Mercado Financeiro

Bolsa cai 2,23% com projeção mais alta da inflação e exterior; dólar sobe e encosta nos R$ 5

Boletim Focus indicou inflação de 7,65% para este ano, longe do teto da meta de 5%

Data de publicação:26/04/2022 às 06:19 - Atualizado 3 anos atrás
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A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, fechou em queda pelo sétimo pregão seguido, de 2,23%, aos 108.212 pontos, sem a menor condições de reagir diante de projeções mais elevadas da inflação por aqui, aceleraçãos juros nos EUA e lockdown na China. Já o dólar deu uma arrancada de 2,36%, flertando com os R$ 5, encerrando o dia a R$ 4,99.

Como explica André Meirelles, diretor de alocação e distribuição da InvestSmart XP, os investidores permanecem cautelosos com aumentos nas projeções da inflação. O Boletim Focus, que foi divulgado pelo Banco Central, mostrou que as expectativas do mercado para inflação aumentaram até 2024.

Bolsa cai com inflação e juros em alta e redução de crescimento econômico mundial - Foto: Envato

Para este ano, as estimativas subiram de 7,46% para 7,65% se distanciando cada vez mais do teto da meta de 5% para inflação deste ano, fixada pelas autoridades monetárias. A piora nas projeções de inflação, explica Meirelles, tende a adicionar prêmios na curva de juros, o que exige ao mesmo ajustes de preços nos ativos de risco.

Se a inflação será mais alta, haverá necessidade de turbinar a alta da Selic na próxima reunião do Copom em maio, lembra Dennis Esteves, especialista em renda variável da Blue3. O custo de capital mais elevado acertam em cheio as ações varejo e empresas ligadas a tecnologia que precisam de financiamento para tocar seus projetos.

Entre as maiores quedas do Ibovespa: Locaweb, - 8,32%; BIDI11, - 6,37%; e Meliuz, - 6,28%.

Mas não foi esse o único motivo que empurrou a Bolsa para abaixo. Meirelles destaca que há pressões inflacionárias vindas também da China, por conta da desestabilização da logística comercial. E o dólar permanece forte, sendo beneficiado pela sinalização de uma política monetária mais agressiva nos Estados Unidos, se tornando mais uma pressão inflacionária por aqui.

"É importante relembrar que a queda do dólar ajudou a minimizar a alta das commodities, com exceção do petróleo. Por isso, caso os preços das commodities permaneçam altos, o aumento do dólar pode trazer novas pressões inflacionárias para o Brasil", afirma Meirelles.

Esteves, da Blue3, ressalta que a queda do minério de ferro na China, pela redução da produção e consumo da commodity, reflexo do fechamento de portos e cidades para implementação de sua política covid zero, respingou nos papéis da Vale. Os papeis da mineradora fecharam com queda de 1,37%.

O diretor da InvestSmart XP ressalta que há outros ingredientes de instabilidade para a Bolsas: "A temporada de balanço das empresas traz volatilidade adicional para o Ibovespa, visto que os investidores reagem a cada novo resultado divulgado e o cenário internacional permanece conturbado".

Meirelles se refere tanto à desaceleração na economia Chinesa, causada pelo isolamento social, como aos desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia e à política monetária mais restritiva nos Estados Unidos.

O analista da Blue3 explica que diante da perspectiva de elevação dos juros nos Estados Unidos, os investidores tendem a liquidar suas posições em segmentos e mercados de risco para se refugiarem nos títulos da dívida americana, os mais seguros do planeta.

As bolsas da Europa caíram assim como as de Nova York, que fecharam com quedas expressivas: Dow Jones recuou 2,38%; S&P 500, 2,81%; e Nasdaq, 3,95%

Sobre o autor
Regina PitosciaEditora do Portal Mais Retorno.