Economia

Bitcoin em 2024: o que é esperado?

Data de publicação:21/02/2024 às 12:00 - Atualizado 9 meses atrás
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O crescimento do mercado de criptoativos no mundo é enorme. Muito disso, claro, deve-se ao Bitcoin. Os resultados exponenciais ao longo das últimas décadas fez com que essa moeda digital se tornasse um dos “queridinhos” no mercado financeiro — em especial por apresentar um potencial de lucro elevado, embora seja sempre importante lembrar dos riscos associados.

No entanto, será que 2024 será um bom ano para o mercado de criptomoedas? Para quem ainda não tem Bitcoin em carteira, é uma boa hora para comprar? E quem tem? Deve seguir comprando ou é melhor vender?

No artigo de hoje, nós vamos analisar alguns pontos importantes que envolvem o particular mercado dos criptoativos para tentar responder a essas e outras perguntas comuns dos investidores neste início de mais um ciclo. Vamos lá!

Como foi o ano de 2023 para o Bitcoin?

O ano de 2023 foi bastante positivo para os investidores de Bitcoin. Quem possui a moeda digital em carteira no começo de janeiro e não vendeu, obteve uma valorização superior a 100% no preço do ativo. Novamente, portanto, o Bitcoin acabou como um dos destaques do mercado financeiro.

Isso pode ser visto no gráfico abaixo, retirado da nossa ferramenta de comparação de ativos, utilizando dois ETFs (BITH11 e QBTC11) que possuem o objetivo de replicar a performance da criptomoeda. Note como, apesar das normais oscilações da renda variável, o ano pode ser considerado até menos de estabilidade.


 

Vale lembrar, entretanto, que os últimos anos não foram fáceis para os adeptos do Bitcoin. Depois da maior alta, em 2021, o ativo passou por uma queda importante superior a 70%. Esse período foi batizado no mercado financeiro de “inverno cripto”.

Quais são as expectativas para o Bitcoin em 2024?

Para os adeptos da criptomoeda, os primeiros dias de 2024 também trouxeram boas notícias. Pela primeira vez desde o primeiro semestre de 2022, o Bitcoin voltou a superar a cotação de 200.000 reais.

A notícia anima os investidores, mas também gera dúvidas se a alta deve persistir. É aqui que podemos começar a nossa análise das tendências para os próximos meses. Para tentar elaborar o cenário mais provável, precisamos passar por alguns pontos importantes para o mercado de criptomoedas.

Produtos regulamentados nos Estados Unidos

Um dos principais fatores otimistas favoráveis ao Bitcoin ao longo dos últimos meses foi a sinalização da SEC (que é equivalente à Comissão de Valores Mobiliários nos Estados Unidos) na direção da regulamentação de produtos relacionados ao mercado de Bitcoin.

Há rumores da liberação de ativos como ETFs no mercado americano com a permissão para negociar o preço à vista, algo que se torna importante pensando no crescimento contínuo das moedas digitais. Isso porque, ainda que seja extremamente conhecido e até mesmo rentável, o investimento em criptoativos ainda gera desconfiança por boa parte da população — e o aval da SEC pode contribuir a reduzir esse receio.

A manutenção das discussões de forma a autorizar e flexibilizar mais produtos voltados ao Bitcoin é um caminho que favorece novos compradores e torna esse mercado cada vez mais popular. Naturalmente, esse é um ponto positivo quando pensamos na valorização da criptomoeda nos próximos meses.

Apenas para exemplificar, há uma expectativa dentro do mercado financeiro de que, em caso de aprovação da SEC para ETFs de Bitcoin, ocorra uma injeção de aproximadamente 100 bilhões de dólares.

Halving previsto para 2024

Uma das particularidades do Bitcoin em relação a outros tipos de investimentos está no processo que é chamado de Halving. Em resumo, trata-se de uma redução pela metade da oferta da criptomoeda para mineradores, um evento programado para evitar a produção eterna que poderia desvalorizar o Bitcoin. É, inclusive, uma das suas vantagens ao proteger o efeito inflacionário.

Geralmente, o Halving acontece a cada quatro anos e o próximo está previsto para abril de 2024. Nas edições anteriores, esse fenômeno gerou altas de três dígitos para quem possuía a criptomoeda em carteira. É verdade que, dado o crescimento do mercado, nada garante que será igual, mas essa é a tendência.

Além disso, alguns analistas especializados em criptomoedas alegam que, nos dias atuais, existem diversos outros fatores que impactam no preço de negociação do Bitcoin. Em outras palavras, o Halving poderia ser mais “modesto” desta vez.

Ainda que seja prudente não se empolgar previamente, o histórico da moeda digital é bastante promissor quando chega o momento do Halving. Já é praticamente certo que o evento ocorra em 2024, então é aguardar e analisar o impacto desse movimento no preço de negociação do Bitcoin.

Cenário econômico mais controlado

É verdade que o Bitcoin tem uma proposta inovadora e, principalmente, descentralizada em relação ao restante da economia tradicional. No entanto, também é inegável que as decisões econômicas do FED afetam os investimentos de renda variável.

Ao longo dos últimos meses, assim como ocorreu no Brasil, vimos um aumento das taxas de juros nos Estados Unidos (estava em 5,25% e 5,50% ao ano até a última revisão deste artigo). O desafio central estava em conter o avanço da inflação — algo que, aparentemente, está próximo de um cenário mais estável.

A tendência do mercado é que, a partir da metade de 2024, o FED confirme essa menor instabilidade da pressão inflacionária e comece o ciclo de redução das taxas de juros praticadas. A expectativa do mercado é de um corte de até 0,75 pontos, algo que levaria os juros para algo entre 4,50% e 4,75% ao ano.

Embora para os padrões brasileiros essa já seja uma taxa de juros considerada baixa, trata-se de um percentual bem elevado para uma economia consolidada. Com isso, o apetite ao risco dos investidores é reduzido. Afinal, por que se arriscar com criptomoedas se eu posso receber valores atrativos com menor risco?

Uma sinalização de corte da taxa de juros nos Estados Unidos seria mais um ponto positivo para o Bitcoin, na medida em que o investidor médio tende a olhar mais para o mercado de renda variável em busca de ganhos mais atrativos.

E as outras criptomoedas?

Embora seja natural que o foco da discussão dos criptoativos fique centralizada no Bitcoin, a mais famosa e líquida das moedas digitais, esse mercado vai muito além e boa parte dos ativos pode se beneficiar dos pontos que abordamos neste artigo.

Entretanto, claro, é preciso cuidado ao buscar outras criptomoedas, em especial caso você não seja um especialista neste mercado. Em meio a inúmeros casos de sucesso com altos potenciais lucros, existem também alguns fiascos e armadilhas que devemos evitar.

Uma moeda alternativa ao Bitcoin que já possui consolidação e também possui boas expectativas para 2024 é a Ethereum. Há uma expectativa do mercado de lançamento de uma nova tecnologia que reduziria o custo de transação, além de torná-la mais rápida.

O ano de 2024, portanto, é bastante promissor ao Bitcoin e seus pares. Contudo, não se esqueça de que se trata de uma expectativa e que nem sempre ela se confirma. O FED pode mudar a rota dos juros e a SEC vetar os ETFs esperados pelo mercado, por exemplo, alterando o panorama.

Sobre o autor
Stéfano BozzaFormado em Administração pela PUC-SP. Trabalhou em empresas do segmento financeiro (Itaú BBA) e varejo (BRMALLS) até 2016, quando iniciou a jornada de produção de conteúdo para a internet com foco em finanças.