Bolsa encerra junho em queda de 11,50% e dólar em alta de 10,57%, com Vale, Petrobras e exterior
Investidores seguiram temerosos sobre a possibilidade de ocorrer uma recessão global
A Bolsa encerrou o mês de junho em queda de 11,50%. No dia, o Ibovespa fechou o pregão com baixa de 1,08%, aos 98.544 pontos. Já o dólar concluiu o mês em alta de 10,57% e o dia com avanço de 0,81%, cotado a R$ 5,235.
Contribuiu para a baixa do principal índice da B3 a queda das ações da Petrobras e Vale, com a baixa do preço das commodities no mercado internacional. As ações ON da petroleira concluíram o dia em baixa de 1,04% e os papeis da mineradora em queda de 2,75%.
O dia seguiu com os investidores nutrindo um sentimento de apreensão sobre a possibilidade de que o mundo possa entrar em uma fase de recessão global mais forte. Além do avanço da inflação, corroboram para esse temor o quadro de aperto monetário adotado por vários bancos centrais globais, incluindo o Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
Tanto em Wall Street quanto na Europa, o quadro negativo prevaleceu. Nos Estados Unidos, o mercado continuou repercutindo os dados do PIB do primeiro trimestre, que encolheu a um ritmo anualizado de 1,6%.
No âmbito dos números econômicos, o mercado também repercutiu o número de pedido de auxílio-desemprego nos EUA, que teve leve queda de 2 mil solicitações na semana encerrada em 25 de junho, somando 231 mil. O resultado ficou um pouco acima da expectativa dos analistas, que previam 230 mil pedidos.
Na agenda de indicadores europeus do dia, a taxa de desemprego da zona do euro recuou de 6,7% em abril a 6,6% em maio, ante previsão de 6,8% dos analistas. No Reino Unido, revisão final mostrou que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,8% no primeiro trimestre ante o anterior. Já na Alemanha, as vendas no varejo cresceram 0,6% em maio ante abril.
O Credit Suisse diz esperar que os EUA e a Europa evitem recessão nos próximos seis a nove meses, mas avalia que o crescimento baixo torna a economia global mais vulnerável a novos choques.
Para o banco, outro grande aumento nos preços de energia é um risco importante. O Credit vê ainda a Europa como em maior risco e diz que um corte de mais 30% nas entregas de gás na Alemanha, com consequente racionamento, levaria a zona do euro à recessão.
O banco diz também que o Banco Central Europeu (BCE) deve prover novas medidas de política para gerir estresses no mercado de dívida.
Fechamento/bolsas americanas
- S&P 500: -0,73% (377,56 pontos)
- Dow Jones Industrial Average: -0,82% (30.775 pontos)
- Nasdaq 100: -1,33% (11.503 pontos)
Fechamento/bolsas europeias
- Stoxx 600 (Europa): -1,50% (407,20 pontos)
- DAX (Frankfurt): -1,69% (12.783 pontos)
- CAC 40 (Paris): -1,80% (5.922 pontos)
- FTSE 100 (Londres): -1,96% (7,169 pontos)
O dia na Bolsa
Maiores altas
Empresa | Ticker | Variação |
Fleury | FLRY3 | +15,70% |
Telefônica | VIVT3 | +3,75% |
Hapvida | HAPV3 | +3,61% |
MRV | MRVE3 | +2,90% |
Tim | TIMS3 | +2,16% |
Maiores baixas
Empresa | Ticker | Variação |
Via | VIIA3 | -7,66% |
CSN | CSNA3 | -6,61% |
CSN Mineração | CMIN3 | -6,31% |
JHSF | JHSF3 | -5,66% |
SLC Agrícola | SLCE3 | -5,39% |
Brasil: desemprego e inflação
Internamente, o mercado digeriu dados sobre o desemprego no País e novas sinalizações do Banco Central sobre a inflação. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que a taxa de desocupação no Brasil foi de 9,8% no trimestre encerrado em maio.
O resultado veio abaixo das projeções dos analistas, que esperavam uma taxa de 10,2%. No mesmo período de 2021, a taxa de desocupação era de 14,7%.
Também na agenda brasileira, o Banco Central (BC) apresentou o Relatório Trimestral de Inflação e admitiu oficialmente, pela primeira vez, que a meta de inflação será descumprida pelo segundo ano consecutivo. Para 2022, a meta era de uma inflação de 3,5%.
Auxílio Brasil: novos desdobramentos
Outro assunto que se manteve na pauta de monitoramento dos investidores ao longo do dia foi a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê a ampliação do Auxílio Brasil em R$ 200, de R$ 400 para R$ 600.
A votação da PEC, que está sob relatoria do senador Fernando Bezerra, foi adiada para esta quinta-feira, após uma polêmica sobre o alcance do estado de emergência que será decretado para blindar o presidente Jair Bolsonaro das restrições da Lei Eleitoral, que impede a criação de programas sociais em ano de eleição.
A proposta, vista como necessária para fortalecer o projeto de reeleição de Bolsonaro, já prevê, além de aumentar o valor do programa social, zerar a fila do programa social, estimada em 1,6 milhão de famílias; conceder uma "bolsa-caminhoneiro" de R$ 1 mil por mês; dar subsídio para garantir a gratuidade a passageiros idosos nos transportes públicos urbanos e metropolitanos; dobrar o vale-gás a famílias de baixa renda; e compensar Estados que reduzam as alíquotas de ICMS sobre o etanol para manter a competitividade do biocombustível em relação à gasolina. Todas as medidas valem somente até o final do ano.
Com Agência Estado