Banco Central não bateu o martelo para Selic em 3,5% na próxima reunião do Copom, afirma diretor
O diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, afirmou, nesta quinta-feira, dia 8, que o BC não está comprometido com medidas específicas para as…
O diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, afirmou, nesta quinta-feira, dia 8, que o BC não está comprometido com medidas específicas para as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), que sinalizou nova elevação de 0,75% na taxa Selic para maio. Se a alteração se concretizar, a Selic atingirá 3,5% ao ano na próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 4 e 5 de maio.
Ele mencionou “normalização da política monetária” por parte do BC, que retirou o foward guidance em janeiro. "Não estamos comprometidos com nada, com uma alta de 0,75 p.p. na Selic na próxima reunião. A política monetária agora é livre e pode mudar de acordo com as circunstâncias", disse, em evento promovido pelo BNY Mellon.
De acordo com Kanczuk, o Copom deu “dicas e sinais” de como o colegiado pensava em março. "Vamos aumentar 0,75 pp na próxima reunião, a menos que algo muito diferente aconteça. Coisas mudam. Não sei, talvez a normalização (monetária) não seja parcial, seja completa se as coisas forem pra um lado. Ou seja, diferente se forem para outro".
Para o diretor do BC, a atuação dos legisladores brasileiros tem refletido pedidos da sociedade por mais gastos nas últimas décadas. "Temos muito espaço fiscal no Brasil, mas temos de olhar o que é bom ou mau. Há essa necessidade de gastos e eu, como Banco Central, preciso reagir a isso, porque tenho o mandato de controlar a inflação. Nesse sentido, a questão fiscal é completamente exógena ao BC".
Kanczuk não vê risco de dominância fiscal
Kanczuk descartou a possibilidade de o país caminhar em direção ao quadro de dominância fiscal, no qual o BC perde os mecanismos de controle da inflação, embora reconheça que houve essa preocupação no passado. "Se tivermos um cenário com mais e mais problemas, acredito que leva um tempo até você perceber que está em dominância fiscal. Mas a economia brasileira está funcionando normalmente", garantiu.
Ele reforçou que o papel do Banco Central é combater a inflação e o do Ministério da Economia, promover a agenda fiscal. "Eu não posso antecipar se haverá um problema fiscal. Eu olho para a inflação e não para a dívida. Então uma eventual dominância fiscal não é um problema do BC".
Na visão do diretor, ao fechamento de empresas é a principal sequela econômica que a pandemia pode provocar, por isso o BC promoveu medidas de estímulo ao crédito ao longo de 2020. "As firmas não morreram e agora estão voltando e recuperando os empregos".
Ele garantiu que não haverá tolerância com a inflação por parte do BC, o que, para ele, aumenta as possibilidades de retomada mais forte de alguns setores após a crise. Nosso mandato é o controle de inflação e vamos seguir nessa direção".
"Sempre tivemos liberdade para atuar da maneira que entendemos melhor. Com a aprovação da autonomia do BC, o que ficou mais claro foram os termos dos mandatos dos diretores da instituição ao longo do tempo. Se houver uma mudança política nas eleições, a diretoria do BC não poderá ser trocada de uma só vez", completou.
Kanczuk ressaltou que as análises de cenário do Copom levam em conta as expectativas de inflação e, portanto, podem ser alteradas por revezes no campo fiscal./Agência Estado