Agência O Globo

Bons resultados da Bolsa na semana

Os resultados da Bolsa na semana não deixam de surpreender e são positivos se comparados aos mercados internacionais. E a boa performance não ficou restrita ao segmento de ações, mas se estendeu pelo câmbio e também juros, ressalta Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital.

Ele ressalta que enquanto o Ibovespa valorizou 2,22%, a bolsa americana registrou com queda de 5,60% na semana; aqui os juros fecharam a curva tanto de curto como de longo prazo diante dos juros dos Treasuries de 10 anos, que seguiram escalando.

Silva relaciona os resultados especialmente ao fato de que o País ter feito a sua lição de casa em relação aos juros antes dos demais países. O fato de o Copom ter mantido a Selic depois de 12 ajustes consecutivos, indicando o fim do ciclo de alta dos juros refletiu positivamente em todos os mercados domésticos, segundo ele.

O gestor destaca o bom desempenho dos bancos que fecharam a semana com valorização exercem forte peso na composição do Ibovespa: Itaú registra alta de 6,07% e Bradesco, de 5,56% na semana. Já Santander foi mal e caiu 7,89%.

No podium, junto com os bancos, aparecem os papeis de varejo do mercado interno. Setor que foi bastante prejudicado com a o movimento contínuo de alta da Selic e agora está se recuperando. Ações da Via subiram 7,03% na semana; da Renner, 8,30%; Americanas, 6,18% e Magalu, 4,51%.

Na ponta negativa ficaram os papeis das exportadoras, com fortes quedas na semana. Entre eles, Marfrig caiu 8,54%; BR Foods, 7,88%; JBS, 5,33; e Minerva, 5,22%. "São empresas que sofrem coma queda do dólar e com a perspectiva de queda no crescimento econômico em nível mundial", explica Silva.

Como foi a sexta-feira

Os papeis de commodities sofreram diante da possibilidade de recessão global com a alta dos juros nos quatro cantos do mundo, mas especialmente nos EUA, onde o Federal Reserve sinalizou a continuidade de elevação dos juros neste e no próximo ano. Petrobras caiu 6,26%, e Vale, 2,07%.

"As Bolsas internacionais continuam repercutindo de forma negativa a alta de juros nos EUA pelo Fed e o tom duro de Powell em seu discurso na última quarta", afirma Fabio Louzada, economista e analista CNPI da "Eu me banco".

Ele explica que "o ambiente de incerteza e de aversão a risco faz com que os investidores procurem migrar seus investimentos para países mais desenvolvidos, além de dolarizar a carteira". Além disso, o Ibovespa foi fortemente pressionado pela queda das commodities, principalmente petróleo, que recua com os temores de recessão e desaceleração da economia global, complementa o economista.

Em relação aos juros, Louzada ressalta que "as treasuries nos EUA renovaram as máximas, e os juros futuros subiram no Brasil, acompanhando o cenário internacional.

Sobre o autor
Regina PitosciaEditora do Portal Mais Retorno.