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‘Banco das startups’ tem prejuízo bilionário e mercado financeiro derrete nos EUA

As ações do SVB, banco que atende setor de tecnologia, caíram 60% com a emissão de US$ 2,25 bilhões para reforçar sua posição de capital. Agora, o risco de descapitalização assombra o setor bancário

Data de publicação:10/03/2023 às 04:57 - Atualizado 2 anos atrás
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Os investidores venderam ações do SVB Financial Group e de uma série de bancos dos Estados Unidos depois que o Silicon Valley Bank, com foco em empresas de tecnologia, disse que perdeu quase US$ 2 bilhões vendendo ativos após um declínio maior do que o esperado nos depósitos.

Os quatro maiores bancos dos EUA perderam US$ 52 bilhões em valor de mercado na última quinta-feira, 9. O KBW Nasdaq Bank Index registrou seu maior declínio desde que a pandemia abalou os mercados há quase três anos.

As ações do SVB, controlador do Silicon Valley Bank, caíram mais de 60% depois que divulgou o prejuízo e buscou levantar US$ 2,25 bilhões em capital novo com a venda de novas ações.

Bancos grandes e pequenos registraram quedas acentuadas. O PacWest Bancorp caiu 25% e o First Republic Bank perdeu 17%. Charles Schwab caiu 13%, enquanto o US Bancorp perdeu 7%. O maior banco da América, JPMorgan Chase, caiu 5,4%.

A derrocada de quinta-feira é outra consequência da campanha agressiva do Federal Reserve, o banco central americano, para controlar a inflação. O aumento das taxas de juros fez com que o valor dos títulos existentes com pagamentos mais baixos caísse. Os bancos possuem muitos desses títulos, incluindo títulos do Tesouro, e agora estão sentados em gigantescas perdas não realizadas.

Startups no desespero

O banco possui ligação com o mercado de startups. O Silicon Valley Bank fornece serviços bancários tradicionais enquanto financia projetos e empresas que são tidas como muito arriscadas para os credores tradicionais.

Só que neste momento, as startups estão sendo fortemente impactadas pelo aperto monetário que acontece nos EUA. Assim, a instituição tenta diminuir os efeitos dos depósitos em queda por parte das empresas que passam por um momento de escassez para ativos de risco e tecnologia.

A alta dos juros pelo Fed, órgão norte-americano responsável pela política monetária do país, complica a elevação do capital. Além de que pode ter impactado o balanço patrimonial da instituição financeira em questão.

De acordo com a Bloomberg News, o Founders Fund, fundo de capital de risco com sede em San Francisco e cofundado por Peter Thiel, aconselhou as empresas a retirarem suas posições do SVB.

Outros analistas também reduziram suas recomendações para as ações, com o Raymond James rebaixando o banco para o “market perform”, desempenho em linha com o mercado, e a Truist Securities rebaixando para “manutenção”, deixando claro o receio sobre clientes.

“Com o risco crescente de saídas aceleradas de depósitos, acreditamos que há muita incerteza para recomendar as ações aos investidores”, pontuou Brandon King, analista da Truist.

Os fundadores de startups brasileiras não ficaram de fora e sacaram centenas de milhões de dólares do Silicon Valley Bank, com medo de que não fosse possível fazer o resgate.

Cenário daqui em diante

Na tentativa de salvar a situação, Becker tem ligado para os clientes com o objetivo de assegurar que o dinheiro deles não está em risco no banco.

Em 2022, o SBV disse que possuía mais de US$ 90 bilhões em títulos do tesouro americano. Só que com o aperto financeiro, esses títulos devem perder valor no mercado, por exemplo.

Mas, o maior medo dos investidores agora, é que o banco, que é o maior do Vale do Silício, passe por uma crise de capitalização, com entrada mínima de capital em meio à crise das startups.

Se a situação se alinhar no futuro, uma consequência pode ser que algumas empresas não consigam levantar caixa e deixem de arcar com seus compromissos financeiros.

Apesar de todas essas preocupações, profissionais da corretora Wedbush Securities informaram que o SVB recebeu bons recursos com a venda de títulos e com o aumento de capital. "Não acreditamos que o SVB esteja em uma crise de liquidez", argumentou David Chiaverini, analista da Wedbush, através de um relatório.
 

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